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Londrinos correm às bancas para comprar o último número do News of the World

10/07/2011 11h36

LONDRES, 10 Jul 2011 (AFP) -Os londrinos correram à bancas neste domingo para conseguir o último número do News of the World, tradicional tabloide sensacionalista forçado a ser fechado em função do escândalo das escutas telefônicas que abalaram o Reino Unido, e muitos demonstraram sua tristeza pelo desaparecimento da publicação depois de 168 anos de existência.

"É uma pena ver desaparecer um jornal tão antigo e que, obviamente, sempre foi um sucesso. Mas o que estavam fazendo não é certo e estou de acordo que o tenham fechado", declarou à AFP Kenny, um barbeiro de 24 anos, que exibia seu exemplar recém-comprado numa estação de King's Cross, no centro da capital.

"Eles foram longe demais. Deve haver uma maneira melhor de conseguir notícias do que espionando as pessoas", criticou Shareen Geral, maquiadora de 26 anos, que considerou, apesar de tudo, muito triste perder "essa parte da cultura britânica".

Shareen Geral espera lucrar em breve com este item de colecionador. "Vou guardá-lo e colocá-lo no site de leilões eBay no futuro. Vai valer mais que uma libra (1,6 dólar), seu preço hoje", explicou a leitora habitual do jornal.

A partir do próximo domingo, milhões de britânicos se sentirão órfão sem sua edição do News of the World, a exemplo de Martin, um executivo de vendas de 31 anos, que disse estar bastante aborrecido porque terá de procurar outro jornal com o mesmo nível de qualidade nas matérias esportivas.

Com um simples "obrigado e adeus" e uma discreta desculpa, o polêmico jornal sensacionalista britânico News of the World se despediu neste domingo de seus leitores.

Cinco milhões de exemplares do último número do tabloide mais vendido do país, quase o dobro que o de costume, chegaram às bancas.

A edição para colecionadores foi essencialmente dedicada a destacar os êxitos obtidos pelo, como se autoproclama sem modéstia, "melhor jornal do mundo".

O News of the World repassa em um caderno central de 48 páginas algumas das grandes matérias exclusivas da história do jornal, como a revelação, em 2004, da relação de David Beckham com sua assistente Rebecca Loos, ou o caso do ator Hugh Grant com a prostituta Divine Brown em 1995, entre outras.

Mas, em meio a tanta autopromoção, também houve lugar para um pedido de desculpas.

"Simplesmente perdemos o rumo", explica o editorial na página 3, no qual assinala que, apesar dos "altos padrões" que exigia de seus empregados, "agora estamos dolorosamente conscientes de que, durante um período de vários anos até 2006, algumas das pessoas que trabalharam conosco, ou em nosso nome, vergonhosamente não alcançaram estes padrões".

Os londrinos, no entanto, não deverão ficar muito tempo sem um jornal substituto, já que a imprensa britânica antecipa que o grupo Murdoch anunciará em breve uma edição dominical do Sun, sua outra grande publicação sensacionalista, que até agora só era publicado de segunda a sábado.