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Artista que queria fazer canoa com a forma de sua vagina é detida em Tóquio

Imagem da campanha da artista Megumi Igarashi pedindo apoio ao seu projeto "MK Boat Project", um barco feito a partir de um molde em 3D de sua vagina - Reprodução
Imagem da campanha da artista Megumi Igarashi pedindo apoio ao seu projeto "MK Boat Project", um barco feito a partir de um molde em 3D de sua vagina Imagem: Reprodução

De Tóquio (Japão)

15/07/2014 13h37

A polícia japonesa prendeu em Tóquio uma artista acusada de obscenidade por distribuir dados que permitiam realizar impressões em 3D de sua vagina, detenção que seus seguidores denunciam como um ataque à liberdade de expressão.

Megumi Igarashi, 42 anos, que se apresenta como Rokude Nashiko ("menina bastarda"), tentava, desta forma, coletar fundos na internet para financiar a fabricação de uma canoa, modelada com a forma de sua vagina, com uma impressora 3D.

O Japão tem uma indústria pornográfica importante que engloba uma série de gostos.

No entanto, a lei continua proibindo a representação dos genitais, que normalmente aparecem censurados ou disfarçados com pixels em imagens e vídeos.

A artista - que criou outras obras inspiradas nos órgãos genitais - foi detida no sábado (12) por "distribuir informação que poderia criar uma forma obscena com uma impressora 3D", indicou uma porta-voz da polícia à AFP nesta terça-feira.

Antes de sua detenção, Igarashi - que seguia detida nesta terça-feira - conseguiu arrecadar um milhão de ienes (9.800 dólares) através de uma página de financiamento coletivo.

Em troca de doações, enviava dados aos participantes com os quais podiam criar impressões em 3D de seus genitais.

Os seguidores de Igarashi denunciaram uma utilização extremamente ampla da legislação japonesa contra a obscenidade neste caso.

A ativista Minori Kitahara disse que a polícia vasculhou o escritório de Igarashi e apreendeu 20 obras dela.

"O Japão continua sendo uma sociedade na qual se reprime os que tentam expressar a sexualidade feminina, quando a sexualidade masculina é tolerada em excesso", disse.

Caso seja condenada, Igarashi enfrenta uma possível pena de até dois anos de prisão e uma multa de 2,5 milhões de ienes, segundo seu advogado.