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Restauração da obra "Sant'Ana", de Leonardo da Vinci deve terminar até 29 de março

paris

23/01/2012 17h08

A polêmica restauração da "Sant'Ana" de Leonardo da Vinci pelo Louvre entrou na última fase, a dos retoques, que deverá ser concluída até o dia 29 de março, data anunciada para o início da exposição ao público desta obra-prima do Renascimento.

A fase precedente, a de redução dos vernizes, foi particularmente tensa nos últimos meses, com a saída de dois especialistas da Comissão Científica Consultiva, criada pelo Museu para receber aconselhamentos sobre o trabalho sensível de restauração.

Ségolène Bergeon Langle, curadora geral do patrimônio, demitiu-se no dia 20 de dezembro. Jean-Pierre Cuzin, que dirigiu o Departamento de Pinturas do Louvre, partiu no outono.

A restauradora de origem italiana Cinzia Pasquali, que trabalhou nas pinturas da Galeria dos Espelhos de Versalhes, iniciou há algumas semanas o restabelecimento dos retoques.

"É um período um pouco diferente. Tudo é reversível, ao contrário da fase de redução dos vernizes que causa muitas tensões", declarou Vincent Pomarède, diretor do Departamento de Pinturas do Louvre, ouvido pela AFP. "Será certamente um período mais sereno", afirmou.

"No entanto, é muito importante porque isso condiciona o aspecto do quadro, seu equilíbrio", acrescentou Pomarède. Iniciada em Florença em 1503, esta pintura sobre madeira que representa a Virgem, sua mãe Ana, e o menino Jesus, é uma obra inacabada da maturidade de Leonardo de Vinci (1452-1519).

Decidida em 2009, a restauração começou em 2010. Cinzia Pasquali é assistida pelo Centro de Pesquisa e de Restauração dos museus da França (C2RMF).

Convicção Íntima A comissão científica, que se reuniu no dia 3 de janeiro, teve "uma opinião positiva sobre a redução dos vernizes e da retirada pontual de alguns retoques", informou Pomarède.

"Dois ou três especialistas quiseram ir mais longe" sobre algumas partes, principalmente em relação a troncos de árvore secundários (acrescentados no século XIX), revelou. Pomarède decidiu, no entanto, mantê-los.

Em troca, deu sinal verde para suavizar um branqueamento no corpo do menino. Foi levantada a questão sobre se tratava de um mofo, um verniz microfissurado, ou uma cor original do pintor.

Persuadido de que se tratava de um verniz alterado, Cinzia Pasquali queria retirá-lo. Ségolène Bergeon Langle não queria uma decisão precipitada.

"Recebi os resultados do laboratório que são taxativos. Tive a convicção íntima que se tratava de um mofo", explicou Pomarède. "A olho nu, o resultado final o confirma", assegurou.

"Sobre esta questão estivemos em desacordo" com Ségolène Bergeon Langle, admitiu ele. Ouvida pela AFP, Bergeon Langle declarou ter deixado o comitê consultivo "por vários motivos". "Considerei que a conduta de restauração não estava de acordo com a que achava necessária para este quadro do Louvre", disse.

"Tenho dúvidas" sobre o prosseguimento do trabalho, acrescentou Bergeon Langle. "De maneira geral, prefiro que se limpe pouco uma obra mais antiga, porque não se encontra hoje as cores originais", declarou a especialista.