Topo

Berlim celebra os 25 anos da queda do Muro com Peter Gabriel e balões

O músico Peter Gabriel, que se apresenta nas celebrações de 25 anos da queda do Muro de Berlim - AFP
O músico Peter Gabriel, que se apresenta nas celebrações de 25 anos da queda do Muro de Berlim Imagem: AFP

De Berlim (Alemanha)

07/11/2014 10h03

Berlim celebra neste fim de semana os 25 anos da queda do Muro, com eventos que terminarão no domingo (9) com uma grande festa popular, com artistas como Daniel Barenboim e Peter Gabriel.

A imprensa alemã divulgou a previsão de dois milhões de pessoas na capital, mas uma greve de trens prevista para a próxima segunda-feira pode reduzir o fluxo de visitantes.

"Muro da vergonha" na Alemanha Ocidental, "proteção antifascista" na Alemanha Oriental, a construção de mais de 150 km de comprimento foi erguida em 1961 pela República Democrática Alemã (RDA, Oriental), comunista.

Sob a pressão pacífica de centenas de milhares de manifestantes, o muro foi derrubado 28 anos depois, em 9 de novembro de 1989. Menos de um ano depois, em 3 de outubro de 1990, a reunificação da Alemanha foi oficializada.

A chanceler Angela Merkel, que cresceu na RDA e morava em Berlim Oriental em 1989, falou na semana passada sobre o "sentimento indescritível" daquela noite.

"Nunca esquecerei", afirmou a chefe de Governo, que no próximo domingo vai inaugurar a nova exposição permanente do Memorial do Muro e assistirá a um concerto na sala Berliner Ensemble, que já foi o Teatro Bertold Brecht.

As comemorações, batizadas de "A Coragem da Liberdade", acontecerão no Portão de Brandeburgo, em pleno centro da capital.

A orquestra da Staatskapelle, sob o comando do argentino-israelense Daniel Barenboim, dará início à festa ao meio-dia.

Durante a tarde, artistas de vários gêneros musicais se apresentarão e, às 18h, acontecerá uma homenagem às "vítimas do Muro", mortas quando tentavam ultrapassar a barreira.

O número exato de mortes não é conhecido. Em toda a RDA, pelo menos 389 pessoas morreram quando tentavam escapar, um dado oficial que as associações de vítimas consideram abaixo da realidade.

Fronteira luminosa de 8.000 balões

Durante a noite, a festa terá a participação de artistas como o veterano do rock alemão Udo Lindenberg, autor em 1983 da canção "Sonderzug nach Pankow" ("Trem especial para Pankow"), o nome de um bairro de Berlim Oriental. Na música, ele critica o último dos dirigentes da Alemanha Oriental, Erich Honecker, por não ter autorizado um show na RDA.

O britânico Peter Gabriel interpretará o clássico "Heroes", gravado em 1977 a poucos metros do Muro por David Bowie, durante a fase de sua carreira que viveu em Berlim Ocidental.

A partir desta sexta-feira à noite, 8.000 balões luminosos desenharão, ao longo de 15 km, o traçado do antigo Muro.

Os balões da "fronteira luminosa" ("Lichtgrenze") levarão as mensagens de 8.000 "padrinhos" reunidos com a ajuda da internet.

Os balões, símbolos de uma fronteira que se apaga, serão lançados ao céu no domingo à noite, acompanhados pela música do último movimento da 9ª sinfonia de Ludwig van Beethoven - A Ode à Alegria -, que agora é o hino da União Europeia.

Paralelamente às comemorações, o último dirigente soviético, Mikhail Gorbachev, de 83 anos, prêmio Nobel da Paz, participará em um debate que discutirá o recente aumento de tensão entre o Ocidente e a Rússia.

O último presidente da União Soviética, considerado na Rússia o responsável pelo caos posterior à desintegração da URSS, é respeitado no Ocidente por sua decisão de abrir mão do uso da força para reprimir as aspirações democráticas dos cidadãos dos países satélites.