Filho de arqueólogo decapitado em Palmira busca o corpo do pai
Damasco, 31 Mar 2016 (AFP) - O filho de um famoso arqueólogo sírio decapitado em Palmira pelo grupo Estado Islâmico (EI) estabeleceu como meta encontrar o corpo do pai para proporcionar um enterro digno na cidade, que está sob o controle do regime há alguns dias.
Khaled al-Asaad, considerado o "pai de Palmira", foi executado em uma praça em 18 agosto de 2015, três meses depois de o EI ter conquistado a cidade.
"Os jihadistas o decapitaram e colocaram sua cabeça no chão, abaixo do corpo pendurado em um poste de energia elétrica na principal praça de Palmira", conta o filho Tarek al-Asaad á AFP no Museu de Damasco.
"A primeira coisa que quero fazer, agora que Palmira foi libertada do Daesh (acrônimo árabe do EI), é encontrar as pessoas que conservaram sua cabeça e achar o corpo para enterrá-lo de maneira digna no jazigo da família no cemitério da cidade", completou o homem de 35 anos.
Ele pretende visitar a área antiga de Palmira, recuperada no domingo pelo exército sírio com a ajuda da aliada Rússia, após uma ofensiva de 20 dias.
"Sentimos que a alma jovial de meu pai vaga sobre Palmira e saúda a libertação", disse Tarek el-Assad.
"Minha sobrinha Myriam, de 10 anos, sonhou que o avô estava sentado no jardim, feliz e sorridente".
- 40 anos em Palmira -Considerado um dos pioneiros da arqueologia síria, Khaled al-Asaad foi o diretor do departamento de Antiguidades de Palmira durante 40 anos, de 1963 a 2003.
Ele coordenou a descoberta, entre outros locais, de vários cemitérios antigos e supervisionou as escavações e restauração deste patrimônio histórico, com 1.000 colunas e uma formidável necrópole de 500 tumbas.
Também foi o idealizador do projeto de inscrever a cidade, conhecida como "pérola do deserto", na lista de patrimônio mundial da humanidade la Unesco.
Quando os jihadistas se aproximaram da cidade, em maio de 2015, os filhos de Khaled al-Asaad e vários guardas conseguiram salvar 400 bustos e peças arqueológicas únicas.
No dia 20 de maio, apenas 10 minutos antes da chegada dos extremistas, o último veículo deixou o museu.
O irmão de Tarek, Walid, que substituiu o pai como diretor do departamento de Antiguidades de Palmira, foi torturado e caminha com a ajuda de muletas.
"Os jihadistas procuravam duas toneladas de ouro, mas meu irmão disse que não existiam. Para que ele falasse, desfiguraram estátuas, como a da deusa Alat, que estavam no museu".
Após a queda de Palmira, Khaled al-Asaad se instalou a 100 km do local, em Qasr al-Hayr Sharqi. No dia 20 de julho de 2015, homens encapuzados o buscaram para uma "reeducação islâmica".
O arqueólogo octogenário foi condenado à morte. Ele pediu para ver pela última vez o museu e depois foi levado, com as mãos amarradas e descalço, para o centro da cidade.
"Se negou a ajoelhar-se para a decapitação. Disse que desejava permanecer reto como as colunas e palmeiras de Palmira", recorda o filho.
Em um cartaz preso a seu corpo, os jihadistas o acusaram de ser partidário do regime, de ter representado a Síria em conferências no exterior com "infiéis" e de ter sido o diretor dos "ídolos" de Palmira.
O filho está convencido que ele foi executado porque se negou a jurar lealdade ao EI.
"Os assassinos deixaram o corpo durante três dias sob vigilância e depois o jogaram em um lixão perto da cidade. Dois amigos do meu pai vigiaram a caminhonete e esperaram a saída dos jihadistas. Recuperaram o corpo e nos avisaram que o enterraram", recorda Tarek, sem conter as lágrimas.
O filho não esconde o remorso.
