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Jornalista condenado no Equador pede asilo nos EUA

08/02/2012 19h09

MIAMI, EUA, 8 Fev 2012 (AFP) -O jornalista equatoriano Emilio Palacio, ex-editor de opinião do jornal El Universo, condenado a três anos de prisão em um processo por injúria impetrado pelo presidente do Equador, Rafael Correa, pediu asilo político aos Estados Unidos nesta quarta-feira em Miami, disseram fontes judiciais.

Palacio apresentou-se a uma audiência em um escritório do Serviço de Imigração americano e formalizou seu pedido de asilo, cuja pertinência deve ser agora considerada pelas autoridades locais.

O pedido de asilo funda-se no fato de o jornalista ser um perseguido político, e no fato de o julgamento contra ele ter sido motivado politicamente, pelo que Palacio não teria em seu país as garantias suficientes de defesa judicial, segundo seus advogados.

"Este é um caso emblemático de perseguição política. Apresentamos evidências suficientes e temos confiança de que o processo terá um resultado positivo", disse à AFP a advogada de Palacio em Miami, Sandra Grossman.

A advogada disse que as autoridades americanas deverão manifestar-se "dentro dos próximos 180 dias, apesar de nestes casos de alto perfil político às vezes levarem mais tempo", comentou.

Palacio, que incluiu em seu pedido de asilo sua mulher e seus dois filhos, de 7 e 19 anos, vive em Miami desde que deixou o Equador com sua família em agosto de 2011 depois de ter perdido todas as apelações apresentadas contra sua condenação judicial.

"O senhor Palacio não cumpre os requisitos expostos na lei (de asilo), pois ele não é perseguido de nenhum tipo no Equador", disse o cônsul do Equador em Miami, Eduardo Rivadeneira. "Ele está livre para voltar com sua família a seu país hoje, amanhã ou quando desejar", declarou.

A acusação de injúria apresentada pelo presidente Rafael Correa contra três diretores do jornal El Universo e seu editor de opinião, será considerada em 10 de fevereiro pela mais alta corte de apelações equatoriana, que emitirá uma decisão definitiva.

O diretor do El Universo, Carlos Perez, os subdiretores César e Nicolás Pérez, assim como Palacio, ex-editor de opinião, foram condenados em segunda instância a três anos de prisão e ao pagamento de 40 milhões de dólares cada um, devido a uma coluna deste último na qual Correa teria sido difamado, segundo a acusação.

O processo contra o El Universo foi questionado por organizações como Rights Watch (HRW), a Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (Wan-Ifra), Repórteres Sem Fronteiras e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).