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Canal francês TV5Monde retoma serviço após ciberataque reivindicado por jihadistas

09/04/2015 15h09

Paris, 9 Abr 2015 (AFP) - A rede de televisão francófona TV5Monde retomou sua transmissão integral na tarde desta quinta-feira, um dia depois de um grande ciberataque lançado por hackers que afirmam ser do grupo Estado Islâmico (EI), razão pela qual o governo privilegia a hipótese terrorista.

O governo francês convocou os meios de comunicação do país a permanecerem muito vigilantes diante da ameaça de que ofensivas similares se repitam.

Há uma "retomada total da antena, tudo funciona", declarou à AFP o diretor da redação, Pascal Guimier. O noticiário televisionado foi retomado no início da tarde com esta frase do apresentador: "TV5 está com vocês ao vivo esta noite".

Este ataque contra a TV5Monde é "totalmente inédito na história da televisão", declarou à AFP Yves Bigot, diretor-geral da emissora que é transmitida em mais de 200 países e territórios do mundo, e que representa um símbolo da TV francesa no cenário internacional.

Segundo analistas, o ciberataque foi executado por especialistas altamente capacitados.

Depois de várias horas com as telas escuras em seus 11 canais, a TV5Monde conseguiu voltar a exibir imagens e depois, às 10H00 (5H00 de Brasília), "restabeleceu a distribuição em todo o mundo, exceto os noticiários e as entradas ao vivo".

A ação de hackers contra a TV5 é um "atentado inaceitável à liberdade de informação e de expressão", escreveu o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, no Twitter.

O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, a ministra da Cultura, Fleur Pellerin, e o chanceler Laurent Fabius compareceram na manhã desta quinta-feira à sede da TV5Monde em Paris.

"A investigação está em curso", disse Cazeneuve, antes de afirmar que está decidido a combater "os terroristas".

Fleur Pellerin anunciou que terá uma reunião com os diretores dos grandes meios de comunicação do país.

O ataque aconteceu às 22H00 de Paris na quarta-feira (17h00 de Brasília).

As transmissões foram interrompidas e substituídas por uma tela escura nos 11 canais da TV5Monde.

Ao mesmo tempo, o canal de televisão perdeu o controle de suas páginas no Facebook, de suas contas no Twitter e de seus portais de internet, nos quais os hackers publicaram reivindicações do Estado Islâmico.

"É um ciberataque extremamente preciso e potente", declarou Bigot à AFP.



Currículos de familiares de militares franceses

O canal recuperou o controle do Facebook e Twitter durante a madrugada, mas o portal na internet permanecia "em manutenção" nesta quinta-feira.

Documentos apresentados como carteiras de identidade e currículos de parentes de soldados franceses envolvidos nas operações contra o EI foram postados na conta do Facebook da TV5 Monde.

"Soldados da França, fiquem longe do Estado Islâmico! Vocês têm a chance de salvar suas famílias, aproveitem", afirmava uma mensagem no Facebook que acompanhava estes documentos.

"Em nome de Alá, o clemente, o misericordioso, o CiberCalifado continua a liderar sua ciberjihad contra os inimigos do Estado Islâmico", completava a nota.

A mensagem acusava o presidente francês, François Hollande, de ter cometido um erro imperdoável travando "uma guerra que não serve para nada".

"Por isso que os franceses receberam o presente de janeiro na (revista) Charlie Hebdo e no (supermercado) Hyper Casher", completava o texto, em referência aos atentados contra a revista satírica e a loja de produtos judaicos que deixaram 17 mortos em Paris entre os dias 7 e 9 de janeiro.

A França forma parte da coalizão militar internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos que realiza bombardeios aéreos há vários meses no Iraque e na Síria, onde o EI conquistou enormes territórios e proclamou um califado.

O CiberCalifado "ainda está procurando as famílias de militares que se venderam para os americanos", afirmava o texto no Facebook.

A TV5Monde, com sede em Paris, "transmite o idioma francês a todo o mundo, celebra sua diversidade, cria pontes entre os francófonos do mundo. Estes são os valores que deliberadamente foram atacados", indicou em um tuíte a secretária de Estado francesa do Desenvolvimento e Francofonia, Annick Girardin.

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