Estúdio arquitetônico britânico recria horrores da guerra em 3D
Londres, 2 Set 2016 (AFP) - Fome, tortura, estupros: a triste realidade dos detidos na prisão militar síria de Saidnaya foi recriada até os últimos detalhes em três dimensões em Londres, como uma ferramenta a mais para lutar contra esses abusos.
A Anistia Internacional é a última organização a recorrer os serviços do estúdio Forensic Architecture (FA, Arquitetura Forense) para criar o primeiro modelo navegável da prisão e chamar a atenção sobre as atrocidades lá cometidas.
O ativista e arquiteto israelense Eyal Weizman, de 46 anos, criou a FA em 2011, que tem sua sede no sul de Londres, no campus da instituição Goldsmiths da Universidade de Londres.
Seu laboratório interdisciplinar é especializado em produzir análises e evidências para usar em casos de direitos humanos nos tribunais internacionais, com uma arquitetura que ajuda a recriar fato ocorridos em entornos caóticos.
Outros trabalhos da FA foram a reconstrução dos bombardeios de Gaza em 2014, o genocídio do povo indígena ixil na Guatemala - entre 1978-1984 - e o naufrágio de um barco em 2011 no mar Mediterrâneo com 63 refugiados a bordo.
A pista dos raios de solNenhuma organização ou jornalista conseguiu visitar a terrível prisão do regime de Bashar al-Assad, localizada a 25 quilômetros ao norte de Damasco.
A FA reconstruiu o local a partir dos testemunhos de presos e imagens de satélite, assim como materiais públicos.
"Trata-se de ir desemaranhando os fatos a partir de pequenos detalhes", explicou o investigador de arquitetura Stefan Laxness.
"Reparamos nos detalhes do espaço mencionados inadvertidamente pelos presos e usamos isso para reconstruir o que experimentaram. Isso nos ajudou a entender a forma como a prisão poderia estar estruturada. Começamos a constatar um padrão na trajetória dos presos no recinto".
Um detido, por exemplo, descreveu como os raios de sol iluminavam uma certa parte de sua cela em um determinado horário, o que serviu para verificar seu relato.
"Quando você coloca a cela em um espaço com uma certa orientação, e faz uma simulação do sol, vê se o depoimento concorda com os parâmetros físicos. De algum modo, isso valida e testemunho e a história", disse Laxness.
Os investigadores viajaram para Istambul a fim de entrevistar "testemunhas auditivas" que estiveram vendadas durante sua passagem pela prisão ou não tinham uma visão do conjunto.
Estas testemunhas eram igualmente úteis para estabelecer o ritmo de vida na prisão e as rotinas dos torturadores.
Arquitetura para ordenar todas as fontesA FA é o único escritório de arquitetura que realiza essas análises e trabalha para Human Rights Watch, as cortes internacionais e para a ONU.
Seu trabalho combina elementos de cartografia, direito e ecologia, com novas tecnologias como o 3D e a narração de vítimas e testemunhas.
"A arquitetura proporciona uma visão crucial, vital para entender os conflitos modernos", disse Weizman, explicando que o transferência dos conflitos para entornos urbanos exige uma nova perspectiva.
"A cidade é um entorno midiático intenso", acrescentou. "Há um monte de jornalistas e cada vez mais e mais cidadãos que filmam o que acontece ao seu redor".
"Para ter uma imagem com todas essas fontes deve-se construir maquetes arquitetônicas e situar todos esses vídeos no espaço, para reconstruir a narração dos fatos", acrescentou.
mb/jwp/dt/ns/iw/al/jz/cb/mvv
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A Anistia Internacional é a última organização a recorrer os serviços do estúdio Forensic Architecture (FA, Arquitetura Forense) para criar o primeiro modelo navegável da prisão e chamar a atenção sobre as atrocidades lá cometidas.
O ativista e arquiteto israelense Eyal Weizman, de 46 anos, criou a FA em 2011, que tem sua sede no sul de Londres, no campus da instituição Goldsmiths da Universidade de Londres.
Seu laboratório interdisciplinar é especializado em produzir análises e evidências para usar em casos de direitos humanos nos tribunais internacionais, com uma arquitetura que ajuda a recriar fato ocorridos em entornos caóticos.
Outros trabalhos da FA foram a reconstrução dos bombardeios de Gaza em 2014, o genocídio do povo indígena ixil na Guatemala - entre 1978-1984 - e o naufrágio de um barco em 2011 no mar Mediterrâneo com 63 refugiados a bordo.
A pista dos raios de solNenhuma organização ou jornalista conseguiu visitar a terrível prisão do regime de Bashar al-Assad, localizada a 25 quilômetros ao norte de Damasco.
A FA reconstruiu o local a partir dos testemunhos de presos e imagens de satélite, assim como materiais públicos.
"Trata-se de ir desemaranhando os fatos a partir de pequenos detalhes", explicou o investigador de arquitetura Stefan Laxness.
"Reparamos nos detalhes do espaço mencionados inadvertidamente pelos presos e usamos isso para reconstruir o que experimentaram. Isso nos ajudou a entender a forma como a prisão poderia estar estruturada. Começamos a constatar um padrão na trajetória dos presos no recinto".
Um detido, por exemplo, descreveu como os raios de sol iluminavam uma certa parte de sua cela em um determinado horário, o que serviu para verificar seu relato.
"Quando você coloca a cela em um espaço com uma certa orientação, e faz uma simulação do sol, vê se o depoimento concorda com os parâmetros físicos. De algum modo, isso valida e testemunho e a história", disse Laxness.
Os investigadores viajaram para Istambul a fim de entrevistar "testemunhas auditivas" que estiveram vendadas durante sua passagem pela prisão ou não tinham uma visão do conjunto.
Estas testemunhas eram igualmente úteis para estabelecer o ritmo de vida na prisão e as rotinas dos torturadores.
Arquitetura para ordenar todas as fontesA FA é o único escritório de arquitetura que realiza essas análises e trabalha para Human Rights Watch, as cortes internacionais e para a ONU.
Seu trabalho combina elementos de cartografia, direito e ecologia, com novas tecnologias como o 3D e a narração de vítimas e testemunhas.
"A arquitetura proporciona uma visão crucial, vital para entender os conflitos modernos", disse Weizman, explicando que o transferência dos conflitos para entornos urbanos exige uma nova perspectiva.
"A cidade é um entorno midiático intenso", acrescentou. "Há um monte de jornalistas e cada vez mais e mais cidadãos que filmam o que acontece ao seu redor".
"Para ter uma imagem com todas essas fontes deve-se construir maquetes arquitetônicas e situar todos esses vídeos no espaço, para reconstruir a narração dos fatos", acrescentou.
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