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Nefertiti pode estar enterrada junto a Tutancâmon

01/10/2015 14h56

Luxor, Egito, 1 Out 2015 (AFP) - Diante dos majestosos afrescos da tumba de Tutancâmon, o arqueólogo britânico Nicholas Reeves defende com afinco sua teoria: a bela Nefertiti, figura fundamental do Egito Antigo, está enterrada ali, em uma câmara secreta do hipogeu do faraó.

Até agora, os arqueólogos não encontraram a múmia desta rainha de beleza lendária, que exerceu um determinante papel político e religioso no século XIV do período pré-cristão.

Nefertiti foi esposa do faraó Aquenáton, famoso por ter convertido seu reino ao monoteísmo ao impor o culto exclusivo ao deus do Sol, Aton.

Reeves chegou a Luxor para tentar esclarecer o enigma de seu paradeiro. Segundo sua teoria, que dá muito o que falar na imprensa e nas redes sociais, Nefertiti teria sido enterrada em uma sala contígua à tumba do faraó Tutancâmon, filho de Aquenáton.

A chave está na morte "inesperada" do jovem faraó, aos 19 anos, explicou o egiptólogo diante da entrada da tumba, no coração do Vale dos Reis em Luxor, no sul do Egito.

Na falta de uma tumba disponível para Tutancâmon, os clérigos decidiram abrir a de Nefertiti, morta dez anos antes, para enterrá-lo ali, segundo Reeves.

Na câmara funerária, a uns passos da múmia escurecida no rei morto em 1.324 do período pré-cristão após um curto reinado de nove anos, o arqueólogo assinala um afresco que representa Tutancâmon e seu sucessor, Ay.

O ministro egípcio das Antiguidades, Mamdu al Damati, rodeado de egiptólogos e funcionários públicos, ouviu com atenção este especialista da Universidade do Arizona.

Portas secretasSegundo Reeves, as pinturas murais desta câmara funerária esconderiam duas portas, cuja existência jamais havia sido colocada em questão.

Uma dessas portas poderia levar para uma "câmara funerária inviolada do proprietário original da tumba: Nefertiti". A outra levaria a uma "câmara de armazenamento intacta" que supostamente dataria da era de Tutancâmon.

"É uma teoria muito boa, mas as melhores teorias nem sempre funcionam", afirma, prudente, o arqueólogo.

"Acredito que vale a pena comprová-lo porque é possível fazer isso sem causar danos", afirmou. Reeves espera contar com a ajuda de um aparelho específico, um radar, que será importado especialmente do Japão.

Acredita estar diante de uma descoberta comparável à de seu colega britânico Howard Carter, que em 4 de novembro de 1922, no mesmo lugar, revelou a tumba de Tutancâmon, um dos poucos monumentos que ainda não tinha sido saqueado ao longo dos milênios.

O maior dos tesourosA tumba revelou o maior tesouro já descoberto no mundo: mais de 5.000 objetos, entre eles famosa máscara funerária de ouro maciço cravejada de pedras preciosas, exibida no Cairo.

"Espero que possamos utilizar o radar e verificar se há um vazio ou não" atrás das paredes, comentou Reeves.

Estimou que os testes poderão começar no final de novembro. "Nos fazem falta autorizações a nível de segurança e isso toma tempo", explicou Reeves, enquanto o ministro estima um prazo de entre um e três meses.

"Agora estou 70% seguro de que encontraremos algo", comemora Al Damati.

Mas o ministro está cético sobre a possibilidade de encontrar o hipogeu de Nefertiti e faz suas apostas no de Kiya, outra esposa de Aquenáton, ou no de outro membro da família real.

A visita preparatória de Reeves acabou nesta quinta-feira com uma coletiva de imprensa no Cairo.