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Jihadistas do EI ameaçam cidade síria de Palmira e avançam no oeste do Iraque

15/05/2015 18h34

Beirute, 15 Mai 2015 (AFP) - Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) se aproximavam nesta sexta-feira da joia arqueológica de Palmira, no deserto sírio, enquanto no Iraque se apoderaram da maior parte de Ramadi, a capital provincial no oeste do país.

Além disso, o EI executou 23 civis, entre os quais nove crianças, em um povoado próximo a Palmira, informou uma ONG nesta sexta-feira.

"O grupo EI executou com armas de fogo 23 civis, dos quais nove crianças, na cidade de Amiriyeh, ao norte de Tadmor (nome em árabe de Palmira)", informou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Segundo ele, membros de famílias de funcionários do governo estão entre as pessoas assassinadas perto de Palmira, local declarado Patrimônio Mundial pela Unesco, ameaçado pelos jihadistas.

"Os jihadistas estão agora a um quilômetro do sítio arqueológico de Palmira", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

"O regime enviou reforços à cidade e a aviação está bombardeando os arredores de Tadmor", o nome da cidade em árabe, acrescentou.

O sítio arqueológico, conhecido por suas colunas romanas e suas torres funerárias, encontra-se no sul da cidade de Palmira.

"Estamos muito preocupados", afirmou nesta sexta-feira a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, em Beirute, que inscreveu em 1980 o sítio na lista do patrimônio da Humanidade.

"Monitoramos a situação porque é um sítio antigo romano, de muito valor", acrescentou, depois de renovar seu pedido a todas as partes para que respeitem o local.

Segundo o OSDH, os combates se desenrolam ao norte, no leste e no sul da cidade, e neles 138 combatentes morreram, entre eles 73 soldados e 65 jihadistas.

Nos povoados situados perto de Palmira, dos quais o exército se retirou, o EI também executou 26 civis, dez deles por decapitação, por colaboração com o regime, segundo o OSDH.

O governador da província de Homs (centro), da qual este oásis em pleno deserto forma parte, afirmou que a situação está sob controle.

"O exército enviou reforços e a aviação está bombardeando posições" do EI, indicou à AFP Talal Barazi.

Nos últimos dias, o EI tomou todos os postos do exército situados na estrada entre Palmira e a localidade de Al-Sujna, a 80 km.

O diretor de Antiguidades e dos museus sírios, Maamun Abdelkarim, convocou a comunidade internacional a se mobilizar para impedir uma eventual destruição de Palmira, o que seria uma catástrofe internacional, disse.

Há mais de um mês combatentes do EI apareceram em um vídeo destruindo no Iraque o sítio arqueológico de Nimrod.

Palmira foi um importante foco cultural do mundo antigo, e se desenvolveu com força após a conquista romana no século I a.C.

Sua lendária rainha, Zenobia, se opôs ao domínio romano, e séculos depois a região se converteu em uma etapa chave da histórica Rota da Seda, que levava mercadorias do Extremo Oriente à Europa.



Expansão no oeste do Iraque

No Iraque, o grupo jihadista se apoderou do principal complexo governamental em Ramadi, informou o próprio EI e as autoridades iraquianas.

"O Daesh (acrônimo árabe do grupo EI) ocupa agora o complexo governamental de Ramadi e hasteou sua bandeira no quartel-general da polícia de Al-Anbar", afirmou à AFP uma fonte policial que pediu anonimato.

O EI, sunita, divulgou um comunicado no qual afirma que seus combatentes "tomaram de assalto o complexo governamental no centro de Ramadi, mataram os renegados e explodiram os edifícios do governo de Al-Anbar e do quartel-general da polícia safavid", antes de assumir o controle do complexo.

"Safavid" é um termo que designa uma antiga dinastia iraniana e que o EI usa de modo pejorativo para tentar estabelecer um vínculo entre as forças do governo e as forças de segurança do Irã, um país de maioria xiita.

O grupo jihadista designa como "renegados" os combatentes de tribos sunitas aliados do governo.



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