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Controvérsia na China por número de dança

05/02/2014 09h23

PEQUIM, 05 Fev 2014 (AFP) - Um número de dança de uma adolescente que girou ao redor de si mesma durante as quatro horas da cerimônia exibida na TV do Ano Novo Chinês provocou uma polêmica no país, onde muitos criticaram um espetáculo cruel.

A dança de Wei Caiqi, de 15 anos, queria simbolizar as revoluções do tempo nesta tradicional transmissão da televisão pública chinesa, que na noite de quinta-feira registrou uma audiência recorde.

Durante quatro horas e ao vivo, e a um ritmo que ia se acelerando à medida que a meia-noite se aproximava, a jovem Wei deu voltas como um peão, vestida com um elegante vestido longo.

Com a entrada do país no Ano do Cavalo, muitos chineses saudaram a proeza da bailarina, mas outros milhares se indignaram com um espetáculo que pareceu desumano e inútil.

A controvérsia chegou às redes sociais, caixa de ressonância da opinião pública chinesa.

"Como classificar isto com outro termo que não seja o de crueldade?", escreve um usuário chamado Laolaolaoqi. "Para mim, o sentimento de asco anula a apreciação estética", acrescenta.

"Alguém pode me explicar o interesse deste número de peão durante quatro horas?", pergunta outro internauta.

Segundo a CCTV, a televisão estatal central chinesa, a transmissão do programa de variedades do novo ano foi acompanhada por 704 milhões de pessoas e outras 110 mil assistiram nas telas de seus computadores. Ou seja, sete vezes mais que a audiência do SuperBowl nos Estados Unidos.

O site especializado em ciência Guokr estima que Wei Caiqi deu mais de 15.000 voltas, segundo um complexo cálculo que leva em conta a aceleração progressiva do movimento rotatório.

A interessada, no entanto, minimizou a questão. Em uma mensagem em uma rede social publicada dias antes da cerimônia afirmou: "Alguns dizem que é cruel me fazerem dar voltas durante quatro horas. Mas para mim não é uma crueldade, e sim uma prática espiritual. Quando giro é como se entrasse em meditação".