Contra a moda efêmera, estilistas reciclam roupas
BERLIM, 04 dez 2013 (AFP) - Em reação à moda efêmera e barata de gigantes da moda como H&M e Zara, estilistas de Berlim reciclam roupas usadas, convencidos de que o reaproveitamento pode se aplicar também ao prêt-à-porter.
O chão do ateliê de Daniel Kroh, próximo da estação central de Berlim, está coberto de macacões e coletes laranjas com listras fluorescentes usados pelos trabalhadores da ferrovia alemã.
Descosturados, esses uniformes velhos são matéria-prima desse estilista que tinge e retalha o material para fazer roupas masculinas. Em uma peça de roupa, "procuro o traço autêntico", afirma Kroh resumindo seu trabalho.
Cada peça é única. É o oposto de uma gigante da moda como a Zara, que deu origem do movimento conhecido como "fast fashion" (moda rápida em referência à comida fast food), que produz uma roupa rapidamente e a baixo preço.
Daniel Kroh, assim como outros estilistas de Berlim, é especializado na valorização de resíduos têxteis para fabricação de produtos de qualidade superior. Ele recupera uniformes e calças de carpinteiros que seriam queimadas para fazer roupas novas sob medida vendidas para uma clientela de 'dandys'.
Sua abordagem de moda faz parte da luta contra o desperdício e o consumo desenfreado.
Esses estilistas não inventaram a roda. "Minha mãe e avó (...) faziam saias novas com pedaços de vestidos ou remendavam casacos" para economizar, diz a italiana Carla Cixi, estilistas instalada há cinco anos dem Berlim.
"Mas e hoje? Nos livramos de uma roupa em que falta um botão ou que está com o zíper emperrado", diz Cecilia Palmer. Essa estilista trintona está sempre levando roupas que não usa mais e as troca com outras pessoas. Os participantes dessa "festa" podem também fazer novas roupas graças ás máquinas de costura que Cecilia leva.
A ideia subjacente de seu projeto? "Consumir de forma diferente", explica a estilista, denunciando as toneladas de roupas jogadas no lixo a cada ano.
Esses estilistas se revoltam contra as roupas "descartáveis". "É um escândalo o que fazem algumas marcas vendendo roupas que não serão usadas mais do que duas ou três vezes", já que em pouco tempo já estarão fora de moda, diz Carla Cixi, que leva horas trabalhando em criações de crochê.
Comprar na H&M "é como ir a um fast-food e se entupir de hambúrgueres. Nós nos sentimos mal depois", compara Daniel Kroh, para quem "essas roupas não tem alma".
De Atenas até o norte da Noruega, a juventude europeia usa o mesmo jeans slim (estreito), produzido em Bangladesh ou Camboja aos milhões de exemplares e vendido a preços imbatíveis. É uma moda que agrada a todos, mas que "termina sendo a mesma coisa" para todos, diz Carla Cixi.
Cada jaqueta ou terno que Daniel Kroh fabrica tem explicações sobre sua origem.
Eugenie Schmidt e Mariko Takahashi, que criaram sua própria marca de roupas recicladas, também decidiram "contar a história" dos vestidos e calças confeccionados em seu ateliê no coração da antiga Berlim Oriental.
"Quanto mais uma roupa é usada, mais ela tem uma parte da história da pessoa que usou", explica Eugenie Schmidt, mostrando um vestido rosa tranparente com mangas permanentemente manchadas. "Esses são os traços da pintura", já que ele pertencia a uma pintora.
Mas as roupas recicladas, que necessitam de um longo trabalho, ainda são inacessíveis para a maior parte das pessoas. Uma jaqueta pode facilmente passar dos 400 euros.
Os estilistas reconhecem que este ainda é um nicho. Eles denunciam, ao mesmo tempo, os preços praticados pelas cadeias de prêt-à-porter, com camisas vendidas muitas vezes a 5 euros.
A última a embarcar no mundo da roupa descartável foi a irlandesa Primark, que atrai -sem publicidade- milhares de pessoas pelo preço baixo a cada loja aberta na Europa. É exatamente o que acontece em Berlim, onde as mulheres saem com os braços cheios. Os preços baixíssimos alimentam a polêmica sobre as condições de fabricação.
