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Encontradas novas pinturas murais no sítio peruano de Pachacamac

22/04/2014 18h42

BRUXELAS, 22 Abr 2014 (AFP) - Uma equipe de arqueólogos belgas encontrou pinturas murais policromáticas durante escavações realizadas em um pequeno edifício em terra do sítio peruano de Pachacamac, "as primeiras descobertas neste local desde 1938", informou-se esta terça-feira em Bruxelas.

A Universidade Livre de Bruxelas (ULB), da qual depende a equipe de arqueólogos do Projeto Ychsma, indicou em um comunicado que "foram reveladas pinturas murais (...) em um pequeno edifício até agora inexplorado".

"Preciosas oferendas cobriam o solo dos cômodos e de dois passadiços do santuário", informou a ULB, destacando que entre os "objetos e materiais muito diversos, procedentes de diferentes regiões dos Andes" se encontram "ornamentos em penas de papagaio e sementes da Amazônia; pedras negras de La Sierra; conchas em estado natural ou talhadas procedentes do Equador; taças trabalhadas, incrustadas de madrepérola, metal, cerâmica inca".

Segundo os arqueólogos, seria "um testemunho de que o sítio era local de peregrinação de longa distância sob o Império Inca".

Poderia se tratar, afirmaram, de uma "oferenda maciça feita por ocasião do abandono ritual do templo depois da conquista espanhola em 1533".

"Algumas pérolas de vidro em estilo colonial estavam misturadas às oferendas", destacou Peter Eeckhouf, que chefia, ao lado de Milton Luján Dávila, o projeto Ychsma.

Das pinturas, "apenas alguns desenhos puderam ser identificados. As pinturas em cor vermelha, amarela, preta, branca, azul e verde às vezes foram aplicadas em várias camadas, mas os terremotos debilitaram consideravelmente a estabilidade das estruturas", destacou a encarregada de conservação da missão, Kusi Colonna-Preti, citada no comunicado.

No lugar, os arqueólogos encontraram ainda várias tumbas e câmaras funerárias.

A ULB destacou que desde 1938 não era descoberta nenhuma pintura mural no sítio de Pachacamac, um complexo arqueológico ao sul de Lima, no vale do rio Lurin. O sítio foi o maior santuário da costa do Pacífico até a conquista espanhola, em 1533.

O Santuário, com quase 500 hectares e um perímetro de 13.000 metros lineares, apresenta uma sequência de assentamentos humanos, que começaram no ano 200, e foi um centro de peregrinação até a chegada dos espanhóis.

Pachacamac foi habitada antigamente pelas culturas Lima (ano 200), Wari (ano 650), Ichma (1.100 a 1.450) e Inca (1470 a 1533).

Na mitologia pré-hispânica, Pachacamac era um deus que, em quéchua, a língua dos incas, significava "Soberano do mundo". Segundo historiadores, era muito temido porque a ele se atribuía o poder de fazer a terra tremer.