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Explosão em Palmira causa temores de novo vandalismo do Estado Islâmico

31/08/2015 11h14

Damasco, 31 Ago 2015 (AFP) - Uma potente explosão na cidade antiga de Palmira, na Síria, despertou nesta segunda-feira o temor de que o grupo Estado Islâmico (EI) tenha destruído o templo de Bel, o mais importante deste conjunto arqueológico patrimônio da Humanidade.

No dia 23 de agosto, estes jihadistas que ocupam amplas regiões deste país em guerra civil destruíram o templo de Baalshamin, o segundo mais importante de Palmira.

No domingo, o Observatório Sírio de Direitos humanos (OSDH) anunciou que o grupo Estado Islâmico detonou uma parte do templo de Bel.

Mohamed Hassan al-Homsi, um militante contrário ao regime de Palmira, também disse que o templo havia sido parcialmente destruído. "Utilizaram recipientes e barris repletos de explosivos, preparados com antecedência".

No entanto, nesta segunda-feira o diretor-geral de Antiguidades e Museus na Síria, Maamun Abdelkarim, mostrou-se mais prudente. "Segundo as informações que reunimos, os jihadistas do EI provocaram uma explosão no domingo no pátio do templo", mas a parte fechada e "a colunata frontal estão intactas", declarou à AFP.

O templo mais bonito"O pátio é imenso, tem 43.000 m2, e os jihadistas não autorizaram os funcionários dos serviços de Antiguidades a se aproximar", acrescentou.

O templo de Bel, conhecido como a "pérola do deserto", é, sem dúvida, o templo mais impressionante de Palmira.

"Combina de forma única a arte oriental e a arte greco-romana. Ainda conserva todos os atributos dos templos antigos, o altar, as colunas. Junto ao templo de Baalbek no Líbano é o templo mais bonito do Oriente Médio", disse Abdelkarim.

Sua construção teve início no ano 32 d.C e levou mais de um século. Foi conquistado em maio pelo EI, um grupo que já destruiu várias joias arqueológicas no Iraque. Antes da guerra na Síria, milhares de turistas visitavam este templo todos os anos.

O EI considera as obras religiosas pré-islâmicas, principalmente as estátuas, como idolatria.

Além de ter destruído o templo de Baalshamin, um ato denunciado pela Unesco como como um crime de guerra, os jihadistas do EI decapitaram em 18 de agosto o arqueólogo sírio Khaled al-Asaad, de 82 anos, diretor por 40 anos do parque arqueológico de Palmira.

EI se aproxima de DamascoEm Damasco, eram registrados nesta segunda-feira confrontos entre o EI e rebeldes islamitas, que se aproximavam pouco a pouco do centro da capital síria.

Ocorreram confrontos em Qadam, um bairro do sul da capital, onde o grupo jihadista tomou o controle de duas ruas neste fim de semana, segundo o OSDH.

"É o ponto mais próximo do coração da capital ao qual o EI chegou", disse o diretor desta ONG, Rami Abdel Rahman, que forneceu um balanço de 15 mortos no domingo em combates que obrigaram os civis a fugir.

Os jihadistas vieram de Hajar al-Aswad, um bairro vizinho, onde estão presentes desde julho de 2014.

Uma fonte de segurança síria confirmou que ocorreram combates nesta zona. "Estamos felizes que lutem entre eles, mas seguimos de perto a situação para reagir caso avancem em direção aos setores controlados pelo governo", disse esta fonte à AFP.

Em outras regiões do país, a Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, e seus aliados islamitas se aproximavam do povoado xiita de Fua, depois de terem tomado a localidade limítrofe de Sawaghiyé, na província de Idleb (noroeste). Dois civis e nove combatentes dos dois grupos morreram em combates nesta localidade, segundo o OSDH.

Fua, Kafraya - outra localidade xiita - e o aeroporto de Abu Duhur são os últimos três pontos ainda sob o controle do regime de Bashar al-Assad nesta província próxima à Turquia, nas mãos dos rebeldes.

Mais de 240.000 pessoas morreram desde o início do conflito sírio, em 2011, onde os combates opõem o regime, rebeldes, forças curdas e jihadistas em um território cada vez mais fragmentado.