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Jornalistas libertados na Síria retornam para a França

20/04/2014 17h46

PARIS, 20 Abr 2014 (AFP) - Os quatro jornalistas franceses libertados após 10 meses de cativeiro na Síria, que passaram sob o controle de um grupo jihadista vinculado à Al-Qaeda, retornaram neste domingo para a França com os semblantes cansados e mais magros, provas de seu confinamento em "sótãos sem ver a luz do dia".

Mais de 24 horas depois do anúncio da libertação, os primeiros elementos sobre o sequestro pelo Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL) começaram a ser revelados.

Nicolas Hénin, um dos ex-reféns, explicou sua tentativa frustrada de fuga, uma "longa travessia de locais de detenção a locais de detenção" em um país arrasado pela guerra civil.

Edouard Elias, Didier François, Nicolas Hénin e Pierre Torres foram deixados por homens não identificados durante a noite de sexta-feira na fronteira entre Síria e Turquia.

O presidente francês, François Hollande, recebeu os jornalistas no aeroporto militar de Villacoublay, região de Paris.

"Foi longo, mas nunca tivemos dúvidas. Sabíamos que todo mundo estava mobilizado", declarou o repórter Didier François, que agradeceu aos diplomatas e agentes dos serviços secretos pelo trabalho "absolutamente formidável, com muita discrição".

O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, afirmou que vários sequestradores falavam francês.

"Há cidadãos franceses, belgas, italianos, eurpeus em geral, que partiram para fazer a jihad" na Síria, acrescentou Fabius a um programa de TV.

Didier François, da rádio Europe 1, relatou que os quatro passaram 10 meses em porões sem ver a luz do dia, um mês e meio acorrentados uns aos outros e mencionou condições de prisão "árduas".

"Em um país em guerra, nunca nada é fácil, comida, água ou energia elétrica. Algumas vezes, tudo acontecia muito rápido, os combates estavam perto e éramos transferidos rapidamente em condições difíceis", disse.

O repórter Nicolas Hénin, da revista Le Point, feliz com os dois filhos no colo, afirmou que "nem sempre" o tratamento dos sequestradores era bom.

"O que mais sofremos em toda a primeira parte da nossa prisão foi com a falta de alimentos", contou à Tarde Hénin à televisão Arte. "O frio, também, não tínhamos água quente", prosseguiu. "Também houve um pouco de maus-tratos físicos, mas todos os prisioneiros sírios passam por isso. A Síria sempre foi um grande centro mundial da tortura.

O presidente francês repetiu que a França não paga resgates no caso de reféns.

"É um princípio muito importante para que os sequestradores não caiam em tentação de tomar outros reféns. Tudo foi feito com negociações, conversações. Não quero ser mais preciso".

Desde o início da guerra entre o regime de Bashar al-Assad e os rebeldes em 2011, mais de 30 jornalistas estrangeiros foram sequestrados na Síria.

A libertação dos franceses aconteceu após a de vários jornalistas europeus que estavam sob poder do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL), o mais radical dos grupos jihadistas na Síria.

Mas alguns jornalistas continuam sequestrados no país, entre eles os americanos Austin Tice, desaparecido em agosto de 2012, e James Foley, desde novembro de 2012, que já foi colaborador com a AFP.

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