Ken Loach leva Palma de Ouro em Cannes com filme contra injustiça social
Cannes, França, 22 Mai 2016 (AFP) - "I, Daniel Blake", uma crítica implacável contra a injustiça social na Inglaterra, rendeu ao diretor britânico Ken Loach a Palma de Ouro, o prêmio máximo do Festival de Cannes.
"Outro mundo é possível e é necessário!", disse o diretor, de 79 anos, ao receber o prêmio, a segunda Palma de Ouro de sua longa carreira, dedicada ao cinema social. A primeira foi em 2006, com "Ventos da liberdade".
Em seu discurso de agradecimento, Loach aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica enérgica aos riscos do liberalismo.
"O mundo em que vivemos está em uma situação perigosa, à beira de um projeto de austeridade que chamamos de neoliberal, que corre o risco de nos levar à catástrofe", disse.
A classe trabalhadora em declínio é a protagonista do filme de Loach, um inquietante espelho da nossa era, que mostra o calvário cotidiano de se procurar um emprego, ou manter a ajuda social, em uma Inglaterra mergulhada na crise.
Daniel Blake (Dave Johns) é um carpinteiro de 59 anos, originário da cidade inglesa de Newcastle, que se vê forçado a recorrer a essa ajuda, após sofrer problemas cardíacos.
Embora seu médico o proíba de trabalhar, o sistema o obriga a procurar emprego, ou se expor a perder a escassa assistência que lhe permite apenas sobreviver.
Em sua visita diária ao escritório que atende aos desempregados, ele conhece uma mãe solteira (Hayley Squires), também em dificuldades e igualmente presa, com seus dois filhos, a um sistema que a esmaga.
O autor, que fará 80 anos em junho, e tem uma longa filmografia militante, ratifica, assim, seu postulado de base: o capitalismo selvagem engole o indivíduo.
O prêmio de melhor atriz ficou com a filipina Jaclyn Jose, de 52 anos, pelo papel principal em "Ma'Rosa", uma denúncia contra a corrupção dirigida por seu compatriota Brillante Mendoza.
Entre os atores, o prêmio de melhor interpretação foi para o iraniano Shahab Hosseini, de 42 anos, pelo papel de um ator de teatro em "The Salesman". Esse drama do iraniano Asghar Farhadi sobre a classe média de Teerã também faturou o prêmio de melhor roteiro.
Em melhor direção, o francês Olivier Assayas e o romeno Cristian Mungiu dividiram o prêmio por "Personal Shopper" e "Bacalaureat", respectivamente.
O francês Jean-Pierre Léaud, ator queridinho de François Truffaut e protagonista de "La Mort de Louis XIV", do espanhol Albert Serra, foi premiado com uma Palma de Ouro honorária por sua trajetória.
Embora Pedro Almodóvar tenha deixado Cannes pela quinta vez sem a Palma de Ouro, que disputava com "Julieta", outro espanhol, o catalão Juanjo Giménez levou o prêmio de melhor curta-metragem, com "Timecode".
'Aquarius' sai de mãos vaziasApesar de aplaudido, "Aquarius", filme que integrava a competição oficial, dirigido pelo brasileiro Kleber Mendonça Filho e com Sônia Braga no papel principal, saiu da mostra de mãos vazias.
No entanto, o curta "A moça que dançou com o diabo", de João Paulo Miranda Maia, que disputava a Palma de Ouro na categoria de melhor curta-metragem, obteve uma menção especial do júri.
No sábado, "Cinema Novo", de Eryk Rocha, sobre este movimento cinematográfico brasileiro, tinha faturado o prêmio Olho de Ouro de melhor documentário.
Jovem prodígio do cinema surpreendeCannes também consagrou "It's Only the End of the World", sexto filme do jovem prodígio do cinema, o canadense Xavier Dolan. Aos 27 anos e contra todos os prognósticos, Dolan conquistou o segundo prêmio mais importante da mostra, o Grande Prêmio.
Drama familiar sobre um escritor homossexual confrontado com a notícia de que vai morrer e que, por isso, decide voltar ao núcleo familiar para avisar a família, o filme dividiu a crítica internacional.
"Mommy", seu primeiro filme na seleção oficial de Cannes, recebeu em 2014 o Prêmio do Júri, embora muitos o tivessem apontado como sério candidato à Palma de Ouro.
"Tudo o que a gente faz na vida é para ser amado, para ser aceito", disse Dolan, às lágrimas.
"Farei filmes por toda minha vida, gostem de mim, ou não", acrescentou.
"American Honey", filme que retrata uma juventude americana em busca do sonho americano, dirigido pela britânica Andrea Arnold, recebeu o Prêmio do Júri.
