Opositor venezuelano busca audiência na web, enquanto Globovisión se abre ao chavismo
CARACAS, 16 Ago 2013 (AFP) - Estreando como apresentador de televisão pela Internet, o líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, espera atingir seus seguidores diante da perda de seu principal palco midiático: o canal Globovisión.
Depois de sua venda, a emissora Globovisión surpreendeu sua audiência entrevistando líderes chavistas.
Em um pequeno estúdio no leste de Caracas, Capriles transmite toda terça, ao meio-dia, seu programa "Venezuela somos todos" pelo site capriles.tv. "Criamos essa janelinha, através da qual poderão nos ver (porque) o objetivo que o governo tem é nos tornar invisíveis", disse ele à AFP em seu set.
"Hoje não existe uma tela de televisão, como tinha antes, que podia informar, com liberdade, o que tínhamos para dizer", explicou Capriles, que até hoje não reconheceu sua derrota na eleição presidencial de abril para Nicolás Maduro por apenas 1,49% de diferença.
Confiante de que outros meios divulgarão suas declarações, o governador do estado de Miranda lançou esse espaço depois que a Globovisión, que enfrentou o governo de Hugo Chávez e dava ampla cobertura para a oposição, foi vendida em maio e seus novos donos anunciaram uma virada para o "centro" em sua linha editorial.
-- Chavistas recuperam Globovisión --
A Globovisión deixou de transmitir Capriles ao vivo, reduziu a cobertura da oposição e entrevistou chavistas renomados depois de mais de uma década sem ter figuras do governo em seus programas. As autoridades se negavam a aparecer na emissora, alegando que o canal apoiou o breve golpe de estado de abril de 2002 contra Chávez.
Essa ausência era "natural, porque nos sentíamos agredidos", mas agora tem "muito mais objetividade", afirmou o chefe parlamentar Diosdado Cabello, número dois do chavismo e um dos dirigentes mais rejeitados pela oposição, em recente entrevista à Globovisión.
Para enfrentar a "guerra da imprensa burguesa", Chávez, que governou de 1999 até sua morte em março passado, criou uma ampla rede de veículos estatais, com várias emissoras de TV que divulgaram amplamente os feitos de sua gestão. O mesmo caminho é seguido por Maduro.
Após as mudanças na Globovisión e a venda, um mês depois, do principal consórcio de mídia do país - a Cadeia Capriles, sem ligações com o governador de Miranda -, Capriles aponta a intenção do governo de "ter todos os meios a seu serviço".
Para Maduro, porém, a Globovisión e outros veículos privados continuam "conspirando" contra a revolução. "Somos censurados. Eu estou vetado para a grande imprensa burguesa", disse na quinta-feira, ao justificar os frequentes pronunciamentos em rede nacional de rádio e televisão.
A socióloga Maryclen Stelling acredita que, hoje, a Globovisión tem uma "programação mais equilibrada", em parte pelas reuniões entre Maduro e os donos da emissora no início de seu governo. Ambos os lados reconheceram que a "confrontação midiática" afeta a convivência no país.
Para Luis Carlos Díaz, especialista em redes sociais do Centro Gumilla, o canal procura "ganhar credibilidade em uma audiência mais diversa", embora reconheça "um rompimento com um público opositor radical". A entrevista de Cabello, acrescentou o pesquisador, mostra que o que era "a principal trincheira" da oposição "definitivamente mudou".
-- Depois de Obama, o mais popular --
Na tentativa de recuperar a exposição midiática, Capriles responde a perguntas de um reduzido grupo de jornalistas convidados para o "Venezuela somos todos" e, ao mesmo tempo, critica a gestão de Maduro, atacando a crise econômica e a insegurança no país.
Para Julio Hernández, um sorveteiro que trabalha no leste de Caracas, não existe nada como a televisão: "O que ele (Capriles) busca é popularidade e nas comunidades (populares) ele não consegue isso pela Internet".
Um militante de Capriles, que se identifica como Pedro, defende, porém, que o programa pelo menos "dá espaço para as ideias da oposição, muito limitadas pelo governo".
A isso, Maryclen Stelling, do Observatório Global de Meios, acrescenta o fato de manter a "conexão" com os eleitores que votaram nele em abril, sobretudo, de olho nas eleições municipais de dezembro. Capriles espera transformar o próximo pleito em um plebiscito contra Maduro.
"Os meios públicos são usados para campanha do partido do governo, excluindo outros. Isso é o grave. Não mudaram sua linha editorial", criticou Díaz.
Na Venezuela, com uma população de 29 milhões, ávida por informação política e fanática por smartphones, com 12 milhões de pessoas tendo acesso à Internet, 70% usam redes sociais. Capriles sabe disso e tenta "multiplicar" sua popularidade no Twitter, onde tem 3,5 milhões de seguidores. "Mais do que qualquer presidente da América Latina. Depois de Barack Obama, o que tem mais seguidores sou eu", comemora.
