Caminho do Inca é incluído no Patrimônio da Humanidade
DOHA, 21 Jun 2014 (AFP) - O Caminho do Inca, uma engenhosa rede de comunicação viária que se estendeu por seis países da América do Sul, foi declarado neste sábado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, uma distinção que reconhece a sofisticação de um sistema pré-hispânico que surpreendeu o mundo.
As trilhas, que serviam ao Inca para controlar seu império (Tahuantisuyo), se estendem da Argentina ao Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, e estavam unidas por uma trama de caminhos que constituíam o Qhapaq Ñan (Caminho Inca em quéchua).
Após o anúncio, a ministra peruana da Cultura, Diana Álvarez, saudou o "reconhecimento (de) a grandeza do Caminho Inca".
"Para os peruanos, significa o reconhecimento mundial da cultura inca, que construiu uma infra-estrutura unindo quilômetros de caminho para organizar todo o seu mundo andino", disse a ministra.
"Este sistema extraordinário de sistemas se estende por uma das zonas geográficas do mundo de maiores contrastes", situada entre a cordilheira dos Andes, a selva tropical, a costa do Pacífico e desertos, destacou a Unesco em um comunicado.
"A denominação significa para os seis países o reconhecimento de um dos monumentos mais importantes do mundo andino", disse à AFP Luis Lumbreras Flores, arqueólogo do Projeto Caminho Inca, do Ministério da Cultura peruano.
O Qhapaq Ñan, rede de caminhos mais antiga da América, percorria longitudinalmente todo o Tahuantinsuyo ao longo da Cordilheira dos Andes, do oeste da Argentina ao sul do território onde hoje fica a Colômbia. A via principal tem 6000 km de sul a norte.
Este caminho de montanha, paralelo ao oceano Pacífico, era unido por trechos transversais que, inclusive, chegavam à selva e ao 'Gran Chaco', na Argentina e na Bolívia.
"Existem outros trechos por onde a população ainda transita. Tem zonas empedradas, com pedra plana ou recheados de terra e em alguns locais é possível ver muros de contenção nos dois lados do caminho", disse o arqueólogo peruano Cristian Vizconde.
O reconhecimento permitirá conseguir financiamento de organizações internacionais para a conservação e a restauração dos caminhos e santuários erguidos em torno da via, afirmam, otimistas, os arqueólogos.
Toda a rede em litoral, serra e selva totalizava 30.000 km de extensão, que interligava os quatro 'suyos' ou pontos cardeais do império, com a mítica capital, Cuzco ("umbigo" ou "centro", em quéchua).
O Peru reúne a maior parte dos percursos descobertos das antigas rotas.
O trecho mais famoso e aonde chegam milhões de turistas de todo o mundo, parte de Cuzco até a cidadela de Machu Picchu. São 43 km entre florestas, com escadarias em pedra milenares. O caminho chega à Porta do Sol, onde é possível contemplar vistas majestosas das ruínas de Machu Picchu.
- No Equador e na Bolívia - A declaração de Patrimônio Mundial "é, sem dúvida, um atrativo muito grande, se aproveitado turisticamente, como está fazendo o Peru", disse à AFP Roque Sevilla, presidente da Metropolitan Touring, operadora turística no Equador, onde os caminhos só são explorados por jovens aventureiros.
"O Caminho do Inca tem um valor não só arquitetônico, mas também social, pis foi toda uma forma de vida de uma cultura que teve uma relevância especial na nossa América", disse à AFP Luz Elena Coloma, gerente geral da Quito Turismo, administradora municipal do turismo da cidade.
O império inca funcionava com um sistema de mensageiros que se deslocavam a pé. As mensagens eram enviadas mediante um código de nós em uma corda, que ainda hoje os arqueólogos tentam decifrar.
De Quito, um correio ou uma comunicação a Cuzco, que era encarregado a um mensageiro ou "chasqui", podia demorar 10 dias, segundo os cientistas.
Na Bolívia, onde os trechos descobertos se encontram em mal estado ou muitos foram destruídos usados inclusive por caminhões da atividade de mineração, há dois caminhos: o caminho "Takesi" e a rota de "El Choro".
O primeiro se estende por 70 km e o segundo, por 90 km, ambos ao norte de La Paz.
A declaração da Unesco "valoriza a rota, lhe dá vigência e permitirá que se desenvolvem projetos", disse à AFP Lourdes Mukled, presidente da câmara de operadores de turismo de La Paz.
- Controle e vigilância - O Caminho do Inca tinha a cada 7 km um pukara (posto fortificado), que servia para controle do movimento dos transeuntes. E a cada 21 km um tambo (pousada) para que o Inca e seu séquito descansasse e se abastecesse de comida e água, segundo os historiadores.
Além do comércio, as rotas também serviam para o rápido deslocamento dos guerreiros em tempos de combate.
Segundo arqueólogos peruanos, há trechos desta rede viária, que têm 2.000 anos e foram construídos por antigas culturas, como a huari, e adotados pelos incas.
Os cientistas indicam que o inca Pachacútec, que construiu a cidadela Machu Picchu, usou estes caminhos existentes e construiu outros, unindo-se em uma rede.
