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Assassino de jornalistas, Vester Lee Flanagan era obcecado pelo racismo

26/08/2015 19h59

Washington, 26 Ago 2015 (AFP) - Antes de matar friamente, ao vivo, dois de seus colegas jornalistas e depois se matar, Vester Lee Flanagan, descrito como violento, alegou que pretendia responder ao racismo olho por olho, especialmente após o massacre em uma igreja de Charleston.

"O que me fez explodir foi o massacre na igreja", escreveu Flanagan, em referência ao ataque que ocorreu em junho passado em uma igreja da comunidade negra de Charleston (Carolina do Sul, leste), no qual nove paroquianos negros foram mortos pelo jovem supremacista branco Dylann Roof.

"E quanto a Dylann Roof (...) Quer uma guerra racial? Pois então terá", escreveu em um manifesto enviado por fax à rede de televisão ABC News.

Flanagan, que como jornalista era conhecido como Bryce Williams, assassinou na manhã desta quarta-feira a repórter Alison Parker e ao cinegrafista Adam Ward, da rede de televisão local WDBJ7.

Pouco depois de ter matado seus dois ex-colegas e filmar o crime (Flanagan postou depois os vídeos nas redes sociais), o dono da conta @bryce_williams7 no Twitter justificou seu gesto em uma série de posts. Disse, por exemplo, que "Alison fez comentários racistas" e que ele ficou indignado que a jornalista "tenha sido contratada apesar disto".

Nascido em 1973 e graduado na Universidade do estado de San Francisco em 1995, depois de ter crescido na cidade vizinha de Oakland, Califórnia, Flanagan argumentava que, durante toda sua carreira, sofreu por sua condição de negro e homossexual.

Em seu manifesto especifica que sofreu "discriminação, repressão sexual" e diversos atos cruéis no trabalho. "Disse ter sido atacado por homens negros e mulheres brancas (...) pelo fato de ser negro e homossexual", resume a ABC News.

"Bomba humana"Bryce Williams havia processado criminalmente suas vítimas por discriminação racial, mas o diretor-geral da WDBJ7, Jeffrey Marks, descartou as acusações.

Marks afirmou ter demitido Williams - que classificou como um "homem infeliz" - em fevereiro de 2013 após "vários incidentes vinculados com sua violência".

Durante sua curta passagem pela emissora (entrou em março de 2012), ele havia forjado uma reputação ambígua: por um lado, a de homem com o qual "é difícil de trabalhar" e por outro, a de repórter "com talento e experiência", lembrou o diretor do canal.

Entre 1993 e 1995, Williams foi empregado pela KPIX, filiada local em São Francisco da CBS News.

Em seu perfil do Linkedin, Bryce Williams, nome sob o qual estava inscrito nesta rede profissional, informou ter trabalhado para várias redes de televisão de diversos estados dos EUA desde meados dos anos 1990, mas também destacou sua experiência em áreas como marketing e relacionamento com clientes.

Entre 2000 e 2002, por exemplo, trabalhou no Bank of America e na Pacific Gas and Electric Company. Antes, entre 1999 e 2000, havia sido repórter para a rede WTWC, que o demitiu por seu "comportamento bizarro".

"Era um bom apresentador, um repórter bastante bom. E depois, as coisas começaram a se ficar um pouco estranhas", recordou Don Shafer, que o recrutou na época.

Após sua demissão, Bryce Williams entrou com um processo contra a WTWC por discriminação. Segundo ele, na emissora tinham-no chamado de "macaco".

Em seu manifesto, Williams, que se apresentava como testemunha de Jeová, escreveu: "O ataque a tiros na igreja [de Charleston] foi o ponto crítico (...) mas a minha raiva foi aumentando continuamente... Tenho sido uma bomba humana há algum tempo... Só esperando para EXPLODIR!!!!".