Estudo revela impacto dos reality shows nas 'bad girls' americanas
WASHINGTON, EUA, 17 Out 2011 (AFP) -As adolescentes que veem reality shows na televisão regularmente esperam, e aceitam, situações intimidadoras e mais dramáticas em suas vidas, dão mais valor à aparência física e se veem como líderes e modelos a serem seguidos, segundo um estudo realizado nos Estados Unidos.
Um total de 1.141 meninas de 11 a 17 anos participou na pesquisa nacional realizada em abril pela organização Girl Scouts dos Estados Unidos, que mostra o impacto que o reality show pode ter sobre as adolescentes.
"Não tínhamos nem ideia do que íamos encontrar", disse à AFP Kimberlee Salmond, pesquisadora do Instituto de Pesquisa de Girl Scout, em uma entrevista por telefone de Nova York.
"Ficamos um pouco surpresos ao encontrar esta grande diferença entre as jovens que assistem regularmente a reality shows e as que não assistem", comentou. "E, em geral, a maioria das meninas acredita que o 'reality show' é de verdade e não segue um roteiro".
O gênero do reality show é tão antigo quanto o próprio meio de comunicação, mas aumentou em todo o mundo na última década graças ao crescimento dos canais a cabo e de satélite.
Também é mais barato produzir reality shows do que programas de ficção; além disso, os reality shows são bem vendidos em outros países, como ocorreu com o "Big Brother" da Holanda e o britânico "Strictly Come Dancing" (Dança dos Famosos), ambos exportados a todos os continentes.
Nos Estados Unidos, ver televisão continua sendo "a atividade número um" de meninas e adolescentes, que destinam cerca de 12 horas por semana à atividade, disse Salmond.
"Supera facilmente o tempo dedicado aos trabalhos escolares, aos amigos, aos sites de redes sociais ou às atividades extracurriculares", acrescentou.
De todas as adolescentes pesquisadas, que, segundo Salmond, integram uma amostra representativa da sociedade americana, cerca da metade eram telespectadoras regulares de reality shows e sua visão de vida diferia das que preferiam ver outros programas.
Por exemplo, 78% das meninas que viam reality shows eram mais propensas a aceitar que contar fofocas é normal nas relações com seus pares, contra 54% entre as demais jovens pesquisadas.
Cerca de 68% das que assistiam a reality shows consideraram que ser maliciosa e competitiva está na natureza das meninas, em comparação com 50% das que não viam estes programas.
As fãs de reality shows também se inclinavam mais em acreditar que as meninas devem competir pela atenção de um menino e que os encontros e os namorados as tornam mais felizes. Além disso, tendiam a dedicar muito tempo à aparêcia e a valorizar outra menina por seu aspecto.
Também tinham mais chances de acreditar que uma pessoa tem que mentir para conseguir o que quer (37% contra 24%), que a mesquinharia faz com que a respeitem mais (37% contra 25%), e que uma pessoa tem que ser má com os demais para conseguir o que quer (28% contra 18%).
Por sua vez, a maioria das adolescentes que viam reality shows se consideravam maduras, inteligentes, divertidas e extrovertidas, sugeriu o estudo. Também eram mais propensas a buscar a liderança e a se ver como modelos a seguir.
Além disso, 65% delas afirmaram que os programas de reality shows lhes permitiram conhecer novas ideias e ter outras perspectivas. Em porcentagens ligeiramente menores, outras jovens disseram que estes programas deram a possibilidade de ter mais consciência sobre problemas sociais e de aprender coisas novas.
Salmond, cuja equipe já estudou o impacto da moda e das redes sociais nas meninas, disse que a pesquisa revelou uma preferência entre as adolescentes americanas pela concorrência e pelos programas de mudança de imagem, como "American Idol" e "Perder para ganhar" ("The Biggest Loser", um concurso para perder peso), respectivamente.
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