Meryl Streep encarna a 'Dama de Ferro' Margaret Thatcher
LONDRES, Reino Unido, 16 dez 2011 (AFP) -O penteado é inconfundível, o brilho dos lábios e a voz de professora também: a atriz americana Meryl Streep encarna uma Margaret Thatcher quase tão autêntica como a original em "Dama de Ferro".
O filme estreia em um momento em que a ex-premiê britânica, que aos 86 anos padece de demência senil, já não é mais que uma sombra do que foi, mas a poderosa Thatcher ressurge com toda sua força nas telas.
A obra é construída a partir de flashbacks sucessivos que esboçam o retrato do que foi a primeira mulher a ser chefe de governo de um país ocidental, e provavelmente a mais questionada de todos os premiês britânicos.
A diretora, Phyllida Lloyd ("Mamma Mia!"), afirma que sua intenção não era fazer um filme político, mas algo "quase Shakespeariano", a história de uma líder formidável, mas cheia de defeitos.
Meryl Streep, 62 anos, admite que sabia muito pouco das políticas de Thatcher antes de aceitar o papel, mas explica que o filme trata mais "do custo de suas decisões políticas sobre o ser humano".
Assim, "A Dama de Ferro" - apelido dado pelos soviéticos - é uma história de ambição, poder ganho e perdido, mas também de amor, centrada na relação de Thatcher com seu marido, Denis, morto em 2003.
O filme transcorre quando Thatcher esvazia os armários com a roupa de seu marido. Ela conversa com ele, interpretado por Jim Broadbent, como se estivesse ainda vivo, enquanto tenta superar sua perda.
Enquanto fala, lembra momentos de sua vida passada: sua eleição na Câmara dos Comuns em 1959, as férias com seus filhos gêmeos, sua decisão de liderar o Partido Conservador e sua eleição como primeira-ministra em 1979.
O filme recria sua luta contra os "fracos" de seu partido, contra a oposição trabalhista e seu discurso triunfal diante do Parlamento após a rendição das tropas argentinas na Guerra das Malvinas em 1982.
Imagens de arquivo mostram as gigantescas manifestações contra suas reformas, as grandes greves de mineiros, e o atentado do Exército Repúblicano Irlandês (IRA) contra o hotel onde se alojava durante a conferência de seu partido em 1984 na localidade costeira de Brighton, que matou cinco pessoas.
Apesar de o filme anunciar-se como imparcial, a Thatcher apresentada desperta mais compaixão, apesar de também apresentar sua intransigência, que quase beira o autismo, antes de sua demissão forçada em 1990.
O filme, que estreia enquanto um novo governo conservador submete os britânicos a um plano de ajuste semelhante ao de Thatcher nos anos 1980, suscita também controvérsia.
A decisão de dar o papel a uma americana esteve rodeada por polêmicas, apesar de atuação de Meryl Streep ter sido elogiada e poderá render um terceiro Oscar à atriz.
Charles Moore, que está escrevendo a biografia autorizada de Thatcher, afirmou que a interpretação de Streep é "assombrosamente brilhante", porque captura a presença da ex-primeira-ministra, seu isolamento, sua ambição e também o preço que teve que pagar.
Ele considera que o filme é uma oportunidade de superar o argumento do pró e do contra que dominou as três últimas décadas. "Serve bem ao futuro de Margaret Thatcher - muito melhor, provavelmente, do que ela buscava", declarou ao Daily Telegraph.
No entanto, Norman Tebbit, membro dos governos Thatcher entre 1979 e 1987, criticou o personagem "meio histérico" e "super sentimental" interpretado por Streep, afirmando que não reflete a mulher que ele conheceu.
E Tim Bell, assessor em suas três campanhas eleitorais vitoriosas, disse que nem se quer se dará ao trabalho de ver o filme. "Vivi a história real. Que interesse existiria em ler um livro se você estava lá?".
O filme, que estreia primeiro na Austrália e Nova Zelândia em 26 de dezembro, chegará em 5 de janerio à Espanha, em 26 de janeiro a Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai e no dia seguinte ao Brasil, e na primeira quinzena de fevereiro ao México, segundo o calendário disponível até a presente data.
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