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Governo britânico congela compra da BSkyB por Murdoch

11/07/2011 16h56

LONDRES, 11 Jul 2011 (AFP) -O governo britânico, submetido a uma pressão crescente pelo escândalo do News of the World, encaminhou nesta segunda-feira às autoridades competentes a oferta do grupo de Rupert Murdoch para adquirir a totalidade da plataforma televisiva BSkyB, o que atrasará em vários meses o desenlace da operação.

O ministro da Cultura, Jeremy Hunt, encarregado do tema, fez este anúncio no Parlamento pouco depois de a companhia do magnata australiano, a News Corp., afirmar que retirava as concessões que fez ao governo em sua Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA) para adquirir os 61% restantes de BSkyB, da qual já possui 39%, e aceitava submeter-se à comissão de competição.

Para responder aos temores de seus concorrentes, a News Corp. havia proposto, principalmente, separar o canal de informação contínua Sky News do restante da BSkyB e convertê-la em uma companhia independente.

Depois da retirada das concessões, a News Corp. informou em um comunicado que "se levarmos em conta apenas os critérios legais pertinentes, seu projeto de aquisição conduzirá a uma pluralidade insuficiente no fornecimento de notícias no Reino Unido".

Graças a essa medida, que até agora tinha descartado apesar dos chamados dos diversos críticos da operação, o governo bloqueou temporariamente a compra da BSkyB por parte de Murdoch, no centro do escândalo das escutas telefônicas ilegais que forçou o fechamento do jornal sensacionalista News of the World.

O próprio Hunt, que tinha que anunciar sua decisão definitiva nos próximos dias, tinha deixado vislumbrar esta manhã uma possível mudança de rumo ao afirmar que escreveu a dois reguladores para pedir conselho sobre se tinha que deixar o assunto nas mãos das autoridades competentes.

O líder da oposição, o trabalhista Ed Miliband, ameaçou apresentar uma moção nesta quarta-feira no Parlamento para obrigar o governo, incluindo os liberais-democratas, sócios minoritários da coalizão com os conservadores do primeiro-ministro David Cameron, estavam aparentemente dispostos a apoiar.

Para tentar salvar a operação, Murdoch anunciou na semana passada o fechamento de seu jornal de grande tiragem News of the World, cuja última edição foi publicada no domingo, mas o sacrifício não evitou a crise provocada pelas revelações de que até 4.000 pessoas foram vítimas de grampos ilegais pela publicação.