Museu do nazismo é inaugurado em Munique, berço do nacional-socialismo
Munique, Alemanha, 30 Abr 2015 (AFP) - Um museu dedicado à história do nazismo abriu suas portas nesta quinta-feira em Munique (sul da Alemanha), a cidade que foi berço do movimento e que durante muito tempo teve dificuldades para enfrentar seu passado.
A inauguração coincide com o 70º aniversário da chegada à capital bávara das tropas americanas e com o suicídio de Adolf Hitler em um bunker em Berlim, em 1945, poucos dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial.
Veteranos americanos e sobreviventes do Holocausto participarão durante a tarde, junto a personalidades políticas, como a ministra federal de Cultura, Monika Grutters, da cerimônia organizada no edifício, um cubo branco com finas aberturas de vidro, erguido no coração do antigo centro nervoso do poder nazista.
Para o diretor da instituição, Winfried Nerdinger, filho de um membro da resistência local, é evidente que Munique demorou para encarar de frente um passado sobre o qual preferia manter silêncio.
"Para Munique, foi mais difícil que para outras cidades da Alemanha, porque também está mais marcada que qualquer outra cidade", afirmou. "Aqui tudo começou".
Para Nerdinger, o principal objetivo deste Centro de Documentação sobre a História do Nacional Socialismo é mostrar como Munique, orgulhosa de se apresentar como uma terra de tolerância e amor pela cultura, viu seu espírito se desvanecer sob o movimento nazista.
A exposição permanente apresenta fotografias e vídeos que retratam a época, desde as grandiosas manifestações militares até a destruição da cidade pelos bombardeios aliados.
Nerdinger não quis, no entanto, expor uniformes nazistas ou os gigantescos estandartes nazistas com suásticas para evitar exaltar a estética nazista.
Em seu lugar, o visitante encontrará objetos cheios de simbolismo, como o soneto rabiscado à mão e encontrado, manchado de sangue, no bolso do resistente Albrecht Haushofer, executado pouco antes do fim da guerra.
O mago Hitler
O Partido Operário Alemão (DAP) foi fundado em uma cervejaria de Munique em 1919 e Hitler se uniu a ele pouco depois. Convertido em Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) em 1920, acolheu desde o início simpatizantes nacionalistas, beneficiando-se do processo contra Hitler por alta traição, após seu primeiro golpe de Estado frustrado em 1923.
A influência combinada da crise econômica e dos temores à ameaça comunista fez de Munique um "reduto do sentimento reacionário", declarou o escritor Thomas Mann em 1926.
Em 1930, os nazistas estabeleceram em Munique seu quartel-general, a Casa Marrom, no mesmo local onde hoje se encontra o museu.
E a cidade foi essencial para colocar em andamento o sistema de campos de concentração, com a abertura de Dachau, primeiro campo e modelo para os demais, a poucos quilômetros da capital bávara.
"As pessoas sempre me perguntam: 'Como as pessoas podiam pensar assim na época? Como puderam chegar a tais extremos?' E eu devo dizer: 'Hitler tinha muito sucesso, era como um mago'", explicou à AFP Edgar Feuchtwanger, um nonagenário judeu originário de Munique que vive na Grã-Bretanha.
A chanceler Angela Merkel participará na quarta-feira da celebração no museu dos 70 anos da libertação do campo. Suas portas serão abertas ao público nesta sexta-feira, 1º de maio.
dlc-elr/fjb/mf/aoc/pc/ma
A inauguração coincide com o 70º aniversário da chegada à capital bávara das tropas americanas e com o suicídio de Adolf Hitler em um bunker em Berlim, em 1945, poucos dias antes do fim da Segunda Guerra Mundial.
Veteranos americanos e sobreviventes do Holocausto participarão durante a tarde, junto a personalidades políticas, como a ministra federal de Cultura, Monika Grutters, da cerimônia organizada no edifício, um cubo branco com finas aberturas de vidro, erguido no coração do antigo centro nervoso do poder nazista.
Para o diretor da instituição, Winfried Nerdinger, filho de um membro da resistência local, é evidente que Munique demorou para encarar de frente um passado sobre o qual preferia manter silêncio.
"Para Munique, foi mais difícil que para outras cidades da Alemanha, porque também está mais marcada que qualquer outra cidade", afirmou. "Aqui tudo começou".
Para Nerdinger, o principal objetivo deste Centro de Documentação sobre a História do Nacional Socialismo é mostrar como Munique, orgulhosa de se apresentar como uma terra de tolerância e amor pela cultura, viu seu espírito se desvanecer sob o movimento nazista.
A exposição permanente apresenta fotografias e vídeos que retratam a época, desde as grandiosas manifestações militares até a destruição da cidade pelos bombardeios aliados.
Nerdinger não quis, no entanto, expor uniformes nazistas ou os gigantescos estandartes nazistas com suásticas para evitar exaltar a estética nazista.
Em seu lugar, o visitante encontrará objetos cheios de simbolismo, como o soneto rabiscado à mão e encontrado, manchado de sangue, no bolso do resistente Albrecht Haushofer, executado pouco antes do fim da guerra.
O mago Hitler
O Partido Operário Alemão (DAP) foi fundado em uma cervejaria de Munique em 1919 e Hitler se uniu a ele pouco depois. Convertido em Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) em 1920, acolheu desde o início simpatizantes nacionalistas, beneficiando-se do processo contra Hitler por alta traição, após seu primeiro golpe de Estado frustrado em 1923.
A influência combinada da crise econômica e dos temores à ameaça comunista fez de Munique um "reduto do sentimento reacionário", declarou o escritor Thomas Mann em 1926.
Em 1930, os nazistas estabeleceram em Munique seu quartel-general, a Casa Marrom, no mesmo local onde hoje se encontra o museu.
E a cidade foi essencial para colocar em andamento o sistema de campos de concentração, com a abertura de Dachau, primeiro campo e modelo para os demais, a poucos quilômetros da capital bávara.
"As pessoas sempre me perguntam: 'Como as pessoas podiam pensar assim na época? Como puderam chegar a tais extremos?' E eu devo dizer: 'Hitler tinha muito sucesso, era como um mago'", explicou à AFP Edgar Feuchtwanger, um nonagenário judeu originário de Munique que vive na Grã-Bretanha.
A chanceler Angela Merkel participará na quarta-feira da celebração no museu dos 70 anos da libertação do campo. Suas portas serão abertas ao público nesta sexta-feira, 1º de maio.
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