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'Guerra' dos EUA contra vazamentos ameaça liberdade de imprensa, denunciam jornalistas

10/10/2013 18h05

WASHINGTON, 10 Out 2013 (AFP) - A guerra do governo Barack Obama contra os vazamentos para a imprensa de informações confidenciais está se transformando em uma ameaça à liberdade de expressão e à democracia, afirmou o Comitê para a Proteção do Jornalista (CPJ).

Em um relatório baseado em consultas a dezenas de jornalistas, o CPJ denuncia que as ações do presidente americano vão de encontro a sua promessa de um governo transparente e aberto.

"Jornalistas e defensores da transparência afirmam que a Casa Branca limita de forma rotineira a divulgação de informações e usa de seus próprios meios para se evadir da investigar a imprensa", afirma o documento redigido pelo ex-editor-chefe do jornal The Washington Post, Leonard Downie.

"A campanha judicial agressiva contra vazadores de informação e de programas de espionagem eletrônica dissuade as fontes do governo de falar com os jornalistas", afirma ainda.

Downie, hoje professor de jornalismo da Universidade do estado do Arizona, disse que Obama não cumpriu sua promessa de presidir o governo mais transparente da história dos Estados Unidos.

"A guerra contra os vazamentos (do governo Obama) e outros esforços para controlar a informação são as medidas mais agressivas já vistas desde o governo (Richard) Nixon (1969-1974), quando fui um dos editores envolvidos na investigação do Washington Post sobre Watergate", acrescenta Downie.

Os jornalistas consultados afirmaram não lembrar de nenhum precedente nesse sentido, enfatizou.

Publicar um relatório sobre os Estados Unidos é pouco comum para o CPJ, que este ano divulgou documentos sobre Mianmar, China e Egito, mas que já não falava do país americano há 19 anos.

Segundo o texto, o atual governo americano iniciou mais que o dobro de julgamentos criminais por supostos vazamentos de informação confidencial do que todos os outros governos juntos.

O informe também destaca um programa que exige dos funcionários federas vigiar o comportamento de seus colegas, assim como o suo de ferramentas judiciais para supervisionar as comunicações eletrônicas dos jornalistas.

O governo tem usado a Lei de Espionagem em sua tentativa de evitar novos vazamentos. Essa lei foi utilizada para processar Stephen Jin-Woo Kim, um funcionário terceirizado do Departamento de Estado que vazou informações sobre as usinas nucleares da Coreia do Norte a um jornalista da Fox News, ou Chelsea Manning, antes conhecido como Bradley Manning, um soldado condenado a 35 anos de prisão por entregar documentos ao site WikiLeaks.

O CPJ indicou ter enviado suas recomendações a Obama.