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Espanha inicia busca pelos restos mortais de Cervantes, autor do "Quixote"

Capa de uma das muitas edições de "Dom Quixote de La Mancha", obra-prima de Cervantes - Reprodução
Capa de uma das muitas edições de "Dom Quixote de La Mancha", obra-prima de Cervantes Imagem: Reprodução

De Madri (Espanha)

28/04/2014 11h45

Equipados com um aparelho semelhante a um detector de metais, dois técnicos instalaram nesta segunda-feira (28) um georradar (GPR) no terreno de uma pequena igreja no centro de Madri, em busca do local onde estariam os restos mortais de Miguel de Cervantes, autor de "Dom Quixote".

Examinando cuidadosamente cada centímetro percorrido pelo radar ao redor do altar, os técnicos registraram pela primeira vez imagens do que há no subsolo da pequena igreja dos Trinitários, um edifício de tijolos vermelhos no coração de Madri.

Cervantes, o grande escritor do Século de Ouro espanhol, morreu na pobreza em 22 de abril de 1616 e foi sepultado no dia seguinte nesta igreja, ao lado de um convento que, desde então, passou por várias reformas.

Quase 400 anos após sua morte, o lugar exato de sua sepultura continua a ser um mistério. As freiras ainda vivem no convento e utilizam a igreja, declarada bem de interesse cultural desde 1921, o que torna difícil realizar buscas sem uma localização precisa.

"Por que procurar os restos mortais de Miguel de Cervantes? Porque é um personagem conhecido mundialmente, porque, basicamente, toda a humanidade está em dívida com ele e porque temos a possibilidade e a tecnologia para localizar os restos mortais e removê-los de uma cova anônima para colocá-los em uma lápide acima. Porque não tentar, se temos a possibilidade?", disse Fernando Pardo, historiador responsável pela busca.

As ondas eletromagnéticas permitem detectar se o solo sofreu alguma mudança, como no caso de uma sepultura.

Os cientistas percorreram 220 metros quadrados, que cobrem o chão da igreja e duas salas adjacentes, durante a primeira fase de buscas, que durará três dias.

Os resultados serão analisados durante três semanas antes da apresentação para o conselho da cidade de Madri. Fernando Pardo calcula que o trabalho deve custar cerca de 100 mil euros.