Estados Islâmico transformou as belas ruínas de Palmira em escombros
Palmira, Síria, 1 Abr 2016 (AFP) - Os extremistas do Estado Islâmico (EI) passaram por Palmira como um furacão, derrubando torres, colunas e dintéis, destruindo estátuas no museu e deixando bombas por toda esta cidade síria, conhecida como a pérola do deserto.
Na entrada do templo de Bel, o mais belo monumento da cidade, os extremistas picharam com tinta preta: "Estado Islâmico. Entrada proibida civis e aos irmãos" (combatentes).
O recinto e os pátios do templo não sofreram danos, mas cela (parte interna e a mais importante do templo) não é mais do que um amontoado de escombros, com exceção da porta monumental, desde que o EI o fez explodir em agosto de 2015, constataram repórteres da AFP.
No pódio se amontoam blocos de rochas bege e ocre típicos da região que formavam os muros, e a coluna de pilastras caneladas de 16 metros de altura está no chão, assim como as torres e ameias dos telhados.
'Nunca será como antes'"O templo de Bel nunca mais será como antes. Segundo nossos especialistas, podemos restaurar um terço da cela destruída e talvez mais, depois de mais estudos com a Unesco. Vai demorar cinco anos", declarou à AFP o diretor de Antiguidades da Síria, Maamoun Abdelkarim.
Nas ruínas, os soldados russos, que desempenharam um papel central na reconquista da cidade, mostraram a repórteres de seu país o que restou desses tesouros.
No teatro romano, intacto, os jihadistas escreveram seus nomes e um dos muros está crivado de balas. O EI utilizado o edifício, do século II, como um palco para execuções públicas de soldados pelas mãos de crianças, filhos de membros do grupo.
De cela do templo de Baalshamim restam apenas quatro colunas. Do Arco do Triunfo, que remonta ao imperador romano Septímio Severo (século III), dois pilares se salvaram, mas a parte central e os arcos estão no chão.
"Não é difícil levantar de novo", assegurou Abdelkarim, que convida especialistas em todo o mundo para se juntar a este trabalho.
O Museu Nacional parece um museu de horrores. Os jihadistas o transformaram em um tribunal religioso.
'Selvageria'As típicas estátuas de Palmira, como os bustos de mulheres de olhos saltados, jazem no chão, as esfinges foram mutiladas e as cenas de banquetes funerários com os rostos dos convidados olhando para o espectador foram quebradas e marteladas.
"Especialistas estimam que 30% da antiga cidade de Palmira foi destruído", afirmou Talal Barazi, governador da província de Homs, onde está Palmira.
"Eu vi evidências do obscurantismo dos EI. Os danos causados às antiguidades vão testemunhar sua selvageria", explica.
"Estou feliz que as mais belas peças do museu puderam ser evacuadas antes da chegada" do EI, acrescentou, referindo-se às 400 peças de inestimável valor transferidas para Damasco, sob o controle do regime.
A cidade também carrega as cicatrizes da guerra travada entre as forças pró-regime, apoiadas pela Rússia, e os jihadistas.
'Devorados pelos cães'Os hotéis próximos aos museus perderam suas janelas e os colchões estão guardados no vazio. O EI transformou uma igreja em um centro de recrutamento e o palácio da justiça em prisão.
No porão, uma porta carrega as inscrições "centro de interrogatório". O piso de uma grande sala está cheios de colchões. Nas paredes, os prisioneiros escreveram seus nomes e mensagens para suas namoradas, esposas ou parentes, como um grande coração com o nome "Farah".
"Era um funcionário municipal e passei 14 dias nessa cela. As pessoas que me interrogavam eram sauditas, iraquianas e tunisianas. Eles me fizeram perguntas com um sabre na minha garganta", diz Abu Mahmud, agora um miliciano pró-regime.
"Eu tive sorte, mas tenho amigos que foram executados, e seus corpos jogados no deserto e comido por cães", relata.
As calçadas das ruas foram completamente destruídas pela explosão de minas.
"Palmira escapou por pouco. O EI havia colocado 4.500 explosivos de fabricação caseira em quase toda a cidade, conectados a uma central telefônica. Um dos nossos disfarçou-se de jihadista e matou a pessoa encarregada de ativa-los", explica Abu Mahmoud.
O governador confirmou esta versão dos acontecimentos.
