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Comencini e Abel Ferrara apresentam filmes em Veneza

07/09/2011 14h51

VENEZA, Itália, 7 Set 2011 (AFP) -O cinema italiano, com a diretora Cristiana Comencini, entrou na disputa no Festival de Veneza nesta quarta-feira, mesmo dia da exibição do filme mais recente do consagrado cineasta americano Abel Ferrara sobre o fim do mundo.

"Quando la notte", de Comencini, mostra as dificuldades para aceitar a maternidade, um tema muito presente na mostra este ano.

Mas o longa-metragem foi vaiado na exibição para a imprensa e não convenceu os exigentes críticos, que se irritaram com o roteiro, baseado em um livro da cineasta, no qual ela narra sentimentos, contradições e medos ante a criação de um filho.

"Decidi fazer este filme porque ninguém fala muito da ambivalência provocada por iniciar uma relação com o filho que acaba de nascer", disse Comencini.

O filme, protagonizado por Claudia Pandolfi e Filippo Timi, não consegue agradar o espectador com seu tom melodramático. O que deveria ser um drama psicológico, íntimo e sentimental vira uma caricatura da dor e chega a provocar risadas.

Muito mais convincente e elogiado é o novo filme de Abel Ferrara, "4:44 Last Day on Earth", sobre as grandes razões para aproveitar a vida.

O diretor americano, de 60 anos, símbolo do cinema independente, narra as últimas horas de vida do planeta através da relação de seu ator fetiche, Willem Dafoe, com Shanyn Leigh e a partir de um apartamento em Nova York.

O filme de orçamento reduzido e sem efeitos especiais propõe uma maneira de viver com serenidade o fim do mundo, quando chegar as 4h44.

"Quando se deve morrer e o mundo está para acabar é preciso aceitar. Duas coisas na vida são certas: os impostos e a morte", brincou Ferrara, que disputa o Leão de Ouro.

Outro filme exibido nesta quarta-feira foi "Himizu", do japonês Sion Sono, ambientado justamente depois do terremoto e tsunami de março passado no Japão.

A adaptação de um célebre mangá sobre um garoto abandonado pela família que sonha em ter uma vida normal é um retrato da violência, ausência de valores e princípios na sociedade moderna.

Com imagens do terremoto devastador, tsunami e acidente nuclear, o filme foi considerado niilista pelo jornal Il Corriere della Sera.