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Justiça francesa beneficia neto do artista Victor Vasarely

06/09/2011 16h12

MARSELHA, França, 6 Set 2011 (AFP) -A justiça francesa confirmou, nesta terça-feira, o neto do pintor e escultor Victor Vasarely, criador da Op Art, como único titular do Direito Moral ao conjunto da obra do artista, pondo um ponto final, assim, a uma questão que divide a família há mais de 20 anos.

Junto com o Patrimonial, o Moral faz parte dos direitos Autorais, sendo considerado inalienável e irrenunciável.

Um tribunal de Aix-en-Provence, no sul da França, já havia reconhecido esta prerrogativa a Pierre Vasarely, em novembro de 2009, ordenando à madrasta do pintor, Michèle Taburno-Vasarely, repassar a ele os arquivos do artista.

Nesta terça-feira, o julgamento da apelação "confirmou a decisão anterior", com a madrasta sendo condenada a pagar 30.000 euros a título de custas processuais.

O novo episódio "coloca um fim às múltiplas ações judiciais da Sra Michèle Taburno, viúva em segundas núpcias de Jean-Pierre Vasarely, meu pai, que, sem nenhum direito, administrou durante inúmeros anos a obra de Victor Vasarely, despojando, também, a Fundação de mesmo nome", felicitou-se Pierre Vasarely num comunicado.

A Fundação Vasarely foi criada pelo pintor em 1971, em Aix-en-Provence, à qual decidiu doar parte significativa de suas obras.

Segundo o neto, os "trabalhos maiores" do artista, morto em 1997, em Paris, são "guardados ilegalmente" desde 2004 em Chicago onde reside a Sra Taburno.

Os dois filhos falecidos de Vasarely, André e Jean-Pierre, entraram uma vez com uma queixa sobre a gestão da Fundação Vasarely.

A família obteve, em 1995, o direito de recuperar o essencial das obras da Fundação, Mas a maior parte desapareceu, entre elas 1.300 trabalhos originais e mais de 18.000 serigrafias. Apenas 42 obras monumentais subsistem no prédio.

Victor Vasarely, nascido Vásárhelyi Gyozo, foi um pintor e escultor húngaro radicado na França, considerado o "pai da Op Art" (abreviatura de Optical Art), autor de trabalhos essencialmente geométricos, policromáticos, multidimensionais, totalmente abstratos e intimamente ligados às ciências.

Estudou arte em Budapeste, onde se familiarizou com o movimento Bauhaus e com os trabalhos de Paul Klee, Kandinsky e Josef Albers. Em sua obra, tentou resumir os princípios dos pioneiros da Bauhaus, com destaque para o movimento, que não dependeria da obra de arte em si mesma, nem do tema específico que se pretende ver retratado; mas da apreensão do ato de olhar.

Criou, assim, uma nova relação entre artista e espectador, desenvolvendo os elementos de um estilo e técnica que permanecerá para sempre ligado ao seu nome.

Em 1930 trabalhou, em Paris, como designer gráfico, optando, depois de um período de expressão figurativa, por uma arte construtivista e geométrica abstrata. O fascínio por padrões lineares levou-o a criar diversos motivos, através da utilização de grelhas lineares bicolores (pretas e brancas) com deformações ondulantes.

A introdução da cor em seus trabalhos permitiu ainda um maior dinamismo.