A cada meia hora uma explosão é ouvida. "É a unidade do exército sírio, que aguarda os a chegada dos sapadores russos em poucos dias", disse Barazi.
Na entrada do templo de Bel, o mais belo monumento da cidade, os extremistas picharam com tinta preta: "Estado Islâmico. Entrada proibida civis e aos irmãos" (combatentes).
O recinto e os pátios do templo não sofreram danos, mas cela (parte interna e a mais importante do templo) não é mais do que um amontoado de escombros, com exceção da porta monumental, desde que o EI o fez explodir em agosto de 2015, constataram repórteres da AFP.
No pódio se amontoam blocos de rochas bege e ocre típicos da região que formavam os muros, e a coluna de pilastras caneladas de 16 metros de altura está no chão, assim como as torres e ameias dos telhados.
'Nunca será como antes'"O templo de Bel nunca mais será como antes. Segundo nossos especialistas, podemos restaurar um terço da cela destruída e talvez mais, depois de mais estudos com a Unesco. Vai demorar cinco anos", declarou à AFP o diretor de Antiguidades da Síria, Maamoun Abdelkarim.
Nas ruínas, os soldados russos, que desempenharam um papel central na reconquista da cidade, mostraram a repórteres de seu país o que restou desses tesouros.
No teatro romano, intacto, os jihadistas escreveram seus nomes e um dos muros está crivado de balas. O EI utilizado o edifício, do século II, como um palco para execuções públicas de soldados pelas mãos de crianças, filhos de membros do grupo.
De cela do templo de Baalshamim restam apenas quatro colunas. Do Arco do Triunfo, que remonta ao imperador romano Septímio Severo (século III), dois pilares se salvaram, mas a parte central e os arcos estão no chão.
"Não é difícil levantar de novo", assegurou Abdelkarim, que convida especialistas em todo o mundo para se juntar a este trabalho.
O Museu Nacional parece um museu de horrores. Os jihadistas o transformaram em um tribunal religioso.
'Selvageria'As típicas estátuas de Palmira, como os bustos de mulheres de olhos saltados, jazem no chão, as esfinges foram mutiladas e as cenas de banquetes funerários com os rostos dos convidados olhando para o espectador foram quebradas e marteladas.
"Especialistas estimam que 30% da antiga cidade de Palmira foi destruído", afirmou Talal Barazi, governador da província de Homs, onde está Palmira.
"Eu vi evidências do obscurantismo dos EI. Os danos causados às antiguidades vão testemunhar sua selvageria", explica.
"Estou feliz que as mais belas peças do museu puderam ser evacuadas antes da chegada" do EI, acrescentou, referindo-se às 400 peças de inestimável valor transferidas para Damasco, sob o controle do regime.
A cidade também carrega as cicatrizes da guerra travada entre as forças pró-regime, apoiadas pela Rússia, e os jihadistas.
'Devorados pelos cães'Os hotéis próximos aos museus perderam suas janelas e os colchões estão guardados no vazio. O EI transformou uma igreja em um centro de recrutamento e o palácio da justiça em prisão.
No porão, uma porta carrega as inscrições "centro de interrogatório". O piso de uma grande sala está cheios de colchões. Nas paredes, os prisioneiros escreveram seus nomes e mensagens para suas namoradas, esposas ou parentes, como um grande coração com o nome "Farah".
"Era um funcionário municipal e passei 14 dias nessa cela. As pessoas que me interrogavam eram sauditas, iraquianas e tunisianas. Eles me fizeram perguntas com um sabre na minha garganta", diz Abu Mahmud, agora um miliciano pró-regime.
"Eu tive sorte, mas tenho amigos que foram executados, e seus corpos jogados no deserto e comido por cães", relata.
As calçadas das ruas foram completamente destruídas pela explosão de minas.
"Palmira escapou por pouco. O EI havia colocado 4.500 explosivos de fabricação caseira em quase toda a cidade, conectados a uma central telefônica. Um dos nossos disfarçou-se de jihadista e matou a pessoa encarregada de ativa-los", explica Abu Mahmoud.
O governador confirmou esta versão dos acontecimentos.
A cada meia hora uma explosão é ouvida. "É a unidade do exército sírio, que aguarda os a chegada dos sapadores russos em poucos dias", disse Barazi.
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