Ian McKellen: "Shakespeare foi o dramaturgo supremo"
Por ocasião dos 400 anos da morte de William Shakespeare, o ator britânico Ian McKellen, um dos mais eminentes atores de sua época, afirmou que o escritor é o "dramaturgo supremo".
"Qualquer dramaturgo, escritor, espectador de Shakespeare dirá que é o mais incrível dos dramaturgos", disse à AFP Ian, no lançamento de um aplicativo das obras de Shakespeare para celulares.
"Sua imaginação pode transportar a alma e o coração de todo tipo de gente: ambiciosos, solitários, desafortunados, sinceros, famílias, crianças, pais separados, gêmeos que se reencontram", enumerou o ator de 76 anos, mundialmente conhecido por interpretar Gandalf na saga "O Senhor dos Anéis".
Além disso, há nas obras de Shakespeare "muitas coisas divertidas, piadas. Parece que era capaz de escrever sobre cada um de nós".
Ian McKellen prestará homenagem ao escritor neste sábado ao lado um elenco de estrelas como Judi Dench, Helen Mirren, Benedict Cumberbatch e Joseph Fiennes, em um espetáculo com o título "Shakespeare Live!", em Stratford-upon-Avon, a cidade natal de Shakespeare.
"Me preparo para Shakespeare lendo e tentando entender sempre como escrevia e porque escrevia desta maneira", explicou.
"Muitas de suas obras são escritas em verso e o ritmo destes versos é como o do coração humano. É, de algum modo, o ritmo de nossa língua hoje em dia. Falamos em verso branco (nr: com métrica regular, mas sem rima) sem nos dar conta".
Facilitar Shakespeare, ao contrário de outros atores, Ian McKellen nunca se viu intimidado por Shakespeare.
"Nunca pensei que era de difícil acesso porque faz parte da minha vida desde que comecei a assistir obras de todo tipo, quando tinha 8 ou 9 anos. Algumas destas obras eram de Shakespeare, mas para mim eram sobretudo teatro, e era agradável", recordou.
Ativista dos direitos dos homossexuais, McKellen não se transformou em ator "especificamente por causa de Shakespeare", mas porque amava muito o teatro". Mas sendo Shakespeare, "o dramaturgo supremo", não era estranho a sua vocação.
Há alguns meses causou polêmica ao dizer que as pessoas "não deveriam se preocupar em ler Shakespeare".
"Shakespeare não queria ver suas obras em um livro, queria vê-las em um teatro", se justificou.
Vinte anos depois de sua moderna adaptação ao cinema de "Ricardo III", McKellen e o diretor Richard Loncrain apresentaram um aplicativo que permitirá escutar e ler ao mesmo tempo o dramaturgo. A empresa Heuristic Media desenvolverá 37 aplicativos no total, cada um dedicado a uma obra de Shakespeare, e a primeira será "A Tempestade", a última obra que acredita-se que o bardo escreveu.
Na metade superior da tela, os atores recitam o texto em frente à câmera, sem figurino ou cenário, enquanto os diálogos desfilam pela parte inferior. É possível parar a imagem e obter notas ou comentário com grau de detalhe que depende do nível escolhido (escola, liceu ou universidade).
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