Tunísia: os Amazighs querem fazer ouvir sua voz na Constituinte
Túnis, 14 Nov 2011 (AFP) -Pela primeira vez na Tunísia, os Amazighs (Berberes), reunidos em associação, desejam agir abertamente e se fazer ouvir na Assembleia Constituinte, eleita no dia 23 de outubro, como parte da revolução que tirou do poder o ex-presidente Ben Ali.
"Fomos durante muito tempo marginalizados e excluídos, agora é chegado o momento de valorizar nosso patrimônio, como componente da sociedade", informou em entrevista à AFP Jalloul Ghaki, secretário-geral da Associação tunisiana da Cultura Amazigh (ATCA).
Essa associação legal apresentará suas "reivindicações para o reconhecimento da cultura amazigh" na Assembleia Constituinte - que deve se reunir pela primeira vez no dia 22 de novembro - ante o governo em formação.
Ghaki mantém afastado todo o projeto separatista da Tunísia.
Segundo ele, embora 50% dos tunisianos arabizados sejam de origem berbere, menos de um por cento da população fala ainda o dialeto (chelha) em algumas regiões do sul e nas cidades da Ilha de Djerba.
"Não temos nenhum projeto separatista, ao contrário das acusações feitas contra nós há tempos", destaca Ghaki, um ex-prisioneiro político de esquerda.
"Mesmo se conseguirmos formar um partido, seremos contra todas as ideias separatistas; para nós, a Tunísia é indivisível - de Borj el Khadra (ponto do extremo sul) a Bizerte (extremo norte)", afirma ele.
"Não negamos a arabização do país - os árabes vieram depois dos romanos - mas somos os habitantes autênticos desta terra e temos o direito de lutar contra a marginalização", prosseguiu o homem originário de Tamezret.
A ATCA foi legalizada em 30 de julho de 2011, ou seja, 34 anos após a criação, em 1984, de um núcleo clandestino para a proteção do patrimônio Amazigh em Tamezret, aldeia de mil habitantes, no sudeste da Tunísia.
A localidade, que possui apenas 620 casas, recebeu em agosto 10.000 pessoas da Tunísia e de outros países para um festival de celebração da cultura berbere.
A associação pensa em realizar um recenseamento de Amazighs em 2012, ao mesmo tempo em que sua página no Facebook mostra centenas de admiradores "que falam ou não a língua", revela ele.
Ghaki afirma que os berberes do Marrocos, da Tunísia e da Líbia (Nalout, Yfren, Zenten, Zouara) descendem da mesma linhagem e têm um léxico em comum (45% do vocabulário), ao contrário dos berberes de Kabylie, na Argélia.
"Nosso objetivo é salvar o patrimônio, o alfabeto 'tifinaghe' e lutar contra a negação", entusiasma-se este homem, especialista em plantas medicinais.
Sua associação está implantada em Nabeul (nordeste), Gafsa (oeste), Tataouine (extremo sul), Gabes (sul), Béja e Mjaz el Bab (noroeste) e Bizerte (norte).
Ela estreou no Congresso mundial Amazigh (CMA) que realizou uma assembleia geral em outubro, em Djerba, ilha turística do sul tunisiano.
"O CMA é nosso grande sindicato com sede na França - um país que sempre apoiou os movimentos Amazighs", destacou Ghaki.
"Tudo o que peço é o reconhecimento de nossos direitos culturais", lançou a presidente do ACTA, Khadija Ben Saidane, insurgindo-se contra a "negação e a ignorância" recentemente demonstrados, segundo ela, por uma eleita do Ennahda, o partido islamita que dispõe de 89 das 217 cadeiras da assembleia que redigirá uma nova constituição para a Tunísia pós-Ben Ali.
Ben Saidane fazia referência a Souad Abderrahim que disse ignorar a existência de Amazighs na Tunísia, numa recente entrevista a uma rádio estrangeira.
Bsh/jeb/sd
"Fomos durante muito tempo marginalizados e excluídos, agora é chegado o momento de valorizar nosso patrimônio, como componente da sociedade", informou em entrevista à AFP Jalloul Ghaki, secretário-geral da Associação tunisiana da Cultura Amazigh (ATCA).
Essa associação legal apresentará suas "reivindicações para o reconhecimento da cultura amazigh" na Assembleia Constituinte - que deve se reunir pela primeira vez no dia 22 de novembro - ante o governo em formação.
Ghaki mantém afastado todo o projeto separatista da Tunísia.
Segundo ele, embora 50% dos tunisianos arabizados sejam de origem berbere, menos de um por cento da população fala ainda o dialeto (chelha) em algumas regiões do sul e nas cidades da Ilha de Djerba.
"Não temos nenhum projeto separatista, ao contrário das acusações feitas contra nós há tempos", destaca Ghaki, um ex-prisioneiro político de esquerda.
"Mesmo se conseguirmos formar um partido, seremos contra todas as ideias separatistas; para nós, a Tunísia é indivisível - de Borj el Khadra (ponto do extremo sul) a Bizerte (extremo norte)", afirma ele.
"Não negamos a arabização do país - os árabes vieram depois dos romanos - mas somos os habitantes autênticos desta terra e temos o direito de lutar contra a marginalização", prosseguiu o homem originário de Tamezret.
A ATCA foi legalizada em 30 de julho de 2011, ou seja, 34 anos após a criação, em 1984, de um núcleo clandestino para a proteção do patrimônio Amazigh em Tamezret, aldeia de mil habitantes, no sudeste da Tunísia.
A localidade, que possui apenas 620 casas, recebeu em agosto 10.000 pessoas da Tunísia e de outros países para um festival de celebração da cultura berbere.
A associação pensa em realizar um recenseamento de Amazighs em 2012, ao mesmo tempo em que sua página no Facebook mostra centenas de admiradores "que falam ou não a língua", revela ele.
Ghaki afirma que os berberes do Marrocos, da Tunísia e da Líbia (Nalout, Yfren, Zenten, Zouara) descendem da mesma linhagem e têm um léxico em comum (45% do vocabulário), ao contrário dos berberes de Kabylie, na Argélia.
"Nosso objetivo é salvar o patrimônio, o alfabeto 'tifinaghe' e lutar contra a negação", entusiasma-se este homem, especialista em plantas medicinais.
Sua associação está implantada em Nabeul (nordeste), Gafsa (oeste), Tataouine (extremo sul), Gabes (sul), Béja e Mjaz el Bab (noroeste) e Bizerte (norte).
Ela estreou no Congresso mundial Amazigh (CMA) que realizou uma assembleia geral em outubro, em Djerba, ilha turística do sul tunisiano.
"O CMA é nosso grande sindicato com sede na França - um país que sempre apoiou os movimentos Amazighs", destacou Ghaki.
"Tudo o que peço é o reconhecimento de nossos direitos culturais", lançou a presidente do ACTA, Khadija Ben Saidane, insurgindo-se contra a "negação e a ignorância" recentemente demonstrados, segundo ela, por uma eleita do Ennahda, o partido islamita que dispõe de 89 das 217 cadeiras da assembleia que redigirá uma nova constituição para a Tunísia pós-Ben Ali.
Ben Saidane fazia referência a Souad Abderrahim que disse ignorar a existência de Amazighs na Tunísia, numa recente entrevista a uma rádio estrangeira.
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