Topo

"The Lady", de Luc Besson, retrata a história da dissidente Aung San Suu Kyi

25/11/2011 12h02

PARIS, 25 Nov 2011 (AFP) -O novo filme do cineasta francês Luc Besson, "The Lady", que faz uma homenagem ao ícone da oposição birmanesa e prêmio Nobel da Paz 1991, Aung San Suu Kyi, estreia nesta sexta-feira na França e promete emocionar com a história da líder dissidente que sacrificou sua felicidade pessoal por suas convicções e ideais.

Em prisão domiciliar até novembro de 2010, "a prisioneira de Yangun" teve um destino singular que foi resumido por Luc Besson em mais de duas horas. O cineasta construiu um diagrama dos mistérios da política birmanesa para focar na história da família de Suu Kyi, formada pelo marido Michael Aris, britânico, e seus dois filhos, Alexander e Kim.

Aung San Suu Kyi não pôde se despedir de Michael, que morreu por causa de um câncer de próstata na Inglaterra sem conseguir obter um visto para voltar para casa, enquanto, por outro lado, a junta militar pressionava Suu Kyi para deixasse o país e fosse à Europa encontrar com o marido.

Certa que seria impedida de voltar para casa, Aung San Suu Kyi se negou a viajar. Michael, especialista em Tibet da Universidade de Oxford, morreu distante dela, em 1999.

"É o preço que pagamos: milhares de pessoas doam suas vidas para seu país sem questionar só porque acreditam que é justo", afirmou Luc Besson.

"O amor que unia o casal deu a eles uma força imensa", assegurou, por sua vez, a atriz malaia Michelle Yeoh, que vive a dissidente.

Filha do general Aung San, líder separatista assassinado quando ela tinha dois anos e que continua a ser reverenciado pela população, "Daw Suu" se viu de repente guardiã desta figura ilustre, quando retornou da Grã-Bretanha para a antiga Birmânia em 1988, com a mãe doente.

Testemunha das manifestações pró-democracia e da violenta repressão que se seguiu, nunca mais saiu do país.

É neste contexto que "The Lady" transcorre, com sua luta não-violenta para liderar a Liga Nacional pela Democracia (LND) nas eleições de 1990, que infringiu um duro golpe contra os militares.

Como em todas as biografias de sucesso, o rosto da atriz Michelle Yeoh acabou por coincidir com o da Suu Kyi. "Por quatro anos eu vivi com ela dia e noite e ainda estou 'habitada' por ela", contou a atriz, que trabalhou duro para este papel, perdeu peso e aprendeu birmanês.

Michelle Yeoh se encontrou com Aung San Suu Kyi por dois dias na casa da dissidente, Yangun, já quase no final das filmagens.

"Ela se aproximou para me abraçar e me pegou pela mão. Ela parece frágil, mas possui uma grande força", explicou.

Passando-se por turista, Luc Besson conseguiu rodar partes do filme em Mianmar graças a uma pequena câmera: "eu filmei 17 horas, às vezes com um militar a três metros de distância".

Contudo, a maior parte foi filmada na Tailândia, perto da fronteira com Mianmar, com muitos figurantes birmaneses - que insistiram em não aparecer nos créditos.

"Alguns caíram em lágrimas, emocionados porque ouviram Suu Kyi no pagode (templo asiático) de Shwedagon", disse Besson ao apresentar o filme em setembro, em Toronto.

Aung San Suu Kyi agradeceu ao cineasta pelo filme, mas não quer assisti-lo por ora. Mas afirmou que os filmes anteriores de Besson que ela assistiu foram emocionantes.

Aos 52 anos, o cineasta volta ao mundo dos adultos com "The Lady" após a série dos três "Arthur" e uma passagem por "Adèle Blanc-Sec" - filme enviado para Suu Kyi e que a fez rir.

Ele admite que chorou muito ao ler o roteiro e não hesitou tomar as rédeas da produção de "The Lady".

"Quando você vê esta mulher, que não luta por poder ou dinheiro, apenas para que seu povo possa comer e ser livre, é impressionante ", afirmou à AFP recentemente, em Los Angeles.