Protagonizado por Shia LaBeouf, esse "road movie" segue o périplo de um grupo de jovens que percorre os Estados Unidos vendendo assinaturas de revistas de porta em porta, em meio a festas até o amanhecer e a histórias de amor.
meb-ltl/tjc/mvv/tt
"Outro mundo é possível e é necessário!", disse o diretor, de 79 anos, ao receber o prêmio, a segunda Palma de Ouro de sua longa carreira, dedicada ao cinema social. A primeira foi em 2006, com "Ventos da liberdade".
Em seu discurso de agradecimento, Loach aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica enérgica aos riscos do liberalismo.
"O mundo em que vivemos está em uma situação perigosa, à beira de um projeto de austeridade que chamamos de neoliberal, que corre o risco de nos levar à catástrofe", disse.
A classe trabalhadora em declínio é a protagonista do filme de Loach, um inquietante espelho da nossa era, que mostra o calvário cotidiano de se procurar um emprego, ou manter a ajuda social, em uma Inglaterra mergulhada na crise.
Daniel Blake (Dave Johns) é um carpinteiro de 59 anos, originário da cidade inglesa de Newcastle, que se vê forçado a recorrer a essa ajuda, após sofrer problemas cardíacos.
Embora seu médico o proíba de trabalhar, o sistema o obriga a procurar emprego, ou se expor a perder a escassa assistência que lhe permite apenas sobreviver.
Em sua visita diária ao escritório que atende aos desempregados, ele conhece uma mãe solteira (Hayley Squires), também em dificuldades e igualmente presa, com seus dois filhos, a um sistema que a esmaga.
O autor, que fará 80 anos em junho, e tem uma longa filmografia militante, ratifica, assim, seu postulado de base: o capitalismo selvagem engole o indivíduo.
O prêmio de melhor atriz ficou com a filipina Jaclyn Jose, de 52 anos, pelo papel principal em "Ma'Rosa", uma denúncia contra a corrupção dirigida por seu compatriota Brillante Mendoza.
Entre os atores, o prêmio de melhor interpretação foi para o iraniano Shahab Hosseini, de 42 anos, pelo papel de um ator de teatro em "The Salesman". Esse drama do iraniano Asghar Farhadi sobre a classe média de Teerã também faturou o prêmio de melhor roteiro.
Em melhor direção, o francês Olivier Assayas e o romeno Cristian Mungiu dividiram o prêmio por "Personal Shopper" e "Bacalaureat", respectivamente.
O francês Jean-Pierre Léaud, ator queridinho de François Truffaut e protagonista de "La Mort de Louis XIV", do espanhol Albert Serra, foi premiado com uma Palma de Ouro honorária por sua trajetória.
Embora Pedro Almodóvar tenha deixado Cannes pela quinta vez sem a Palma de Ouro, que disputava com "Julieta", outro espanhol, o catalão Juanjo Giménez levou o prêmio de melhor curta-metragem, com "Timecode".
'Aquarius' sai de mãos vaziasApesar de aplaudido, "Aquarius", filme que integrava a competição oficial, dirigido pelo brasileiro Kleber Mendonça Filho e com Sônia Braga no papel principal, saiu da mostra de mãos vazias.
No entanto, o curta "A moça que dançou com o diabo", de João Paulo Miranda Maia, que disputava a Palma de Ouro na categoria de melhor curta-metragem, obteve uma menção especial do júri.
No sábado, "Cinema Novo", de Eryk Rocha, sobre este movimento cinematográfico brasileiro, tinha faturado o prêmio Olho de Ouro de melhor documentário.
Jovem prodígio do cinema surpreendeCannes também consagrou "It's Only the End of the World", sexto filme do jovem prodígio do cinema, o canadense Xavier Dolan. Aos 27 anos e contra todos os prognósticos, Dolan conquistou o segundo prêmio mais importante da mostra, o Grande Prêmio.
Drama familiar sobre um escritor homossexual confrontado com a notícia de que vai morrer e que, por isso, decide voltar ao núcleo familiar para avisar a família, o filme dividiu a crítica internacional.
"Mommy", seu primeiro filme na seleção oficial de Cannes, recebeu em 2014 o Prêmio do Júri, embora muitos o tivessem apontado como sério candidato à Palma de Ouro.
"Tudo o que a gente faz na vida é para ser amado, para ser aceito", disse Dolan, às lágrimas.
"Farei filmes por toda minha vida, gostem de mim, ou não", acrescentou.
"American Honey", filme que retrata uma juventude americana em busca do sonho americano, dirigido pela britânica Andrea Arnold, recebeu o Prêmio do Júri.
Protagonizado por Shia LaBeouf, esse "road movie" segue o périplo de um grupo de jovens que percorre os Estados Unidos vendendo assinaturas de revistas de porta em porta, em meio a festas até o amanhecer e a histórias de amor.
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