Modigliani de Genebra não é uma obra espoliada por nazistas, diz dono
O marchand David Nahmad, que reconheceu ser o proprietário de um quadro de Modigliani após as revelações dos Panama Papers, assegurou à AFP que não existem provas de que o mesmo pertencia a um dono de antiquário judeu.
Segundo a Mondex Corp, empresa canadense especializada em localizar obras espoliadas pelos nazistas, o quadro, agora abrigado em Genebra, foi roubado do britânico Oscar Stettiner (1827-1948), um colecionador e dono antiquário que fugiu de Paris em 1939.
Mas segundo Nahmad, não existe qualquer documento que demonstre que Stettiner foi espoliado, nem que foi o proprietário.
Em um documento judicial de 1947 transmitido à AFP por pessoas ligadas a Nahmad e no qual Stettiner exige três obras de sua propriedade, aparece uma referência a um quadro de Amedeo Modigliani (1884-1920).
Mas segundo a descrição, trata-se de uma representação do pintor "pintado por si mesmo", muito diferente do quadro em questão, "Homem sentado apoiado numa bengala", informam pessoas ligadas ao marchand.
Os documentos aos quais a AFP teve acesso indicam que o quadro exigido pela Mondex foi vendido em Paris no dia 3 de julho de 1944 por 16.000 francos (cerca de 800 euros atuais) a um homem chamado Van der Klip.
Depois, passou para as mãos de outro homem chamado Mariage de Saint Pierre, que o vendeu, por sua vez, em outubro de 1944, por 25.000 francos a um soldado americano que encontrou em um café de Paris, segundo os documentos.
Nahmad argumenta que este preço não corresponde ao valor que já tinham na época as obras de Modigliani, ainda mais levando em conta suas grandes dimensões (126 cm x 75 cm).
A obra, que representa um homem com bigode, gravata e chapéu apoiado em um bastão, é avaliada atualmente em cerca de US$ 25 milhões (22 milhões de euros). Desde 2011, a justiça americana está investigando quem é o proprietário.
A empresa Mondex havia começado os trâmites para recuperar o quadro em nome de Philippe Maestracci, um neto de Stettiner. Os Panama Paper demonstraram que a obra é propriedade da companhia offshore chamada IAC (International Art Center), que desde janeiro de 2014, tem como único proprietário David Nahmad.
Nahmad e sua família fizeram fortuna no mercado de arte e, atualmente, contam com cerca de 4.500 obras, entre elas cerca de 300 Picassos, segundo a revista Forbes.
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