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Mary Quant, a estilista que revolucionou a moda no 'Swinging London'

07/02/2014 19h51

LONDRES, 07 Fev 2014 (AFP) - Figura emblemática do "Swinging London", período de efervescência cultural na segunda metade dos anos 60, e audaz criadora da minissaia, a britânica Mary Quant celebra na terça-feira seus 80 anos com um olhar entusiasmado sobre a moda atual "dedicada às pernas" e à condição feminina.

Ainda que confesse certa nostalgia "da efervescência e da inovação" da Londres dos anos 60, a criadora conhecida também pelo corte de cabelo 'bob' considera que "hoje em dia é maravilhoso ser uma mulher".

"As mulheres aproveitam mais do que nunca suas vidas", disse a mulher que revolucionou a moda feminina popularizando a minissaia, as meias coloridas e a maquiagema em entrevista por escrito à AFP.

"Uma nova espécie de superwoman apareceu", diz com admiração em sua última autobiografía, publicada em 2012: "Evoluem como atletas, sentam-se como homens, com os joelhos separados. Seus filhos adotam os sobrenomes de suas mães. (...) Elas têm o controle".

Mary Quant é viúva, tem um filho, três netos e vive em Surrey (sudoeste de Londres). Em 2000, ela vendeu aos japoneses sua marca de cosméticos, identificada pelo logotipo em forma de flor.

Sua estreia no mundo da moda foi compartilhada com o homem que seria mais tarde seu marido, Alexander Plunket Greene. O que atraiu a atenção primeiro foi o estilo excêntrico das roupas da jovem estudante que conheceu na faculdade de arte de Goldsmiths, em Londres.

Em 1955 o casal abriu junto com um amigo a primeira loja, chamada Bazaar, no bairro de Chelsea, em plena ebulição. A loja de roupas e acessórios, junto com um restaurante aberto no sótão, transformou-se em ponto de encontro de jovens e artistas. Atraiu também celebridades da época, como Brigitte Bardot, Audrey Hepburn, os Beatles e os Rolling Stones.



Uma moda jovem e lúdica

Mary Quant criou saias e vestidos curtos, com modelagem simples e cores vivas, expostos em vitrines extravagantes.

"Os senhores de chapéu batiam em nossa vitrine com os guarda-chuvas e gritavam 'imoral' e 'asqueroso' ao ver nossas minissaias e meias, mas os clientes se acotovelavam para comprar", escreveu Quant em sua autobiografia.

A rua King's Road, onde abriu a loja, se transformou em passarela para as jovens de minissaia no ambiente de festa permanente do "Swinging London", que tinha a Carnaby Street como outro ponto importante.

Aproveitando seu sucesso, a estilista inaugurou a segunda loja, em colaboração com a rede americana de grandes lojas JC Penney, e lançou uma linha acessível para o grande público, chamada The Ginger Group.

Adepta das formas geométricas, círculos, contrastes de cores e incorporação de materiais como o PVC, Mary Quant promoveu uma moda alegre, lúdica e sem esnobismo.

"Acontece que minhas roupas correspondiam exatamente à moda adolescente, ao pop, aos cafés com expressos e aos clubes de jazz", comenta em "Quant by Quant", sua primeira autobiografia.

"Estava no lugar certo no momento adequado", diz Jenny Lister, curadora encarregada da ala de moda do museu Victoria and Albert, estabelecimento que possui centenas de peças, como roupas, maquiagem e lingerie da estilista.

A personalidade e o estilo conhecidos e fáceis de identificar de Mary Quant, com sua famosa franja morena esculpida por Vidal Sassoon, contribuíram para fazer dela "a estilista de moda mais famosa deste país", diz uma especialista.

"Tinha um comportamento intrépido e poderia dar palestras falando de maneira provocante de sexualidade e de sua vida privada, além de suas roupas, consideradas muito escandalosas na época", explica Jenny Lister.

Seus herdeiros voltam sua atenção agora para as marcas jovens e o grande público, como a Topshop, segundo Lister.