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México comemora o centenário de Cantinflas, o Chaplin da América Latina

Mario Moreno, o "Cantinflas" - Carl Nesensohn/AP
Mario Moreno, o "Cantinflas" Imagem: Carl Nesensohn/AP

10/08/2011 17h47

Cidade do México, México, 10 Ago 2011 (AFP) -O México celebra, nesta sexta-feira, o centenário de um seu filho ilustre, o artista Mario Moreno, o 'Cantinflas', herdeiro de uma tradição que misturou comédia de erros, o falar complicado e o reconhecimento da cultura popular.

Mario Moreno "Cantinflas" foi por décadas a figura mais popular do cinema latino-americano, comparado com frequência a Charles Chaplin.

Em 1964, os dois artistas se conheceram e foi Chaplin quem surpreendeu expressando - segundo a imprensa mexicana da época - sua admiração por Moreno, a quem chamou de "o homem mais engraçado do mundo".

Nascido no dia 12 de agosto de 1911 numa família humilde e numerosa, Moreno não conseguiu concluir os estudos e sua educação foi forjada nas ruas do bairro de Tepito, na capital mexicana, onde desempenhou os mais diversos ofícios, de engraxate a vendedor e pugilista amador, até descobrir o mundo do espetáculo.

Foi em tendas montadas em comunidade populares que foi sendo gestado o "Cantinflas", nome que, segundo o escritor mexicano Carlos Monsivais é uma corruptela da expressão "Cuánto inflas", relacionada ao estilo de falar muito sem dizer nada, característico do personagem.

Nesses locais, Moreno também cantava tangos imitando Carlos Gardel, dançava o charleston e fazia paródias políticas. Aí conheceu Valentina Ivanova, o grande amor de sua vida, com quem se casou em 1934 e adotou um filho em 1961.

Para marcar as comemorações, foi lançado o livro "Mario Moreno 'Cantinflas': o ator, o toureiro, o empresário, o homem", apresentado no palácio de Belas Artes pela fundação que recebeu o nome do cômico, contemplado com o Globo de Ouro de melhor ator em 1957, por seu papel em "A Volta ao Mundo em 80 dias".

"Ao contrário de seu personagem, Mario era um profissional muito sério", disse à imprensa o ator Javier Cordero, que participou com ele do filme "A volar joven", de 1947.

Outras homenagens marcam o centenário de Moreno, entre elas, a divulgação de uma seleção de seus mais de 50 filmes, pelo canal estatal de televisão e pela Cinemateca Nacional, asssim como uma conferência sobre sua influência no desenvolvimento da comédia e do cinema latino-americano.

Cantinflas, nome artístico de Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes faleceu em abril de 1993, vítima de um câncer de pulmão.

A vida mudou quando aos 20 anos teve a chance de substituir o apresentador do espetáculo. Ao inverter frases, trocar palavras e abusar do improviso, Cantinflas, conquistou o público.

Em Hollywood ele fez apenas dois filmes: A Volta ao Mundo em 80 Dias, um sucesso de bilheteria e Pepe, um fracasso de público.

A crítica destaca que os melhores filmes do comediante foram feitos nos anos 40 e 50. Entre os seus trabalhos mais elogiados deste período estão, Os Três Mosqueteiros (1942), O Circo (1943), El Supersabio, O Mágico (1948), O Bombeiro Atômico (1950) e Se Eu Fosse Deputado. Todos escritos para ele pelo seu Jaime Salvador.

Sua popularidade foi tamanha que a Real Academia Espanhola da Língua adotou, inclusive, o uso do verbo 'cantinflear'.