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Frida Kahlo e sua Casa Azul ocupam o Jardim Botânico de Nova York

22/05/2015 16h44

Nova York, 22 Mai 2015 (AFP) - "Frida e Diego viveram nesta casa", diz a frase pintada em letras amarelas em uma parede azul no corredor envidraçado e cheio de plantas exuberantes. Poderia ser a Cidade do México, mas é o Jardim Botânico de Nova York e sua mostra dedicada à pintora mexicana.

"Frida Kahlo: Arte, Jardim, Vida", aberta em 16 de maio e que se estenderá até 1º de novembro próximo, tem como eixo uma instalação de plantas e flores repensando o estúdio e o jardim da artista e do marido, o muralista mexicano Diego Rivera, na célebre Casa Azul de Coyoacán.

"Nós nos inspiramos na arte de Frida Kahlo, as também na arte de seu jardim. Sabíamos, por ter estudado suas pinturas, que era uma cuidadosa observadora da natureza e das plantas, mas o que aprendemos estudando-a mais é que também era uma pessoa muito apaixonada pelas plantas", disse à AFP Joanna Groarke, curadora do Jardim Botânico de Nova York, situado no Bronx (norte).

A Casa Azul, atualmente no Museu Frida Kahlo, pertenceu à família da artista desde 1904 e ela viveu ali com Diego Rivera com intervalos entre 1929 e sua morte, em 1954. Quatro anos depois, a propriedade foi transformada em museu.

Os curadores do Jardim Botânico e a curadora convidada, Adriana Zavala, ambientaram a bela estufa Haupt Conservatory, de ferro forjado, no estilo do Palácio de Cristal de Madri, com plantas pertencentes à coleção da instituição e outras trazidas de diferentes partes do mundo.

A instalação inclui um canto dedicado ao estúdio de Kahlo e uma réplica da pirâmide da Casa Azul, criada originalmente para exigir a coleção de arte pré-hispânica de Rivera e que mostra aqui vasos tradicionais com cactus e suculentas mexicanos.

"Com Frida era uma oportunidade de examinar sua obra através de um mundo completamente novo", explicou Groarke, curadora de conteúdo interpretativo para o público, lembrando que o Jardim Botânico já fez mostras similares sobre a relação entre arte e natureza dedicadas a outras personalidades, como Charles Darwin, Emily Dickinson e Claude Monet.



Cinco anos de preparação

Os trabalhos de preparação "levaram quase cinco anos" em colaboração com diferentes instituições do México, como o Museu Dolores Olmedo de Xochimilco, disse Groarke, que destacou a importância de apresentar Kahlo em Nova York.

"Ela é extremamente conhecida aqui nos Estados Unidos. Estamos muito entusiasmados em conseguir oferecer uma visão um pouco diferente", destacou a encarregada do conteúdo interpretativo para a participação do público.

Além da Casa Azul, a mostra apresenta em uma das galerias do Jardim Botânico mais de uma dúzia de pinturas e desenhos de Kahlo, cuja vida e obra foram tema de vários filmes, inclusive um em 2002 interpretado e coproduzido por Salma Hayek.

Sua exuberante biografia, seus amantes e amigos famosos, como Leon Trotsky e André Breton, ocultaram seu trabalho artístico e Kahlo nunca chegou a saborear o reconhecimento que teve na posteridade e que, a partir dos anos 80, a tornou em uma das pintoras mais cotadas da América Latina.

Uma particularidade da mostra é que pela primeira vez desloca toda informação em inglês e espanhol.

"Sabemos que nossos visitantes chegam de todos os lados para esta mostra e queríamos ser capazes de alcançar um público mais amplo", afirmou Groarke.

A imersão na cultura mexicana é completa, com painéis com poesias sobre plantas e flores do México do prêmio Nobel de Literatura Octavio Paz, conferências, gastronomias, atividades para crianças e noites especiais com música e dança.