Morre Alain Resnais, cineasta da memória e da imaginação
PARIS, 02 Mar 2014 (AFP) - Cineasta da memória e do imaginário, Alain Resnais, morto na noite deste sábado em Paris, aos 91 anos, marcou a história do cinema francês com suas obras.
Com uma carreira prolífera, com filmes como "Hiroshima, meu amor" e "Ervas daninhas", Resnais trabalhou com grandes nomes da literatura - Marguerite Duras, Alain Robbe-Grille e Jorge Semprún, por exemplo - e explorou sem cessar os vínculos entre imagem e escrita renovando constantemente suas fontes de inspiração.
Nascido em 3 de junho de 1922, em Vannes, filho de um farmacêutico, o jovem Resnais se apaixonou desde cedo pela literatura. Aos 13 anos rodou um curta-metragem, "Fantasmas", e após o ensino médio foi para o Instituto Francês de Estudos Cinematográficos (IDHEC), em 1943.
Ele começa a trabalhar na montagem de filmes, e logo se volta para o cinema de arte. "Van Gogh" (1946), "Guernica" (1950), "Gauguin" (1951) e "As estátuas também morrem" (1953), recompensados em vários festivais, deram a ele uma reputação como documentarista, confirmada com "Noite e nevoeiro", que evoca os campos de morte nazistas.
A riqueza narrativa e a insólita poesia de seus primeiros longa-metragens, "Hiroshima, meu amor" e "O ano passado em Marienbad", surpreenderam ao público e à crítica.
"Muriel" (1962) e "A guerra terminou" (1966), reflexões sobre a memória, a guerra e o compromisso afirmam a singularidade e o talento do cineasta.
Após dois filmes menores, "Providence" (1974) marca uma sutil meditação sobre a criação literária e foi considerada uma de suas obras-primas.
Nos anos 1980, Resnais não deixou de surpreender: ele adaptou com igual maestria as teses do biólogo Henri Laborit ("Meu tio da América") e uma peça teatral de Henry Bernstein sobre educação ("A vida é um romance).
O filme em duas partes "Smoking e No Smoking" (1993), estrelado por musa, Sabine Azéma, recebeu o urso de prata em Berlim e cinco prêmios César.
Posteriormente, Alain Resnais volta a inovar com assombroso frescor criativo ao fazer uma comédia cantada ("On connaît la chanson", en 1997), e uma adaptação de uma opereta dos anos 1920, "Na boca não" (2003).
Seu filme "Assuntos privados em lugares públicos", uma melancólica e onírica comédia sobre a solidão, ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza de 2006.
Em 1995, Resnais já havia sido premiado com o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra.
Após três anos longe das câmeras, o diretor voltou em 2009 com "As ervas daninhas", uma reflexão sobre o desejo estrelada por Sabine Azéma e André Dussolier. Em seguida, dirigiu "Você ainda não viu nada", de 2012 e "Amar, beber e cantar", seu último filme, apresentado no Festival de Berlim em fevereiro de 2014.
Casado primeiramente com Florence Malraux, filha de André Malhaux. Após sua separação, viveu, desde o final dos anos 1980, com a atriz Sabine Azéma, com quem se casou em 1998.
doc-nd/frd/nou/ml/mm
Com uma carreira prolífera, com filmes como "Hiroshima, meu amor" e "Ervas daninhas", Resnais trabalhou com grandes nomes da literatura - Marguerite Duras, Alain Robbe-Grille e Jorge Semprún, por exemplo - e explorou sem cessar os vínculos entre imagem e escrita renovando constantemente suas fontes de inspiração.
Nascido em 3 de junho de 1922, em Vannes, filho de um farmacêutico, o jovem Resnais se apaixonou desde cedo pela literatura. Aos 13 anos rodou um curta-metragem, "Fantasmas", e após o ensino médio foi para o Instituto Francês de Estudos Cinematográficos (IDHEC), em 1943.
Ele começa a trabalhar na montagem de filmes, e logo se volta para o cinema de arte. "Van Gogh" (1946), "Guernica" (1950), "Gauguin" (1951) e "As estátuas também morrem" (1953), recompensados em vários festivais, deram a ele uma reputação como documentarista, confirmada com "Noite e nevoeiro", que evoca os campos de morte nazistas.
A riqueza narrativa e a insólita poesia de seus primeiros longa-metragens, "Hiroshima, meu amor" e "O ano passado em Marienbad", surpreenderam ao público e à crítica.
"Muriel" (1962) e "A guerra terminou" (1966), reflexões sobre a memória, a guerra e o compromisso afirmam a singularidade e o talento do cineasta.
Após dois filmes menores, "Providence" (1974) marca uma sutil meditação sobre a criação literária e foi considerada uma de suas obras-primas.
Nos anos 1980, Resnais não deixou de surpreender: ele adaptou com igual maestria as teses do biólogo Henri Laborit ("Meu tio da América") e uma peça teatral de Henry Bernstein sobre educação ("A vida é um romance).
O filme em duas partes "Smoking e No Smoking" (1993), estrelado por musa, Sabine Azéma, recebeu o urso de prata em Berlim e cinco prêmios César.
Posteriormente, Alain Resnais volta a inovar com assombroso frescor criativo ao fazer uma comédia cantada ("On connaît la chanson", en 1997), e uma adaptação de uma opereta dos anos 1920, "Na boca não" (2003).
Seu filme "Assuntos privados em lugares públicos", uma melancólica e onírica comédia sobre a solidão, ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza de 2006.
Em 1995, Resnais já havia sido premiado com o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra.
Após três anos longe das câmeras, o diretor voltou em 2009 com "As ervas daninhas", uma reflexão sobre o desejo estrelada por Sabine Azéma e André Dussolier. Em seguida, dirigiu "Você ainda não viu nada", de 2012 e "Amar, beber e cantar", seu último filme, apresentado no Festival de Berlim em fevereiro de 2014.
Casado primeiramente com Florence Malraux, filha de André Malhaux. Após sua separação, viveu, desde o final dos anos 1980, com a atriz Sabine Azéma, com quem se casou em 1998.
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