O caminho tem setores afetados por agricultores e também por autoridades que o usaram para outros fins, como em Chachapoyas (selva central peruana) onde foi destruído a fim de construir uma trilha com espaço para veículos usada na mineração.
bur-rc/jco/nn/jz/eg/meb/mvv
As trilhas, que serviam ao Inca para controlar seu império (Tahuantisuyo), se estendem da Argentina ao Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia, e estavam unidas por uma trama de caminhos que constituíam o Qhapaq Ñan (Caminho Inca em quéchua).
Após o anúncio, a ministra peruana da Cultura, Diana Álvarez, saudou o "reconhecimento (de) a grandeza do Caminho Inca".
"Para os peruanos, significa o reconhecimento mundial da cultura inca, que construiu uma infra-estrutura unindo quilômetros de caminho para organizar todo o seu mundo andino", disse a ministra.
"Este sistema extraordinário de sistemas se estende por uma das zonas geográficas do mundo de maiores contrastes", situada entre a cordilheira dos Andes, a selva tropical, a costa do Pacífico e desertos, destacou a Unesco em um comunicado.
"A denominação significa para os seis países o reconhecimento de um dos monumentos mais importantes do mundo andino", disse à AFP Luis Lumbreras Flores, arqueólogo do Projeto Caminho Inca, do Ministério da Cultura peruano.
O Qhapaq Ñan, rede de caminhos mais antiga da América, percorria longitudinalmente todo o Tahuantinsuyo ao longo da Cordilheira dos Andes, do oeste da Argentina ao sul do território onde hoje fica a Colômbia. A via principal tem 6000 km de sul a norte.
Este caminho de montanha, paralelo ao oceano Pacífico, era unido por trechos transversais que, inclusive, chegavam à selva e ao 'Gran Chaco', na Argentina e na Bolívia.
"Existem outros trechos por onde a população ainda transita. Tem zonas empedradas, com pedra plana ou recheados de terra e em alguns locais é possível ver muros de contenção nos dois lados do caminho", disse o arqueólogo peruano Cristian Vizconde.
O reconhecimento permitirá conseguir financiamento de organizações internacionais para a conservação e a restauração dos caminhos e santuários erguidos em torno da via, afirmam, otimistas, os arqueólogos.
Toda a rede em litoral, serra e selva totalizava 30.000 km de extensão, que interligava os quatro 'suyos' ou pontos cardeais do império, com a mítica capital, Cuzco ("umbigo" ou "centro", em quéchua).
O Peru reúne a maior parte dos percursos descobertos das antigas rotas.
O trecho mais famoso e aonde chegam milhões de turistas de todo o mundo, parte de Cuzco até a cidadela de Machu Picchu. São 43 km entre florestas, com escadarias em pedra milenares. O caminho chega à Porta do Sol, onde é possível contemplar vistas majestosas das ruínas de Machu Picchu.
- No Equador e na Bolívia - A declaração de Patrimônio Mundial "é, sem dúvida, um atrativo muito grande, se aproveitado turisticamente, como está fazendo o Peru", disse à AFP Roque Sevilla, presidente da Metropolitan Touring, operadora turística no Equador, onde os caminhos só são explorados por jovens aventureiros.
"O Caminho do Inca tem um valor não só arquitetônico, mas também social, pis foi toda uma forma de vida de uma cultura que teve uma relevância especial na nossa América", disse à AFP Luz Elena Coloma, gerente geral da Quito Turismo, administradora municipal do turismo da cidade.
O império inca funcionava com um sistema de mensageiros que se deslocavam a pé. As mensagens eram enviadas mediante um código de nós em uma corda, que ainda hoje os arqueólogos tentam decifrar.
De Quito, um correio ou uma comunicação a Cuzco, que era encarregado a um mensageiro ou "chasqui", podia demorar 10 dias, segundo os cientistas.
Na Bolívia, onde os trechos descobertos se encontram em mal estado ou muitos foram destruídos usados inclusive por caminhões da atividade de mineração, há dois caminhos: o caminho "Takesi" e a rota de "El Choro".
O primeiro se estende por 70 km e o segundo, por 90 km, ambos ao norte de La Paz.
A declaração da Unesco "valoriza a rota, lhe dá vigência e permitirá que se desenvolvem projetos", disse à AFP Lourdes Mukled, presidente da câmara de operadores de turismo de La Paz.
- Controle e vigilância - O Caminho do Inca tinha a cada 7 km um pukara (posto fortificado), que servia para controle do movimento dos transeuntes. E a cada 21 km um tambo (pousada) para que o Inca e seu séquito descansasse e se abastecesse de comida e água, segundo os historiadores.
Além do comércio, as rotas também serviam para o rápido deslocamento dos guerreiros em tempos de combate.
Segundo arqueólogos peruanos, há trechos desta rede viária, que têm 2.000 anos e foram construídos por antigas culturas, como a huari, e adotados pelos incas.
Os cientistas indicam que o inca Pachacútec, que construiu a cidadela Machu Picchu, usou estes caminhos existentes e construiu outros, unindo-se em uma rede.
O caminho tem setores afetados por agricultores e também por autoridades que o usaram para outros fins, como em Chachapoyas (selva central peruana) onde foi destruído a fim de construir uma trilha com espaço para veículos usada na mineração.
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