Colômbia e México, as duas pátrias de García Márquez, preparam adeus ao gênio
MEXICO, 20 Abr 2014 (AFP) - O México sediará na segunda-feira uma grande homenagem ao seu genial filho adotivo, Gabriel García Márquez, que prosseguirá um dia depois em sua Colômbia natal, no início do triste adeus ao escritor latino-americano mais carismático do século XX.
Com a família vivendo seu luto privado, as autoridades mexicanas preparam a primeira das cerimônias no Palácio de Belas Artes, no centro, onde o México despede seus grandes ícones culturais, como fez com o escritor Carlos Fuentes e o comediante Mario Moreno "Cantinflas", entre outros.
O palácio abrirá as portas a partir das 16H00 locais (18h00 de Brasília) para que a legião de admiradores de García Márquez possa se despedir.
A diretora do Instituto Nacional de Belas Artes, Maria Cristina García, informou que o evento durará, a princípio, três horas, mas que os parentes de García Márquez estão dispostos a que se estenda "até que a última pessoa" possa dar seu último adeus.
"Sabemos que há uma grande expectativa (...) Haverá quarteto de cordas, flores amarelas e muito amor", descreveu a funcionária, que cuidou dos detalhes com a viúva, Mercedes Barcha.
As cinzas do escritor serão expostas na esplanada do vestíbulo de Belas Artes, ladeadas pelas bandeiras da Colômbia e do México.
Os presidentes dos dois países, o colombiano Juan Manuel Santos e o mexicano Enrique Peña Nieto, formarão uma guarda de honra e dirão algumas palavras. Por enquanto não se informou se outros chefes de Estado ou personalidades estrangeiras viajarão ao México para a homenagem.
García Márquez chegou à Cidade do México em 2 de julho de 1961, ao lado da esposa e do filho mais velho, Rodrigo, em "um entardecer malva, com os últimos vinte dólares e sem nada no porvir", segundo o próprio escritor descreveu.
Com o tempo, o colombiano fez da megalópole um novo lar, também graças a amizades emblemáticas como a de seu compatriota Álvaro Mutis ou dos escritores mexicanos Carlos Fuentes e Juan Rulfo.
No México, encontrou a estabilidade para escrever a maior parte de sua obra literária, inclusive sua obra-prima, "Cem anos de Solidão" (1967), apesar dos iniciais e sérios apuros econômicos. Em 1981, após temporadas em Barcelona, Gavana e Bogotá, fixou residência definitiva na Cidade do México, depois de ter sido acusado de ter vínculos com o grupo guerrilheiro M-19.
No México, García Márquez recebeu a notícia do Prêmio Nobel de Literatura, em 1982, e acabou falecendo na quinta-feira passada aos 87 anos, em sua casa, ao lado da família, após ser hospitalizado com uma pneumonia.
-- Gabo morrerá quando ninguém souber ler -- Em seu país de nascimento, as autoridades também se esmeram para preparar uma homenagem à altura do "maior colombiano de todos os tempos", como admitiu o presidente Santos.
Ao retornar do México, Santos chefiará na terça-feira a cerimônia solene na Catedral Primaz de Bogotá, onde as grandes figuras nacionais são despedidas, em um culto no qual a Orquestra Sinfônica Nacional da Colômbia interpretará o 'Réquiem' de Mozart.
A cerimônia será transmitida para todo o país e também serão montados telões na praça Bolívar, no centro, para as pessoas que não encontrarem espaço na catedral, explicou neste domingo a ministra da Cultura, Mariana Garcés, à emissora Blu Radio.
Para a quarta-feira, 23 de abril, dia internacional do livro, o governo colombiano programou a leitura coletiva de um romance de García Márquez em mais de 1.000 bibliotecas públicas, parques e colégios, cujo primeiro leitor também será Santos.
"Foi escolhido 'Ninguém escreve ao coronel' porque é um livro muito dirigido ao público jovem e que é um de seus romances mais emblemáticos. Queríamos ter uma visão diferente de 'Cem anos de solidão", argumentou Garcés.
A Colômbia acompanha com expectativa a decisão da viúva de García Márquez e de seus filhos, Rodrigo e Gonzalo, sobre o destino final de suas cinzas, que poderão ser divididas entre o México e algum lugar do seu país, como a cidade natal de Aracataca (Caribe).
Na casa do escritor na Cidade do México, que não recebeu visitas na manhã deste domino, não param de se aproximar fãs colombianos e mexicanos.
Genis Jiménez, uma estudante de psicologia de Medellín deixou na casa um buquê de flores amarelas, amuleto de García Márquez.
"É um acontecimento muito triste para todos os colombianos e latino-americanos, mas também nos lembra como foi grande García Márquez", disse a jovem, usando o tradicional 'sobrero vueltiao' (chapéu virado), típico do Caribe colombiano.
