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Vargas Llosa: 'Venezuela se parece cada vez mais com ditadura'

01/12/2013 18h06

GUADALAJARA, México, 01 dez 2013 (AFP) - O escritor peruano Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura de 2010, afirmou este domingo, no México, que a América Latina "está saindo pouco a pouco do buraco", mesmo que as democracias continuem sendo imperfeitas e que países como a Venezuela se pareçam "cada vez mais com uma ditadura".

"Na maior parte da América Latina, há razões não só para sermos otimistas, mas também para nos comprometermos", disse Vargas Llosa em coletiva de imprensa realizada durante a Feira do Livro de Guadalajara (FIL), a maior de língua espanhola e que acontece até o próximo domingo.

Conhecido por sua postura crítica com os governos ditos bolivarianos - encabeçados por Caracas - o autor garantiu que "as ditaduras, as semi-ditaduras ou as semi-democracias" latino-americanas são minoria, e representam um "anacronismo em relação ao restante do continente".

"A Venezuela (...) se aproxima cada vez mais de uma ditadura", advertiu o escritor, ao afirmar que o presidente Nicolás Maduro, apadrinhado por Hugo Chávez (1999-2013) antes de morrer, está trazendo um "retrocesso a esta sociedade".

Vargas Llosa também considerou como "democracias muito imperfeitas" as que existem na Nicarágua ou na Bolívia, com as "imperfeições" observadas em outros países do continente.

"Ainda que não vejamos com muita clareza, a América Latina está saindo pouco a pouco do buraco em que ficou ao longo de praticamente toda sua história republicana".

O escritor de obras como "Tia Júlia e a escrivinhadora" e "Travessuras da menina má", Vargas Llosa citou como exemplos positivos Brasil, Chile, Uruguai e Peru.

Sobre o Peru, disse que pela primeira vez em sua vida tem a "impressão de ser um país estável que avança" e que tem instituições democráticas que "começam a funcionar".

Vargas Llosa concorreu à presidência do Peru em 1990, perdendo o pleito para Alberto Fujimori.

Ele também mencionou a Colômbia e o processo de negociação de paz entre o governo e a guerrilha das FARC e disse que a "insensatez da filosofia maoísta" já não tem cabimento nesse país porque "o ar que a América Latina respira não é mais propício a estas iniciativas".

"Não convém ser pessimista, temos que incentivar a América Latina", pediu o autor de "Cidade dos cães", recordando que o "calcanhar de Aquiles" da região ainda é desprezar a política e fazer com que "as melhores pessoas" não queiram participar dela.