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Grupo Estado Islâmico ameaça cidade histórica síria de Palmira

14/05/2015 18h06

Beirute, 14 Mai 2015 (AFP) - O grupo Estado Islâmico (EI) estava nesta quinta-feira às portas da cidade histórica síria de Palmira, aumentando os temores de que os jihadistas a destruam, como já fizeram com outras joias do patrimônio cultural de Síria e Iraque.

A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, pediu às partes do conflito para "proteger Palmira e fazer tudo o possível para impedir sua destruição".

"Estou profundamente preocupada com as informações que chegam de Palmira", acrescentou Bokova. "É preciso salvá-la", acrescentou.

"Palmira está ameaçada", declarou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

"A batalha acontece dois quilômetros ao leste da cidade, depois que o grupo EI tomou o controle de todos os postos do exército entre Al-Sujna e Palmira".

O valor histórico deste oásis situado 240 km a nordeste de Damasco é inestimável, já que abriga as ruínas monumentais de uma cidade que foi um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo, e que foi declarada patrimônio mundial da Unesco.

Sua arquitetura conjuga as técnicas greco-romanas com as tradições locais e a influência persa, segundo esta agência da ONU.

Nas cidades próximas a Palmira, de onde o exército sírio se retirou, os jihadistas do EI executaram 26 civis, decapitando 10 deles "por colaborar com o regime", destacou o OSDH, com sede na Grã-Bretanha.

"Acabo de falar por telefone com meus colegas em Palmira, me confirmaram que (os jihadistas) estão a dois quilômetros da cidade. A aviação os bombardeia e espero que estes bárbaros não entrem no interior da cidade", afirmou Mamun Abdulkarim, diretor das Antiguidades e Museus Sírios.

"Se o EI entrar em Palmira, significará sua destruição, uma catástrofe internacional" e "a repetição da barbárie e da selvageria que ocorreu em Nimrud, Hatra e Mossul", advertiu, em alusão aos locais antigos atacados pelos jihadistas nos últimos meses no Iraque.

Os rebeldes tiveram o controle da cidade até setembro de 2014, quando o exército sírio recuperou o controle. Durante os combates, o templo de Baal sofreu danos pelos disparos de artilharia.



Mil e oitocentas famílias refugiadas em Palmira

Talal Barazi, governador da província de Homs, à qual Palmira pertence, explicou que após a queda de Al-Sukhna na quarta-feira 1.800 famílias fugiram a Palmira, onde três centros de acolhida foram abertos.

Desde a noite de terça-feira, os combates nesta zona deixaram 110 mortos, 70 dos quais são membros das forças de segurança do regime, além de 55 jihadistas.

Entre os últimos se encontra Abu Malek Anas al-Nashwan, que apareceu em um vídeo do EI mostrando a decapitação em abril de 28 etíopes na Líbia, segundo sites extremistas.

Um vídeo divulgado no mês passado nas redes sociais mostrava os jihadistas do EI destruindo o sítio arqueológico iraquiano de Nimrud, joia do império assírio fundado no século XIII, e antes haviam atacado Hatra, cidade de 2.000 anos, e o museu de Mossul, no norte do Iraque.

Na Síria, os combatentes extremistas destruíram patrimônios de Raqa, Mari, Dura Europos, Apamea, Ajaja (nordeste) e Hamam Turkoman, perto de Raqa.

"As pilhagens e a destruição de sítios arqueológicos alcançaram uma escala sem precedentes" este ano, alertou na quarta-feira a diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, em uma conferência no Cairo.

Abdulkarim, no entanto, assegurou não ter recebido qualquer chamado ou convite para a conferência. "Apesar do que acontece aqui em Palmira, a Unesco mantém silêncio", lamentou.

No restante da Síria, 39 pessoas morreram na quarta-feira em bombardeios do exército em três localidades rebeldes no sul da província de Aleppo, segundo o OSDH.

Por outro lado, em um áudio difundido nesta quinta-feira em sites jihadistas, o líder do grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr Al Baghdadi, convocou os muçulmanos a "imigrar" para o "califado" que ele proclamou em território sírio e iraquiano.

Se for confirmada a autenticidade da mensagem, esta seria a primeira gravação do líder do grupo em seis meses, depois de informações de imprensa terem assegurado que ele estava seriamente ferido em um ataque.

A voz que lê o texto durante meia hora parece ser a mesma de gravações anteriores atribuídas ao chefe do EI, a última em novembro passado.

O jornal britânico The Guardian tinha anunciado em 21 de abril passado que Baghdadi tinha ficado "gravemente ferido" em 18 de março no oeste do Iraque, durante um ataque da coalizão aérea contra o EI, comandada pelos Estados Unidos.

A gravação parece recente e na mesma, Abu Bakr Al Baghdadi menciona a intervenção saudita no Iêmen, lançada em 26 de março para frear o avanço dos rebeldes xiitas.

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