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Diretora de biblioteca ucraniana de Moscou é detida por extremismo

29/10/2015 16h44

Moscou, 29 Out 2015 (AFP) - Investigadores da segurança russa anunciaram nesta quinta-feira a detenção da diretora de uma biblioteca ucraniana em Moscou, à qual acusaram de promover ideias "extremistas", no contexto das tensões persistentes entre os dois países.

O comitê de investigações russo, encarregado dos principais casos criminais na Rússia, afirma que Natalia Charina "difundia desde 2011 entre os leitores de livros (de sua biblioteca) a obra de Dmytro Korchinsky, reconhecida pela justiça (russa) por seus conteúdos extremistas, razão pela qual seu uso está proibido" na Rússia.

Korchinsky é uma personalidade ucraniana controversa, que participou da fundação do grupo ultranacionalista UNA-UNSO antes de criar outro coletivo radical denominado Bratstvo (Fraternidade).

Ele participou com seus partidários nas manifestações (da praça) de Maidan, durante o inverno de 2014 em Kiev, que precipitaram a queda do presidente pró-russo Viktor Ianukovich.

Segundo sua organização, ela fugiu brevemente da Ucrânia, após os acontecimentos de Maidan para depois voltar ao país para combater ao lado das forças de Kiev no leste separatista da Ucrânia, integrando o batalhão "Santa Maria".

Charina, de 58 anos, foi acusada de incitação ao ódio racial e atentado contra a dignidade humana, segundo comunicado difundido pelos investigadores. Ela pode ser condenada a até cinco anos de prisão.

"Não é a primeira tentativa do Kremlin de qualificar qualquer questão ucraniana como 'russófoba' e 'extremista'", reagiu o ministério ucraniano de Relações Exteriores, acrescentando que as autoridades russas já tinham feito uma batida na biblioteca em 2010 e 2011, procurando "literatura extremista".

Além disso, chamou as autoridades russas a "parar de pressionar a biblioteca, que representa um centro cultural para a comunidade ucraniana (de Moscou), integrada por vários milhares" de pessoas.

A biblioteca de Charina foi criada com o aval das autoridades municipais de Moscou para promover a literatura ucraniana. Em junho de 2013, contava com mais de 6.900 volumes em seu acervo.

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