Jornal chinês quer novo começo para o artista dissidente Ai Weiwei
O jornal chinês "Global Times", ligado ao Partido Comunista, pediu nesta quinta-feira (11) ao dissidente Ai Weiwei que pare de criticar o governo, depois de uma exposição do artista em Pequim.
Em um gesto impensável até então, as autoridades chinesas autorizaram que o artista inaugurasse a primeira exposição individual no fim de semana passado. Na mostra, Weiwei propõe ao visitante uma reflexão artística sobre os objetos através do tempo.
Ao mencionar uma "nova situação", o jornal Global Times dedica um editorial a Weiwei, mas sem recorrer à agressividade habitual a respeito do artista.
"Talvez tenha chegado o momento de virar a página quanto à polêmica com Weiwei", afirma o jornal do Partido Comunista Chinês. Esta exposição "pode ser a oportunidade para um novo início para Weiwei", completa o editorial.
O dissidente, vencedor de vários prêmios internacionais, nunca suavizou as críticas ao governo, chegando inclusive a burlar a vigilância constante a que é submetido.
O "Global Times" destaca que já passou muito tempo desde a detenção do artista por três meses em 2011, quando Weiwei foi acusado de fraude fiscal e privado de seu passaporte, o que provocou uma onda de indignação em todo o mundo.
"Na China, as pessoas o conhecem mais por motivos políticos do que que por sua obra artística", destaca o jornal, para o qual Weiwei pode se considerar feliz em comparação com outros dissidentes chineses.
O artista talvez tenha começado a reduzir suas exigências ante as constantes pressões. Weiwei, que não foi encontrado para comentar o editorial, afirmou no Twitter que as autoridades chinesas ainda não devolveram seu passaporte.
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