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Scotland Yard sob pressão por escândalo das escutas

18/07/2011 17h44

LONDRES, Reino Unido, 18 Jul 2011 (AFP) -A sede da polícia de Londres, Scotland Yard, se encontra nesta segunda-feira em uma posição bastante controversa: encarregada da investigação sobre o escândalo de escutas do jornal News of the World (NotW) e obrigada a justificar-se das acusações de permissividade e corrupção neste mesmo caso, que já culminaram na renúncia de dois de seus funcionários de alto escalão, entre eles seu diretor, Sir Paul Stephenson.

Nesta segunda-feira, mais uma cabeça caiu, a de John Yates, comissário assistente da polícia.

A saída de ambos é mais uma consequência das revelações sobre a cumplicidade entre a polícia e o News Corp, grupo de Rupert Murdoch, em especial devido à contratação pela Scotland Yard de um ex-redator chefe do NotW, Neil Wallis, empregado como assessor pela polícia.

Neil Wallis foi durante 11 meses assessor da Scotland Yard, desde 2009, no mesmo período em que John Yates considerou inútil reabrir o caso das escutas telefônicas, encerrado em 2007 após uma forte investigação e duas condenações.

John Yates disse na época que nenhum novo elemento justificaria a reabertura do caso, mas ao mesmo tempo o The Guardian publicou uma lista de personalidades cujos telefones foram grampeados ilegalmente.

Segundo Yates, a polícia não tinha conhecimento de todos os elementos e sofria com a falta de cooperação da NotW.

Novos elementos mostram à cada dia os laços entre News of the World e a polícia.

Paul Stephenson se reuniu 18 vezes com os dirigentes do News International entre 2006 e 2010, sendo que em 8 dessas vezes Neil Wallis estava no NotW.

Outro alto responsável, Andy Hayman, chefe do departamento antiterrorismo na época da primeira investigação, em 2006, estreou uma coluna no Times, de propriedade de Murdoch no Reino Unido, pouco depois de sua partida da Scotland Yard em 2007.

Além de suas relações com o grupo Murdoch, a Scotland Yard é acusada de ter atuado de permissividade na investigação das escutas.

Ao menos 11.000 páginas de anotações manuscritas confiscadas pela polícia em 2006 estiveram durante quatro anos arquivadas em sacolas plásticas, nas quais figuravam os nomes 4.000 pessoas.

Apenas depois da nomeação de uma nova equipe e da abertura de uma profunda investigação, em janeiro, a polícia começou a apurar detalhadamente estes documentos e logo 170 pessoas foram advertidas de que seus telefones haviam sido grampeados, entre elas membros da família real e políticos.

Contudo, foi o jornal The Guardian e não a polícia, que verdadeiramente evidenciou o escândalo no dia 4 de julho ao revelar que o NotW havia grampeado em 2002 o telefone de uma adolescente desaparecida, Milly Dowler, que logo foi encontrada morta.

Glenn Mulcaire chegou até mesmo a apagar mensagens do telefone celular da adolescente para que abrir espaço na caixa de mensagens, o que deu falsas esperanças à família e afetaram o trabalho da polícia.