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Nobel de Literatura 2012 responde dissidentes e defende concepção de Mao sobre arte

Escritor chinês Mo Yan vence o Nobel de Literatura 2012 (19/7/2010) - AFP
Escritor chinês Mo Yan vence o Nobel de Literatura 2012 (19/7/2010) Imagem: AFP

12/10/2012 08h08

O Prêmio Nobel de Literatura chinês Mo Yan respondeu nesta sexta-feira (12) as críticas de dissidentes que não aceitam sua proximidade das autoridades do país comunista, ao mesmo tempo que declarou que certas concepções em termos de arte do fundador do regime, Mao Tse-Tung, lhe parecem razoáveis".

"Acredito que muitos de meus críticos não leram meus livros. Se tivessem lido, perceberiam que foram escritos sob muita pressão e que me expuseram a grandes riscos", disse Mo Yan à imprensa.

"Penso que alguns comentários de Mao Tse-Tung sobre a arte são razoáveis, como por exemplo seus pontos de vista sobre as relações entre a arte e a vida", completou.

Ao mesmo tempo, o escritor afirmou que deseja a libertação do dissidente e Prêmio Nobel da Paz de 2010, Liu Xiaobo.

"Espero que possa obter a liberdade o mais rápido possível", declarou Mo Yan em sua cidade natal, Gaomi (leste da China).

Liu cumpre desde 2009 uma condenação de 11 anos de prisão por "subversão", depois de ter sido um dos redatores de um texto que pedia reformas democráticas na China.

Também nesta sexta-feira, o chefe de propaganda do Partido Comunista da China, Li Changchun, felicitou Mo Yan pelo Nobel de Literatura.

"O Prêmio Nobel concedido a Mo Yan encarna a riqueza da literatura chinesa, assim como o aumento constante da força e da influência internacional da China em geral", declarou Li Changchun, membro do Comitê Permanente do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista.

Na mensagem de felicitação, Li convidou os escritores "a situar o povo no centro de suas preocupações, baseados na realidade, na vida e nas massas".

Em uma entrevista publicada antes do anúncio do prêmio pelo Comitê Nobel em Estocolmo, Mo Yan destacou a necessidade do escritor de abordar temas políticos e sociais, além de exercer o espírito crítico.

"Um escritor faz parte da sociedade e por isto a vida que descreve engloba a política e uma ampla gama de problemas sociais", declarou Mo aos site do jornal Dazhong Ribao, de sua província natal de Shandong.