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Brasil venera Iemanjá, a deusa do mar no culto africano

02/02/2012 20h02

RIO DE JANEIRO, 2 Fev 2012 (AFP) -Ao soar os tambores com seus ritmos africanos, milhares de pessoas em todo Brasil veneraram nesta quinta-feira Iemanjá, a rainha do mar no culto do candomblé, que chegou ao país com os escravos, mas cujos ritos se mantêm até a atualidade.

A festa religiosa, comemorada dia 2 de fevereiro, é popular em todo o país, sobretudo no estado da Bahia (nordeste).

Vestidos de branco e com cordões coloridos, os devotos se reúnem na praia Vermelha de Salvador, como nos últimos 89 anos, para abordar pequenas embarcações de pescadores que os levam mar adentro para lançar flores brancas ao mar como oferenda.

"Tudo o que peço, ela atende, então me sinto na obrigação de homenageá-la, não só no seu dia, mas sempre que posso. Estou aqui quase todos os sábados para trazer uma rosa à minha deusa, que é uma mulher maravilhosa", comentou o estudante universitário Jamile Jambeiro à Rede Globo.

"Depois de anos tentando, resolvi pedir à rainha para ficar grávida e ela atendeu meu pedido", contou Regina Nunes, uma escritora que participa da festa há 25 anos.

Este ano, os pescadores de Salvador entregaram como oferenda uma estátua de uma sereia dentro de uma concha acompanhada de 40 contas simulando pérolas, segundo a imprensa local.

A celebração em Salvador, que atrai, a cada ano, milhares de turistas, começou na enseada do Rio Vermelho em 1923, quando 25 pescadores adeptos do candomblé pediram à 'rainha' que pusesse fim à escassez de peixes.

No Rio de Janeiro, onde a tradição também é forte, centenas de pessoas caminharam em procissão pelas ruas do centro da cidade carregando enormes cestas cheias de flores brancas, que colocaram pouco depois de uma barca na Baía de Guanabara, segundo fotógrafo da AFP.

Também entre tambores e canções de forte influência africana, os seguidores da 'orixá' dividiram frutas e se lavaram com perfume para a "purificação", segundo dita o rito.

O candomblé chegou ao Brasil no século XVI traduzido por escravos da África ocidental.

Na noite de 31 de dezembro milhões de brasileiros também cultuam Iemanjá, antes da chegada do Ano Novo.