Eliana Paco, embaixadora das indígenas bolivianas no mundo da moda
La Paz, 14 Nov 2016 (AFP) - O tradicional e luxuoso traje típico das indígenas aimaras bolivianas voaram alto nas mãos da estilista Eliana Paco, embaixadora da chamada "cholita de La Paz", em sua aterrissagem nas passarelas de Nova York.
São saias de cores fortes e mantilhas de lã de alpaca ou, para as mais ricas, de fibra de vicunha, completo com um pequeno chapéu-coco que desafia a gravidade nas ruas inclinadas de La Paz, em um equilíbrio difícil de imaginar.
Até poucos anos objeto de discriminação, a indumentária aimara se transformou em sinal de "identidade e orgulho", disse em entrevista à AFP em seu ateliê a estilista que deu a estes trajes indígenas um toque de "sofisticação para ultrapassar as fronteiras".
Cada vez é mais frequente ver ministras, juízas ou apresentadoras de televisão bolivianas vestidas com esse sinal inconfundível de sua identidade cultural.
Uma visibilidade e uma autoestima que teve origem nas mãos do primeiro presidente aimara do país, Evo Morales, que criou a tendência de dispensar o terno e a gravata ocidentais para usar elegantes jaquetas de lã de vicunha ou decoradas com delicadas franjas com a simbologia de seu povo.
Para sua estreia internacional, essa artesã da moda mostrou sua coleção "Pachamama" (mãe terra em quéchua) na Semana de Moda de Nova York, em setembro, após ser apresentada na sede do governo de La Paz, um sinal claro do apoio governamental à sua iniciativa.
Essa estilista de 34 anos, filha de artesãos e mãe de três filhos, quer levar a cultura e a identidade de sua cidade para todo o mundo, através da moda.
"Estivemos pela primeira vez na 'Fashion Week'. É a primeira vez que um traje da mulher chola chega às passarelas com 12 modelos internacionais que usaram nossas vestimentas", diz Eliana.
Tanto na vida diária como em grandes celebrações, as indígenas aimaras utilizam esse traje característico, especialmente em La Paz.
Saias de até 10 quilosCada uma das três ou quatro camadas que formam a saia típica, que vai até abaixo do joelho, pode ter cerca de seis metros de tecido e pesar até 10 quilos.
A estilista deu um toque sofisticado para peça, combinada com blusas leves e ajustadas com cintos sob os "aguayos", mantas tecidas à mão com fios de cores naturais em fibra de vicunha, lã de alpaca ou feita em macramê.
Algumas são o resultado de duas semanas de trabalho, feito por três pessoas.
Em eventos sociais ou religiosos, as cholas decoram suas roupas com ricas joias de ouro e prata, metais produtos em escala na Bolívia, além de pedras preciosas.
O traje completo pode custar entre 1.500 e 30.000 bolivianos (entre 200 dólares e 4.300 dólares). As mais ricas decoram seus chapéus com peças de ouro ou prata e usam broches requintados, verdadeiras peças de museu que podem valer milhares de dólares.
Nas mãos de Agatha Ruiz de la PradaForam os espanhóis que impuseram essa indumentária às servas no século XVII. Mas longe da submissão, a roupa é símbolo de emancipação e orgulho de um povo que conseguiu se destacar na última década.
"Para mim significa cultura, identidade, orgulho, trabalho, porque a mulher chola trabalha muito e arduamente. Também é o empoderamento da mulher, que é independente e profissional", diz Eliana Paco, vestida com peças desenhadas por ela mesma e usando as tranças inconfundíveis da chola de La Paz.
Eliana tem na estilista espanhola Agatha Ruiz de la Prada uma defensora.
"Eu gosto da roupa de cholita, me lembra muito Yves Saint Laurent e a melhor época da Armani, que usou os chapéus-coco", diz.
"Até agora não existia uma cholita com sentido de marketing e ela o tem (...) Gostaria de poder levá-la para Madri, Paris", disse a estilista espanhola em Lima, onde apresentou sua própria coleção semanas atrás.
Essa é precisamente a próxima meta de Eliana. "Eu acredito que é possível que a manta ou o chapéu possam ser usados pelas mulheres europeias em sua vida cotidiana", diz.
Principalmente as mantas, que podem ser combinadas tanto com um vestido ocidental como com um simples jeans.
Atrativo turísticoPara Adriana Barriga, da Agência Municipal de La Paz para o Desenvolvimento Turístico, a "chola de La Paz" pode ser um fonte de atração para o turismo.
