Topo

Trump usou redes sociais como armas para divulgar sua mensagem

11/11/2016 19h22

Nova York, 11 Nov 2016 (AFP) - Ante a hostilidade de muitos grandes meios de comunicação, Donald Trump divulgou sua mensagem política através de meios conservadores e das redes sociais, que seus seguidores converteram em uma plataforma de informação alternativa.

Barack Obama foi o primeiro presidente americano da era das redes sociais, mas para ele estas eram algo adicional. Trump as converteu em seu principal meio de comunicação.

"Trump podia mudar uma história através do Twitter porque tem uma quantidade considerável de seguidores", disse Alan Rosenblatt, especialista digital da consultora Lake Research Partners e Turner4D.

O formato do Twitter permitiu que Trump desenvolvesse seu discurso sem contradições e de uma maneira mais atrativa, direta e contundente.

O magnata contou também com sites conservadores, principalmente o Breitbart News, uma plataforma muito editorialista que se tornou referência para o eleitorado republicano.

Trump inclusive contratou, em agosto, o diretor-geral deste site, Stephen Bannon, para liderar seu comitê de campanha.

Entre os republicanos, cresce o sentimento de que "a imprensa tradicional é de esquerda e de que os conservadores deveriam ter suas próprias plataformas de informação", explica Rosenblatt.

Apesar da publicação contínua nos meios tradicionais de informações comprometedoras, como sua situação fiscal e suas declarações inapropriadas sobre as mulheres, o magnata imobiliário conseguiu manter seu impulso ao longo de toda a campanha.

Além da conta de Twitter de Trump, alguns seguidores usaram as redes sociais para publicar informações que escapavam de qualquer controle de veracidade.

"Conseguiu construir um discurso alternativo e, inclusive, uma realidade alternativa", afirma Gabriel Kahn, professor da Escola de Jornalismo da Universidade da Carolina do Sul.

"Desse modo, começaram a circular contradições e mentiras" que se instalaram "no ecossistema midiático", explica.

Muitos dos apoiadores de Trump usaram o Twitter, Facebook e outras redes sociais como única fonte de informação, sem consultar os meios de comunicação tradicionais.

As mensagens na internet, muitas vezes, não eram precisas ou reuniam informações falsas, segundo os observadores.

"Hillary Clinton convocará uma guerra civil se Trump for eleito" e "Papa Francisco surpreende todo mundo e declara apoio a Donald Trump" são dois exemplos de títulos falsos detectados por Joshua Benton, diretor do Laboratório de Jornalismo Nieman da Universidade de Harvard.