"Me sinto culpado. Vejo meu pai na prisão perguntado por quê os filhos que educou o deixaram sozinho. Se soubesse que iriam executá-lo, teria retornado para salvá-lo".
Khaled al-Asaad, considerado o "pai de Palmira", foi executado em uma praça em 18 agosto de 2015, três meses depois de o EI ter conquistado a cidade.
"Os jihadistas o decapitaram e colocaram sua cabeça no chão, abaixo do corpo pendurado em um poste de energia elétrica na principal praça de Palmira", conta o filho Tarek al-Asaad á AFP no Museu de Damasco.
"A primeira coisa que quero fazer, agora que Palmira foi libertada do Daesh (acrônimo árabe do EI), é encontrar as pessoas que conservaram sua cabeça e achar o corpo para enterrá-lo de maneira digna no jazigo da família no cemitério da cidade", completou o homem de 35 anos.
Ele pretende visitar a área antiga de Palmira, recuperada no domingo pelo exército sírio com a ajuda da aliada Rússia, após uma ofensiva de 20 dias.
"Sentimos que a alma jovial de meu pai vaga sobre Palmira e saúda a libertação", disse Tarek el-Assad.
"Minha sobrinha Myriam, de 10 anos, sonhou que o avô estava sentado no jardim, feliz e sorridente".
- 40 anos em Palmira -Considerado um dos pioneiros da arqueologia síria, Khaled al-Asaad foi o diretor do departamento de Antiguidades de Palmira durante 40 anos, de 1963 a 2003.
Ele coordenou a descoberta, entre outros locais, de vários cemitérios antigos e supervisionou as escavações e restauração deste patrimônio histórico, com 1.000 colunas e uma formidável necrópole de 500 tumbas.
Também foi o idealizador do projeto de inscrever a cidade, conhecida como "pérola do deserto", na lista de patrimônio mundial da humanidade la Unesco.
Quando os jihadistas se aproximaram da cidade, em maio de 2015, os filhos de Khaled al-Asaad e vários guardas conseguiram salvar 400 bustos e peças arqueológicas únicas.
No dia 20 de maio, apenas 10 minutos antes da chegada dos extremistas, o último veículo deixou o museu.
O irmão de Tarek, Walid, que substituiu o pai como diretor do departamento de Antiguidades de Palmira, foi torturado e caminha com a ajuda de muletas.
"Os jihadistas procuravam duas toneladas de ouro, mas meu irmão disse que não existiam. Para que ele falasse, desfiguraram estátuas, como a da deusa Alat, que estavam no museu".
Após a queda de Palmira, Khaled al-Asaad se instalou a 100 km do local, em Qasr al-Hayr Sharqi. No dia 20 de julho de 2015, homens encapuzados o buscaram para uma "reeducação islâmica".
O arqueólogo octogenário foi condenado à morte. Ele pediu para ver pela última vez o museu e depois foi levado, com as mãos amarradas e descalço, para o centro da cidade.
"Se negou a ajoelhar-se para a decapitação. Disse que desejava permanecer reto como as colunas e palmeiras de Palmira", recorda o filho.
Em um cartaz preso a seu corpo, os jihadistas o acusaram de ser partidário do regime, de ter representado a Síria em conferências no exterior com "infiéis" e de ter sido o diretor dos "ídolos" de Palmira.
O filho está convencido que ele foi executado porque se negou a jurar lealdade ao EI.
"Os assassinos deixaram o corpo durante três dias sob vigilância e depois o jogaram em um lixão perto da cidade. Dois amigos do meu pai vigiaram a caminhonete e esperaram a saída dos jihadistas. Recuperaram o corpo e nos avisaram que o enterraram", recorda Tarek, sem conter as lágrimas.
O filho não esconde o remorso.
"Me sinto culpado. Vejo meu pai na prisão perguntado por quê os filhos que educou o deixaram sozinho. Se soubesse que iriam executá-lo, teria retornado para salvá-lo".
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