A maior ironia da história: no ateliê de Eugenie Schmidt e Mariko Takahashi, grande parte das roupas recicladas é feita justamente a partir de paças de lojas como a H&M e a Zara.
O chão do ateliê de Daniel Kroh, próximo da estação central de Berlim, está coberto de macacões e coletes laranjas com listras fluorescentes usados pelos trabalhadores da ferrovia alemã.
Descosturados, esses uniformes velhos são matéria-prima desse estilista que tinge e retalha o material para fazer roupas masculinas. Em uma peça de roupa, "procuro o traço autêntico", afirma Kroh resumindo seu trabalho.
Cada peça é única. É o oposto de uma gigante da moda como a Zara, que deu origem do movimento conhecido como "fast fashion" (moda rápida em referência à comida fast food), que produz uma roupa rapidamente e a baixo preço.
Daniel Kroh, assim como outros estilistas de Berlim, é especializado na valorização de resíduos têxteis para fabricação de produtos de qualidade superior. Ele recupera uniformes e calças de carpinteiros que seriam queimadas para fazer roupas novas sob medida vendidas para uma clientela de 'dandys'.
Sua abordagem de moda faz parte da luta contra o desperdício e o consumo desenfreado.
Esses estilistas não inventaram a roda. "Minha mãe e avó (...) faziam saias novas com pedaços de vestidos ou remendavam casacos" para economizar, diz a italiana Carla Cixi, estilistas instalada há cinco anos dem Berlim.
"Mas e hoje? Nos livramos de uma roupa em que falta um botão ou que está com o zíper emperrado", diz Cecilia Palmer. Essa estilista trintona está sempre levando roupas que não usa mais e as troca com outras pessoas. Os participantes dessa "festa" podem também fazer novas roupas graças ás máquinas de costura que Cecilia leva.
A ideia subjacente de seu projeto? "Consumir de forma diferente", explica a estilista, denunciando as toneladas de roupas jogadas no lixo a cada ano.
Esses estilistas se revoltam contra as roupas "descartáveis". "É um escândalo o que fazem algumas marcas vendendo roupas que não serão usadas mais do que duas ou três vezes", já que em pouco tempo já estarão fora de moda, diz Carla Cixi, que leva horas trabalhando em criações de crochê.
Comprar na H&M "é como ir a um fast-food e se entupir de hambúrgueres. Nós nos sentimos mal depois", compara Daniel Kroh, para quem "essas roupas não tem alma".
De Atenas até o norte da Noruega, a juventude europeia usa o mesmo jeans slim (estreito), produzido em Bangladesh ou Camboja aos milhões de exemplares e vendido a preços imbatíveis. É uma moda que agrada a todos, mas que "termina sendo a mesma coisa" para todos, diz Carla Cixi.
Cada jaqueta ou terno que Daniel Kroh fabrica tem explicações sobre sua origem.
Eugenie Schmidt e Mariko Takahashi, que criaram sua própria marca de roupas recicladas, também decidiram "contar a história" dos vestidos e calças confeccionados em seu ateliê no coração da antiga Berlim Oriental.
"Quanto mais uma roupa é usada, mais ela tem uma parte da história da pessoa que usou", explica Eugenie Schmidt, mostrando um vestido rosa tranparente com mangas permanentemente manchadas. "Esses são os traços da pintura", já que ele pertencia a uma pintora.
Mas as roupas recicladas, que necessitam de um longo trabalho, ainda são inacessíveis para a maior parte das pessoas. Uma jaqueta pode facilmente passar dos 400 euros.
Os estilistas reconhecem que este ainda é um nicho. Eles denunciam, ao mesmo tempo, os preços praticados pelas cadeias de prêt-à-porter, com camisas vendidas muitas vezes a 5 euros.
A última a embarcar no mundo da roupa descartável foi a irlandesa Primark, que atrai -sem publicidade- milhares de pessoas pelo preço baixo a cada loja aberta na Europa. É exatamente o que acontece em Berlim, onde as mulheres saem com os braços cheios. Os preços baixíssimos alimentam a polêmica sobre as condições de fabricação.
A maior ironia da história: no ateliê de Eugenie Schmidt e Mariko Takahashi, grande parte das roupas recicladas é feita justamente a partir de paças de lojas como a H&M e a Zara.
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