"Os turistas dizem que em outros países não se vê indígenas, mas (em La Paz) a cada dia se convive com a chola, não precisa se fantasiar de nada, é parte da cultura, parte do atrativo turístico, e os turistas valorizam muito isso", diz.
São saias de cores fortes e mantilhas de lã de alpaca ou, para as mais ricas, de fibra de vicunha, completo com um pequeno chapéu-coco que desafia a gravidade nas ruas inclinadas de La Paz, em um equilíbrio difícil de imaginar.
Até poucos anos objeto de discriminação, a indumentária aimara se transformou em sinal de "identidade e orgulho", disse em entrevista à AFP em seu ateliê a estilista que deu a estes trajes indígenas um toque de "sofisticação para ultrapassar as fronteiras".
Cada vez é mais frequente ver ministras, juízas ou apresentadoras de televisão bolivianas vestidas com esse sinal inconfundível de sua identidade cultural.
Uma visibilidade e uma autoestima que teve origem nas mãos do primeiro presidente aimara do país, Evo Morales, que criou a tendência de dispensar o terno e a gravata ocidentais para usar elegantes jaquetas de lã de vicunha ou decoradas com delicadas franjas com a simbologia de seu povo.
Para sua estreia internacional, essa artesã da moda mostrou sua coleção "Pachamama" (mãe terra em quéchua) na Semana de Moda de Nova York, em setembro, após ser apresentada na sede do governo de La Paz, um sinal claro do apoio governamental à sua iniciativa.
Essa estilista de 34 anos, filha de artesãos e mãe de três filhos, quer levar a cultura e a identidade de sua cidade para todo o mundo, através da moda.
"Estivemos pela primeira vez na 'Fashion Week'. É a primeira vez que um traje da mulher chola chega às passarelas com 12 modelos internacionais que usaram nossas vestimentas", diz Eliana.
Tanto na vida diária como em grandes celebrações, as indígenas aimaras utilizam esse traje característico, especialmente em La Paz.
Saias de até 10 quilosCada uma das três ou quatro camadas que formam a saia típica, que vai até abaixo do joelho, pode ter cerca de seis metros de tecido e pesar até 10 quilos.
A estilista deu um toque sofisticado para peça, combinada com blusas leves e ajustadas com cintos sob os "aguayos", mantas tecidas à mão com fios de cores naturais em fibra de vicunha, lã de alpaca ou feita em macramê.
Algumas são o resultado de duas semanas de trabalho, feito por três pessoas.
Em eventos sociais ou religiosos, as cholas decoram suas roupas com ricas joias de ouro e prata, metais produtos em escala na Bolívia, além de pedras preciosas.
O traje completo pode custar entre 1.500 e 30.000 bolivianos (entre 200 dólares e 4.300 dólares). As mais ricas decoram seus chapéus com peças de ouro ou prata e usam broches requintados, verdadeiras peças de museu que podem valer milhares de dólares.
Nas mãos de Agatha Ruiz de la PradaForam os espanhóis que impuseram essa indumentária às servas no século XVII. Mas longe da submissão, a roupa é símbolo de emancipação e orgulho de um povo que conseguiu se destacar na última década.
"Para mim significa cultura, identidade, orgulho, trabalho, porque a mulher chola trabalha muito e arduamente. Também é o empoderamento da mulher, que é independente e profissional", diz Eliana Paco, vestida com peças desenhadas por ela mesma e usando as tranças inconfundíveis da chola de La Paz.
Eliana tem na estilista espanhola Agatha Ruiz de la Prada uma defensora.
"Eu gosto da roupa de cholita, me lembra muito Yves Saint Laurent e a melhor época da Armani, que usou os chapéus-coco", diz.
"Até agora não existia uma cholita com sentido de marketing e ela o tem (...) Gostaria de poder levá-la para Madri, Paris", disse a estilista espanhola em Lima, onde apresentou sua própria coleção semanas atrás.
Essa é precisamente a próxima meta de Eliana. "Eu acredito que é possível que a manta ou o chapéu possam ser usados pelas mulheres europeias em sua vida cotidiana", diz.
Principalmente as mantas, que podem ser combinadas tanto com um vestido ocidental como com um simples jeans.
Atrativo turísticoPara Adriana Barriga, da Agência Municipal de La Paz para o Desenvolvimento Turístico, a "chola de La Paz" pode ser um fonte de atração para o turismo.
"Os turistas dizem que em outros países não se vê indígenas, mas (em La Paz) a cada dia se convive com a chola, não precisa se fantasiar de nada, é parte da cultura, parte do atrativo turístico, e os turistas valorizam muito isso", diz.
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