Bailarino acusado de atacar diretor do Bolshoi está em prisão preventiva
O bailarino Pavel Dimitrichenko foi colocado em prisão preventiva nesta quinta-feira (7), depois de confessar que planejou o ataque com ácido, em janeiro, contra o diretor artístico do teatro Bolshoi, Serguei Filin.
A juíza Marina Orlova atendeu o pedido dos investigadores, que solicitaram ao tribunal a prisão do solista, detido na terça-feira (5). Na quarta-feira (6), ele confessou sua culpa.
A defesa pediu a libertação sob a fiança de 500 mil rublos (cerca de 12.500 euros).
Quando os investigadores o interrogaram sobre os motivos que o levaram a organizar o ataque com ácido, Dimitrichenko disse: "Vocês têm certeza de que eu fiz isto?".
"Dizer que eu pedi (ao agressor) que jogasse ácido em Filin é falso", prosseguiu.
"Eu falei com Yuri Zarutski sobre a política no Bolshoi, sobre a corrupção. Quando ele me disse 'vou quebrar a cara dele', eu aceitei. É a única coisa que confesso".
"Quando soube o que havia acontecido, que ácido foi usado, fiquei chocado", completou.
Pavel Dimitrichenko compareceu ao tribunal ao lado de dois supostos cúmplices: Yuri Zarutski, que seria o autor material da agressão, e o motorista que o levou ao local do crime.
O agressor que jogou ácido sulfúrico no rosto de Filin recebeu 50 mil rublos (US$ 1.630), segundo a polícia.
O suposto agressor, Yuri Zarutski, de 35 anos, que segundo a imprensa tem antecedentes criminais, também confessou o crime na quarta-feira. Além de Zarutski, o motorista que o levou ao local do crime também admitiu culpa.
No caso de um indiciamento por atentado grave contra a saúde de Filin, que sofreu queimaduras de terceiro grau, eles podem ser condenados a até 12 anos de prisão.
A polícia considera que o caso está elucidado. "Todos os suspeitos que participaram na agressão foram detidos", afirmou uma fonte policial.
"As suposições de Serguei sobre os organizadores do ataque coincidiram com os resultados da investigação", declarou a advogada de Fillin, Tatiana Stukalova. "Mas não gostaríamos que a investigação parasse aqui", acrescentou.
Para a esposa do diretor artístico do Bolshoi, que atualmente recebe tratamento médico na Alemanha, ele "está convencido de que o círculo de pessoas envolvidas no crime é muito mais amplo".
"Esperamos que as forças de segurança desmascarem todos os envolvidos", declarou Maria Prorvitch a um jornal.
Um canal de televisão russo exibiu um vídeo da confissão de Pavel Dmitritchenko filmado pela polícia. "Eu organizei o ataque, mas não queria chegar tão longe", afirma no vídeo.
Agredido com ácido em 17 de janeiro perto do edifício na qual mora, Filin vinculou imediatamente o ataque a sua atividade profissional. Em uma entrevista ele afirmou que estava "absolutamente seguro" da identidade do agressor, mas não revelou outros detalhes.
Ao ser questionada se Filin suspeitava de Dmitritchenko, a esposa afirmou que "esta era sua ideia".
Mas de acordo com Maria Prorvitch, o diretor não acredita na versão divulgada pela imprensa de que o motivo do crime foi a companheira de Pavel Dmitritchenko, a bailarina Angelina Vorontsova, preterida por Filin para o papel principal em uma encenação de "O Lago dos Cisnes".
"Serguei acredita que os motivos do crime são outros. A jovem é um pretexto, mas com certeza não é a razão principal", declarou.
Vários jornais voltaram a acusar nesta quinta-feira Nikolai Tsiskaridze, o principal bailarino do Bolshoi e professor de Angelina Vorontsova.
Tsiskaridze, em conflito com a direção do Bolshoi, foi quase abertamente acusado pelo diretor do teatro, Anatoli Iksanov, de ter instigado o crime contra o diretor artístico. "Tsiskaridze tem certamente algo a ver com a história", afirmou uma fonte do teatro citada pelo jornal Moskovski Komsolets.
O jornal Izvestia destaca que Angelina Vorontsova não conseguiu o papel de Odette/Odile em "O Lago dos Cisnes", e que Fillin teria afirmado: "Olhe no espelho para ver com o que parece".
Em reação a esta frase, Nikolai Tsiskaridze teria afirmado, também de acordo com o Izvestia: "Que ele mesmo não perca o desejo de olhar-se no espelho".
Ao ser procurado pela agência Interfax, Tsiskaridze afirmou que não tinha nada a declarar.
Serguei Filin, que sofreu queimaduras de terceiro grau, foi submetido a um enxerto de pele e a várias cirurgias nos olhos, pois a córnea foi afetada. Ele dá prosseguimento ao tratamento médico na Alemanha.
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