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Vítimas de Cosby posam para capa da revista New York

27/07/2015 13h07

Nova York, 27 Jul 2015 (AFP) - Quantas são? Quem são exatamente? Após meses de acusações contra o comediante Bill Cosby, a revista New York conseguiu reunir 35 de suas supostas vítimas, dando a palavra a estas mulheres que acusam o ex-astro de televisão de tê-las drogado e agredido sexualmente.

Algumas das acusações datam dos anos 1960; as mais recentes, dos anos 2000. As 35 mulheres, fotografadas na capa da revista, eram na época modelos, meninas, atrizes no início de carreira, posavam para a revista Playboy, etc.

Muitas permaneceram em silêncio sobre os supostos crimes durante anos.

"Poderia ter caminhado por qualquer rua de Manhattan e dito em qualquer lugar: 'Fui estuprada e drogada por Bill Cosby', mas alguém no mundo teria acreditado?", explica à revista Barbara Bowman, de 48 anos, que conheceu Cosby nos anos 1980, quando tinha 17 anos e tentava se tornar atriz.

Outra contou que sofria uma forte dor de cabeça e perguntou a Cosby se ele tinha um analgésico. "Ele respondeu: 'Tenho algo muito mais forte'. E eu disse a ele: 'Sabe, não uso drogas'. Ele respondeu: 'Você é uma das minhas melhores amigas, acha que vou te prejudicar?'. E acreditei nele", explicou Joyce Emmons, de 70 anos, que trabalhava em clubes de espetáculo e afirma ter sido agredida por ele no fim dos anos 1970.

"Me perguntou se queria um copo de vinho. Bebi uns goles. Tinha um gosto horrível. E comecei a me sentir mal", contou também Jewel Allison, de 52 anos, ex-modelo, que afirmou ter sido agredida no fim dos anos 1980. Ela acrescentou que tinha muito medo na época para denunciá-lo.

O site da revista New York não estava acessível na manhã desta segunda-feira, ao que parece vítima de um ataque de hackers. A revista, que afirmou que um total de 46 vítimas haviam dado seu testemunho, resolveu publicar no Instagram alguns deles.

Cosby, de 78 anos, nega as acusações de agressão sexual e nunca foi acusado.

Em uma declaração em 2005, no âmbito de uma demanda que terminou mediante um acordo financeiro, reconheceu que havia dado um poderoso sedativo a ao menos uma jovem com quem buscava manter relações sexuais.

Esta declaração se tornou pública há pouco tempo, o que reavivou o escândalo. Mas sua advogada contra-atacou. Cosby "só admitiu que foi uma das muitas pessoas que nos anos 70 usou o Quaalude para manter relações sexuais consensuais", declarou Monique Pressley em um documento judicial.

Cosby era considerado uma lenda do humor televisivo americano e um símbolo da luta contra o preconceito racial, além de representar a imagem do pai de família perfeito.

Sua sitcom, "The Cosby Show", marcou as décadas de 80 e 90 e foi sucesso de audiência absoluto.