Enquanto lê a tira de papel escrita a mão, que sua produtora lhe mostra como um teleprompter improvisado, Capriles não desiste: "Siga-nos no Twitter".
Depois de sua venda, a emissora Globovisión surpreendeu sua audiência entrevistando líderes chavistas.
Em um pequeno estúdio no leste de Caracas, Capriles transmite toda terça, ao meio-dia, seu programa "Venezuela somos todos" pelo site capriles.tv. "Criamos essa janelinha, através da qual poderão nos ver (porque) o objetivo que o governo tem é nos tornar invisíveis", disse ele à AFP em seu set.
"Hoje não existe uma tela de televisão, como tinha antes, que podia informar, com liberdade, o que tínhamos para dizer", explicou Capriles, que até hoje não reconheceu sua derrota na eleição presidencial de abril para Nicolás Maduro por apenas 1,49% de diferença.
Confiante de que outros meios divulgarão suas declarações, o governador do estado de Miranda lançou esse espaço depois que a Globovisión, que enfrentou o governo de Hugo Chávez e dava ampla cobertura para a oposição, foi vendida em maio e seus novos donos anunciaram uma virada para o "centro" em sua linha editorial.
-- Chavistas recuperam Globovisión --
A Globovisión deixou de transmitir Capriles ao vivo, reduziu a cobertura da oposição e entrevistou chavistas renomados depois de mais de uma década sem ter figuras do governo em seus programas. As autoridades se negavam a aparecer na emissora, alegando que o canal apoiou o breve golpe de estado de abril de 2002 contra Chávez.
Essa ausência era "natural, porque nos sentíamos agredidos", mas agora tem "muito mais objetividade", afirmou o chefe parlamentar Diosdado Cabello, número dois do chavismo e um dos dirigentes mais rejeitados pela oposição, em recente entrevista à Globovisión.
Para enfrentar a "guerra da imprensa burguesa", Chávez, que governou de 1999 até sua morte em março passado, criou uma ampla rede de veículos estatais, com várias emissoras de TV que divulgaram amplamente os feitos de sua gestão. O mesmo caminho é seguido por Maduro.
Após as mudanças na Globovisión e a venda, um mês depois, do principal consórcio de mídia do país - a Cadeia Capriles, sem ligações com o governador de Miranda -, Capriles aponta a intenção do governo de "ter todos os meios a seu serviço".
Para Maduro, porém, a Globovisión e outros veículos privados continuam "conspirando" contra a revolução. "Somos censurados. Eu estou vetado para a grande imprensa burguesa", disse na quinta-feira, ao justificar os frequentes pronunciamentos em rede nacional de rádio e televisão.
A socióloga Maryclen Stelling acredita que, hoje, a Globovisión tem uma "programação mais equilibrada", em parte pelas reuniões entre Maduro e os donos da emissora no início de seu governo. Ambos os lados reconheceram que a "confrontação midiática" afeta a convivência no país.
Para Luis Carlos Díaz, especialista em redes sociais do Centro Gumilla, o canal procura "ganhar credibilidade em uma audiência mais diversa", embora reconheça "um rompimento com um público opositor radical". A entrevista de Cabello, acrescentou o pesquisador, mostra que o que era "a principal trincheira" da oposição "definitivamente mudou".
-- Depois de Obama, o mais popular --
Na tentativa de recuperar a exposição midiática, Capriles responde a perguntas de um reduzido grupo de jornalistas convidados para o "Venezuela somos todos" e, ao mesmo tempo, critica a gestão de Maduro, atacando a crise econômica e a insegurança no país.
Para Julio Hernández, um sorveteiro que trabalha no leste de Caracas, não existe nada como a televisão: "O que ele (Capriles) busca é popularidade e nas comunidades (populares) ele não consegue isso pela Internet".
Um militante de Capriles, que se identifica como Pedro, defende, porém, que o programa pelo menos "dá espaço para as ideias da oposição, muito limitadas pelo governo".
A isso, Maryclen Stelling, do Observatório Global de Meios, acrescenta o fato de manter a "conexão" com os eleitores que votaram nele em abril, sobretudo, de olho nas eleições municipais de dezembro. Capriles espera transformar o próximo pleito em um plebiscito contra Maduro.
"Os meios públicos são usados para campanha do partido do governo, excluindo outros. Isso é o grave. Não mudaram sua linha editorial", criticou Díaz.
Na Venezuela, com uma população de 29 milhões, ávida por informação política e fanática por smartphones, com 12 milhões de pessoas tendo acesso à Internet, 70% usam redes sociais. Capriles sabe disso e tenta "multiplicar" sua popularidade no Twitter, onde tem 3,5 milhões de seguidores. "Mais do que qualquer presidente da América Latina. Depois de Barack Obama, o que tem mais seguidores sou eu", comemora.
Enquanto lê a tira de papel escrita a mão, que sua produtora lhe mostra como um teleprompter improvisado, Capriles não desiste: "Siga-nos no Twitter".
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