Abdelhakim Dekhar, o esquerdista radical que atacou os jornais franceses
PARIS, 21 Nov 2013 (AFP) - Abdelhakim Dekhar, suspeito de ter disparado com uma escopeta em vários lugares de Paris, é um personagem misterioso, que frequentou a ultraesquerda francesa dos anos 1990 e esteve envolvido em um tiroteio que matou cinco pessoas.
Dekhar, de 48 anos, detido na quarta-feira, é suspeito de ter disparado na entrada de uma rede de televisão em Paris na semana passada e outra vez na segunda-feira contra um fotógrafo na sede do jornal "Libération".
O fotógrafo, gravemente ferido, segue no hospital.
Em 1994 havia sido acusado de participar ativamente no chamado "caso Rey-Maupin", um tiroteio pelas ruas de Paris protagonizado por dois jovens de esquerda radical que terminou com a morte de cinco pessoas, três delas policiais.
No entanto, Dekhar foi condenado a apenas quatro anos de prisão, por associação criminosa. Como a pena correspondia ao tempo que havia passado em prisão preventiva, foi liberado imediatamente depois do julgamento, em outubro de 1998, quando tinha 33 anos.
A justiça demonstrou que foi Dekhar quem comprou em Paris, sem esconder sua identidade, a escopeta que depois serviu para Florence Rey e Audry Maupin atacarem um depósito de veículos nos arredores de Paris no dia 4 de outubro de 1994, no início de uma noite de violência.
O caso provocou grande comoção na França, não apenas pela morte de três policiais, mas pela pouca idade do casal Rey-Maupin, dois estudantes de boa família que não estavam fichados pela polícia.
No início dos anos 1990, quando utilizava o cabelo curto e óculos estilo Malcom X, Abdelhakim Dekhar (ou "Toumi", seu apelido), era um personagem conhecido dos círculos de okupas (termo libertário derivado da palavra ocupação) e nos apartamentos onde se reuniam centenas de jovens da esquerda radical, vigiados de perto pela polícia.
Durante o julgamento, no qual Florence Rey foi condenada a 20 anos de prisão (foi liberada em 2009 após 15 anos de "prisão exemplar"), Dekhar tentou, sem êxito, convencer o júri de que, na realidade, era um espião dos serviços de inteligência da Argélia que havia se infiltrado nos círculos extremistas para identificar possíveis islamitas.
Várias testemunhas durante o julgamento o descreveram como um mentor do casal Maupin-Rey e o acusaram de ter se aproveitado de sua juventude para manipulá-los e radicalizá-los.
"É um homem enigmático, estranho", declarou na quarta-feira à AFP a que foi sua advogada, Emmanuelle Hauser-Phélizon. "Nunca soube muito bem quem era. Dizia que era agente dos serviços franceses ou argelinos. Era muito discreto, não se abria", lembra.
Segundo Raphael Constant, que também foi seu advogado na época, Dekhar dizia seguir ordens de seu tio, responsável pelos serviços secretos argelinos. "Dizia ter recebido a ordem de se infiltrar na ultraesquerda, que, segundo ele, tinha contatos com os islamitas", lembra.
Após o julgamento, Abdelhakim Dekhar desapareceu e seus dois advogados não voltaram a saber nada dele. Segundo os primeiros resultados da investigação, teria ido viver no exterior, talvez na Argélia.
O ministro do Interior francês, Manuel Valls, confirmou esta hipótese e disse que Dekhar esteve "provavelmente no exterior" durante vários anos e, por isso, não estava fichado pela polícia.
mm-ng/pau/ger/tj/pc/ma
Dekhar, de 48 anos, detido na quarta-feira, é suspeito de ter disparado na entrada de uma rede de televisão em Paris na semana passada e outra vez na segunda-feira contra um fotógrafo na sede do jornal "Libération".
O fotógrafo, gravemente ferido, segue no hospital.
Em 1994 havia sido acusado de participar ativamente no chamado "caso Rey-Maupin", um tiroteio pelas ruas de Paris protagonizado por dois jovens de esquerda radical que terminou com a morte de cinco pessoas, três delas policiais.
No entanto, Dekhar foi condenado a apenas quatro anos de prisão, por associação criminosa. Como a pena correspondia ao tempo que havia passado em prisão preventiva, foi liberado imediatamente depois do julgamento, em outubro de 1998, quando tinha 33 anos.
A justiça demonstrou que foi Dekhar quem comprou em Paris, sem esconder sua identidade, a escopeta que depois serviu para Florence Rey e Audry Maupin atacarem um depósito de veículos nos arredores de Paris no dia 4 de outubro de 1994, no início de uma noite de violência.
O caso provocou grande comoção na França, não apenas pela morte de três policiais, mas pela pouca idade do casal Rey-Maupin, dois estudantes de boa família que não estavam fichados pela polícia.
No início dos anos 1990, quando utilizava o cabelo curto e óculos estilo Malcom X, Abdelhakim Dekhar (ou "Toumi", seu apelido), era um personagem conhecido dos círculos de okupas (termo libertário derivado da palavra ocupação) e nos apartamentos onde se reuniam centenas de jovens da esquerda radical, vigiados de perto pela polícia.
Durante o julgamento, no qual Florence Rey foi condenada a 20 anos de prisão (foi liberada em 2009 após 15 anos de "prisão exemplar"), Dekhar tentou, sem êxito, convencer o júri de que, na realidade, era um espião dos serviços de inteligência da Argélia que havia se infiltrado nos círculos extremistas para identificar possíveis islamitas.
Várias testemunhas durante o julgamento o descreveram como um mentor do casal Maupin-Rey e o acusaram de ter se aproveitado de sua juventude para manipulá-los e radicalizá-los.
"É um homem enigmático, estranho", declarou na quarta-feira à AFP a que foi sua advogada, Emmanuelle Hauser-Phélizon. "Nunca soube muito bem quem era. Dizia que era agente dos serviços franceses ou argelinos. Era muito discreto, não se abria", lembra.
Segundo Raphael Constant, que também foi seu advogado na época, Dekhar dizia seguir ordens de seu tio, responsável pelos serviços secretos argelinos. "Dizia ter recebido a ordem de se infiltrar na ultraesquerda, que, segundo ele, tinha contatos com os islamitas", lembra.
Após o julgamento, Abdelhakim Dekhar desapareceu e seus dois advogados não voltaram a saber nada dele. Segundo os primeiros resultados da investigação, teria ido viver no exterior, talvez na Argélia.
O ministro do Interior francês, Manuel Valls, confirmou esta hipótese e disse que Dekhar esteve "provavelmente no exterior" durante vários anos e, por isso, não estava fichado pela polícia.
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