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Artista Alexa Meade transforma modelos em quadros vivos

26/08/2011 16h22

WASHINGTON, EUA, 26 Ago 2011 (AFP) - A artista plástica americana Alexa Meade não escolhe pessoas como modelo, ela pinta no próprio corpo dos que se apresentam, fazendo com que pareçam recém-saídos de um quadro, e logo os fotografa, seja num cenário natural ou num fundo também criado.

Os amigos, a família e os clientes, nos quais ela recria a pele e as roupas, são transformados em quadros vivos que, às vezes, numa eventualidade, são obrigados a pegar o metrô.

Entre os trabalhos desta autodidata de 24 anos, expostos na Galeria Contemporânea Irvine de Washington DC, há um homem sob um guarda-sol, na praia, parcialmente oculto pela sombra, deixando na ambiguidade se a sombra é real ou criada pela artista.


Os reflexos da pele são da própria carne ou de acrílico? Essa existência de dois estados de equilíbrio, a ambiguidade entre o verdadeiro e o falso é a essência do trabalho desta jovem artista que mistura pintura, fotografia e performance.

Meade tem dezenas de criações como essas, nas quais usou amigos ou pessoas interessadas nesse tipo de retrato. "Minha paixão é a arte", disse numa entrevista.

A jovem usa para o trabalho, no qual pode levar de 10 a 30 horas pintando na pele e na roupa das pessoas, um preparo acrílico não tóxico e outros ingredientes.

"Não é só a pintura, preciso ter em mãos entre 11 e 13 ingredientes diferentes", disse. A mistura não pode secar tão rápido quanto numa tela comum, sendo mais flexível, além de não rachar.

"Mesmo quando o produto final é uma fotografia, envolve também o compartamento do modelo e a aplicação da pintura e todos os outros componentes", disse. "Estou criando, enfim, minha própria interpretação da realidade diretamente sobre a própria realidade", explicou.

Suas obras incluem um autorretrato com a pintura da metade de seu corpo e roupa. O resultado final é uma fotografia, que pode ser vendida a 2.000 dólares.

Às vezes, durante o processo, o modelo precisa dirigir-se a algum lugar; em alguns casos, pega o metrô, em Washington, provocando olhares de espanto.

As pessoas "não entendem e muitas desviam o olhar, para evitar a simples visão" desse modelo, comentou Meade, nascida em Washington, e que nunca fez nenhum curso de pintura. Estudou ciências políticas em Nova York e até trabalhou para Barack Obama durante a campanha eleitoral de 2008, sem jamais parar de pintar.

"Observei que mesmo se a política é o máximo, a pintura era a minha paixão e não gostaria de fazer outra coisa", afirmou. Martin Irvine, o dono da galeria, acha que Meade conseguiu algo original.

Em sua opinião, "é muito difícil, no mundo da arte, desenvolver um conceito novo". Meade, enfim, "encontrou uma maneira de trabalhar em 3 Dimensões", concluiu.