"García Márquez continuará vivo por muito tempo e só morrerá totalmente quando não houver ninguém sobre a terra que não saiba ler", disse neste domingo seu compatriota Héctor Abad Faciolince em declarações ao jornal bogotano El Espectador.
lda-yo/gbv/ll/mvv
Com a família vivendo seu luto privado, as autoridades mexicanas preparam a primeira das cerimônias no Palácio de Belas Artes, no centro, onde o México despede seus grandes ícones culturais, como fez com o escritor Carlos Fuentes e o comediante Mario Moreno "Cantinflas", entre outros.
O palácio abrirá as portas a partir das 16H00 locais (18h00 de Brasília) para que a legião de admiradores de García Márquez possa se despedir.
A diretora do Instituto Nacional de Belas Artes, Maria Cristina García, informou que o evento durará, a princípio, três horas, mas que os parentes de García Márquez estão dispostos a que se estenda "até que a última pessoa" possa dar seu último adeus.
"Sabemos que há uma grande expectativa (...) Haverá quarteto de cordas, flores amarelas e muito amor", descreveu a funcionária, que cuidou dos detalhes com a viúva, Mercedes Barcha.
As cinzas do escritor serão expostas na esplanada do vestíbulo de Belas Artes, ladeadas pelas bandeiras da Colômbia e do México.
Os presidentes dos dois países, o colombiano Juan Manuel Santos e o mexicano Enrique Peña Nieto, formarão uma guarda de honra e dirão algumas palavras. Por enquanto não se informou se outros chefes de Estado ou personalidades estrangeiras viajarão ao México para a homenagem.
García Márquez chegou à Cidade do México em 2 de julho de 1961, ao lado da esposa e do filho mais velho, Rodrigo, em "um entardecer malva, com os últimos vinte dólares e sem nada no porvir", segundo o próprio escritor descreveu.
Com o tempo, o colombiano fez da megalópole um novo lar, também graças a amizades emblemáticas como a de seu compatriota Álvaro Mutis ou dos escritores mexicanos Carlos Fuentes e Juan Rulfo.
No México, encontrou a estabilidade para escrever a maior parte de sua obra literária, inclusive sua obra-prima, "Cem anos de Solidão" (1967), apesar dos iniciais e sérios apuros econômicos. Em 1981, após temporadas em Barcelona, Gavana e Bogotá, fixou residência definitiva na Cidade do México, depois de ter sido acusado de ter vínculos com o grupo guerrilheiro M-19.
No México, García Márquez recebeu a notícia do Prêmio Nobel de Literatura, em 1982, e acabou falecendo na quinta-feira passada aos 87 anos, em sua casa, ao lado da família, após ser hospitalizado com uma pneumonia.
-- Gabo morrerá quando ninguém souber ler -- Em seu país de nascimento, as autoridades também se esmeram para preparar uma homenagem à altura do "maior colombiano de todos os tempos", como admitiu o presidente Santos.
Ao retornar do México, Santos chefiará na terça-feira a cerimônia solene na Catedral Primaz de Bogotá, onde as grandes figuras nacionais são despedidas, em um culto no qual a Orquestra Sinfônica Nacional da Colômbia interpretará o 'Réquiem' de Mozart.
A cerimônia será transmitida para todo o país e também serão montados telões na praça Bolívar, no centro, para as pessoas que não encontrarem espaço na catedral, explicou neste domingo a ministra da Cultura, Mariana Garcés, à emissora Blu Radio.
Para a quarta-feira, 23 de abril, dia internacional do livro, o governo colombiano programou a leitura coletiva de um romance de García Márquez em mais de 1.000 bibliotecas públicas, parques e colégios, cujo primeiro leitor também será Santos.
"Foi escolhido 'Ninguém escreve ao coronel' porque é um livro muito dirigido ao público jovem e que é um de seus romances mais emblemáticos. Queríamos ter uma visão diferente de 'Cem anos de solidão", argumentou Garcés.
A Colômbia acompanha com expectativa a decisão da viúva de García Márquez e de seus filhos, Rodrigo e Gonzalo, sobre o destino final de suas cinzas, que poderão ser divididas entre o México e algum lugar do seu país, como a cidade natal de Aracataca (Caribe).
Na casa do escritor na Cidade do México, que não recebeu visitas na manhã deste domino, não param de se aproximar fãs colombianos e mexicanos.
Genis Jiménez, uma estudante de psicologia de Medellín deixou na casa um buquê de flores amarelas, amuleto de García Márquez.
"É um acontecimento muito triste para todos os colombianos e latino-americanos, mas também nos lembra como foi grande García Márquez", disse a jovem, usando o tradicional 'sobrero vueltiao' (chapéu virado), típico do Caribe colombiano.
"García Márquez continuará vivo por muito tempo e só morrerá totalmente quando não houver ninguém sobre a terra que não saiba ler", disse neste domingo seu compatriota Héctor Abad Faciolince em declarações ao jornal bogotano El Espectador.
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